ARTIGO
ESCRITO EM 2014 ONDE DESCREVO A EXPLICAÇÃO E PREPARAÇÃO DO CONFLITO
ARMADO DE HOJE ERRONEAMENTE DESCRITO COMO GUERRA ENTRE A RÚSSIA E A
UCRÂNIA
Ucrânia entre Imperialismo russo e ocidental
A
Ucrânia, tal comos a região das Balcãs, na primeira grande guerra
mundial, dá ocasião ao surgir de uma nova configuração política das
potências determinadoras do futuro no séc. XXI.
A Rússia,
ao ser contrariada pelos interesses da EU/NATO na Ucrânia, demostra
ostensivamente a sua reivindicação ao direito de ser reconhecida como
potência mundial; para tal vira-se para a China e para a América Latina
em oposição à política dos países da NATO. Utiliza uma estratégia
própria na combinação oportuna de “vendas de armas, instalações
militares e grandes projetos econômicos, de infraestrutura e de
energia”. A nova estratégia de parceria com a China pode mudar o eixo
axial da política no séc. XXI. O negócio entre a Rússia e a China da
construção da conduta para fornecimento de gás à China e a construção de
um canal transoceânico da Nicarágua como alternativa ao canal do
Panamá, são passos que indicam determinação no sentido de as duas
potências se unirem num projecto comum.
Ao avanço da presença do
Ocidente ao longo das fronteiras da Rússia e na Ucrânia, a Rússia
contrapõe a sua presença, como potência mundial, na América Latina.
A
presença política arrasta consigo o negócio. Então, países como a
Alemanha aceitarão o desenrolar natural dos acontecimentos e
orientar-se-ão pelo brilho do negócio. Esta ofensiva
económico-estratégica revela-se tão desesperada que pode determinar a
divisão da Ucrânia.
Piora o clima entre as potências
mundiais logo surgem centros ciclónicos devastadores das mais belas
paisagens e dos mais belos biótopos culturais. Por trás das ventanias
que arrasam florestas e destroem a bonomia do clima entre amigos e
familiares, encontram-se interesses políticos, económicos e
estratégicos. Quem aspira a mais, organiza-se em grupos de interesse
porque sabe que no governo ou na oposição sempre se recebe mais do que
no seio do povo.
Os grupos da Ucrânia, agora divididos e guiados
pelas forças de ventos invisíveis, a modo das árvores no vendaval,
batem-se uns contra os outros à mercê dos centros ciclónicos do poder. Os
que se querem orientar pela Europa e os que preferem seguir a Rússia.
Em nome da soberania popular dá-se a redistribuição de poderes e
influências.
A Ucrânia, o maior país da Europa,
tem 44,6 milhões de habitantes sendo 77,8% de etnia ucraniana e 17%, de
russos e romenos está em perigo de ser dividida. O povo ucraniano já foi
vítima do genocídio provocado por Estaline que vitimou milhões de
ucranianos e da ocupação nazi que matou muitos milhões de pessoas, sofre
as consequências de se encontrar como fronteira de dois imperialismos: o
russo e o ocidental.
Quem pensa em termos humanos e de
povo é contra a intromissão estrangeira; quem pensa em termos
estratégicos e de poder compreende a luta das potências: uns a favor dos
russos, outros a favor do ocidente.
Um país sobrano deveria ter a possibilidade à autodeterminação.
Uma
Alemanha interessada em acordos de comércio com o leste, uma EU
interessada num acordo de associação, e uma federação russa amedrontada,
não são indícios de bons resultados para a Ucrânia; a Rússia sente-se
ameaçada economicamente pela EU, militarmente pela Nato e socialmente
pelos valores ocidentais de liberdade e democracia. A UE defende os seus
interesses económicos e estratégicos na Ucrânia argumentado
hipocritamente de pretender a salvaguarda dos direitos humanos e de um
Estado de Direito. Infelizmente não usou da diplomacia para saber
antepor-se aos combates armados entre a população ucraniana nem teve em
conta uma Rússia traumatizada pela queda da União Soviética. A Rússia
tem os mesmos interesses na Crimeia e nas zonas orientais da Ucrânia
como os ingleses no Gibraltar e nas ilhas Malvinas…
Uma
Ucrânia endividada até à garganta com a dívida do gás e quase na
bancarrota. Deve à Rússia 2,6 mil milhões de Euros pelo que Putin
tenciona, a partir de Junho, só fornecer gás à Ucrânia a pronto
pagamento. Até à ocupação da Crimeia vendia o gás à Ucrânia 30% mais
barato, devido à Ucrânia permitir lá a base russa.
A
Ucrânia, depois das eleições de 25 de Maio, irá ter de compreender
amargamente a frase de Bismark: “Estados não têm amigos, apenas têm
interesses”.
As missões de observação eleitoral da OSZE
julgarão sobre o decorrer das eleições. Depois delas surgirá a discussão
sobre quem as reconhece e quem não. As eleições não conseguirão o
problema da Ucrânia que nela resume o conflito entre a Rússia e o
Ocidente e entre população pro-Rússia e pró-EU.
A Rússia é o maior país do mundo, mas nas suas infraestruturas, é de facto, em grande parte, um país de terceiro mundo.
O
futuro irá aproximar ainda mais a Rússia e a China até por razões de
afinidade na defesa da integridade territorial e devido à sua extensão e
aos povos separatistas.
No séc. XIX combatiam-se os
estados, no séc. XX as ideologias e no século XXI combater-se-ão as
culturas. Com a queda da União Soviética (1998) acaba-se o mundo bipolar
para se iniciar a multipolaridade. Das guerras passar-se-á às
guerrilhas; na formação de novas constelações, a guerrilha muçulmana
tem-se mostrado a única arma estratégica eficiente contra a prepotência
da guerra económica. Livre-nos Deus desta perspectiva real para o
futuro.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, 23.05.2014
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https://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/index.htm
https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/russia-e-china-o-eixo-da-politica-do-1206136 e https://poramaisb.blogspot.com/2014/05/
https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2022/03/presidente-selensky-s%C3%B3-sem-otan-com-a-ucr%C3%A2nia-destru%C3%ADda-e-com-o-povo-ucraniano-dividido.html