Da asneira do abuso contra a direita e contra a esquerda
António JustoA mudança é uma constante da evolução e como tal processo e necessidade, tanto a nível natural e individual como institucional. Quem não tem em conta a lei da mudança é ultrapassado e quem não tem os pés na terra esbarra-se.
A acentuação exagerada da mudança e do
progresso em sistemas e estruturas humanas pode ser tão prejudicial no processo
de desenvolvimento, como a estagnação.
A área de conflito entre progressistas e
conservadores é mais que legítima, dado a vida pressupor os dois polos! Isto
confirma a necessidade da tensão, a consciência de que o equilíbrio não é
natural e que nenhum dos polos, quer progressista quer conservador, é
sustentável por si.
O empenho mais adequado seria investir na
própria mudança; isto pode parecer atitude não suficientemente política, mas é
o pressuposto para a paz criativa, porque surge da consciência que o todo é
feito de partes e cada parte é uma perspectiva inerente ao todo. O complexo
teve origem no simples.
Penso
que o que mais precisaríamos seria de um discurso mais baseado na análise de
factos e menos fixo em emoções, pessoas e partidos. Reconheço, porém, que a
saudade do perfeito e do equilíbrio também pode constituir impedimento muito embora
seja ela um factor movente que provoca a mudança no sentido do desenvolvimento.
De momento, ao lado de manifestantes ordeiros
e passíficos, assiste-se à violência da esquerda autónoma, nas ruas de Hamburgo,
em contestação da G-20. A violência contra a violência é portadora da morte,
porque as energias que poderiam ser empregues de um lado e do outro de maneira
a possibilitar humanidade e desenvolvimento são desperdiçadas no caos da pólis.
A energia positiva e negativa na perspectiva da complementaridade pode produir
a luz que de outro modo não brilharia.
Na minha polís convivem conservadores e
progressistas como amigos e cada grupo está consiente do seu papel em prol do
desenvolvimento humano e social. Por isso afirmam-se no respeito mútuo, não se
combatem. Sentem-se expressão das forças da divindade que tudo move. Os deuses
foram-se impondo e à medida que o povo evoluía, eles acompanhavam a consciência
humana que com eles crescia.
De resto, para se
sair do caminho errado não é preciso voltar para trás, basta mudar de direcção.
Se quisermos
reconciliar as divindades temos de mitigar o próprio poderio!
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,
http://antonio-justo.eu/?p=4381
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