sábado, 28 de julho de 2018

AGÊNCIA CONSULAR/ESCRITÓRIO CONSULAR PORTUGUÊS CRIADO EM HATTERSHEIM (FRANKFURT)


O Estado reassume Responsabilidade na Área de Frankfurt

António Justo
No dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, o senhor Embaixador João Mira Gomes, anunciou a abertura de um Escritório Consular na área de Frankfurt. Agora, a Embaixada acaba de informar que o Escritório Consular de Portugal em Hattersheim am Main, abrirá ao público no próximo dia 6 de Agosto de 2018. As instalações alugadas em Hattersheim (junto a Frankfurt) têm acesso fácil de Sbahn e ligação rápida a várias autoestradas.

Para os portugueses da antiga área consular de Frankfurt, a criação de uma estrutura do Estado - Escritório consular (sob a dependência do Consulado-Geral em Estugarda) - corresponde a um reassumir de responsabilidade, por parte do Estado, conscientes que este será o primeiro passo para a reinstalação do consulado de Frankfurt. O encerramento do vice-consulado em 2011 (contra o qual tanto lutamos e manifestamos) tinha constituído uma grande desilusão relativamente ao Estado português que contra toda a razão não reconhecia o significado estratégico de Frankfurt a nível europeu e de cruzamento de tráfego mundial, apesar de tanto esclarecimento e luta (1). 

Agradecimento necessário
Os portugueses da antiga Área Consular de Frankfurt estão também muito agradecidos à senhora Cônsul-Geral de Portugal em Estugarda, Carla Saragoça pela dedicação manifestada pela respectiva área.

Estão de parabéns as Missões Católicas que souberam identificar e dar resposta às necessidades dos portugueses, colocando, gratuitamente, à disposição do Consulado (Antenas Consulares) a instalações na Missão Católica Portuguesa de Offenbach e na Missão Católica Portuguesa de Mainz. De reconhecer também as funcionárias do Consulado de Estugarda que prestavam um serviço de alta competência e rentabilidade e excepcional dedicação que se reflectia no completo agrado dos utentes.

Foram as funcionárias, que, com o seu sentido de dever perante a instituição, no serviço abnegado pelos inúmeros portugueses da Diáspora, com o apoio activo da Cônsul-Geral, aguentaram, durante três anos, a subestrutura consular em Offenbach e Mainz. O serviço prestado convenceu  o Estado que valia a pena dignificar o trabalho efectuado nas “Presenças consulares” que sobem de categoria para Agência/Escritório Consular, correspondendo já à reforma consular.  

Os escritórios consulares são extensões dos consulados-gerais, com competências próprias de assinatura de documentos (sem a competência de realizar casamentos). Temos na ordem decrescente dos postos consulares:  consulado-geral, consulado, vice-consulado, agência consular e consulado honorário.


Seria cínico entrar-se numa  concorrência pela aquisição de louros de qualquer pessoa ou grupo político ou vir vangloriar-se pela criação da nova estrutura consular, quando todo o mérito se deve à administração, à necessidade imperativa dos portugueses da “área consular de Frankfurt” e ao empenho dos funcionários administrativos que na resposta às solicitações da comunidade portuguesa, e com o apoio logístico das Missões Católicas, conseguiram convencer a Embaixada e o Governo a assumir mais responsabilidade  e dar um primeiro passo na reparação do erro politicamente cometido em 2011.

Resta ao governo galardoar personalidades das Missões Católicas e as empregadas que durante três anos eram como que caixeiras viajantes do Consulado-geral de Estugarda, entre Estugarda-Frankfurt-Mogúncia, carregando com aparelhos eletrónicos e resolviam grande parte dos problemas dos utentes para que outrora eram precisos 14 funcionários no Vice-consulado.

A Embaixada informou que o Escritório Consular de Portugal em Hattersheim am Main, abrirá ao público no próximo dia 6 de Agosto. Morada: Schulstr. 43, 65795 Hattersheim am Main,Tel.: 00 49 61 909 753 490, Fax: 00 49 61 909 753 499, E-mail: frankfurt@mne.pt Horário de atendimento ao público: 2ª, 3ª, 5ª e 6ª das 08:00 às 13.30 4ª das 08:00 às 15:30.

Apenas um aviso: na emigração precisam-se chefes que trabalhem e não se limitem a dar trabalho e a dar passeio ao prestígio fácil e à vaidade (como, por vezes, acontecia em certos meios institucionais!).

O próximo passo que se espera do Governo será a reposição do Consulado em Frankfurt.

Força, adiante Portugal!

António da Cunha Duarte Justo
(Ex-conselheiro consultivo do Vice-consulado de Frankfurt)
Continua em “Pegadas do Tempo”

(1)      Crónica do encerramento do Vice-consulado de Frankfurt e dos argumentos para seu restabelecimento:
Observatório da Emigração: http://observatorioemigracao.pt/np4/2702.html
Discurso na Manifestação: http://antonio-justo.eu/?p=1995
Declaração à imprensa: http://antonio-justo.eu/?p=2098
PARA QUANDO A REABERTURA? http://antonio-justo.eu/?p=3734

quarta-feira, 25 de julho de 2018

860.000 PESSOAS SEM HABITAÇÃO NA ALEMANHA

52.000 desabrigados vivem regularmente ao ar livre

 

António Justo
Segundo estimativas do Grupo de Trabalho Nacional dos Desabrigados (BAGW), no ano passado, 52.000 pessoas ficaram regularmente desabrigadas (ao ar livre) e cerca de metade dos desabrigados na Alemanha vêm da Europa Oriental.  A falta de habitação social é  crucial.

A estatística do BAGW distingue entre os desabrigados que vivem na rua (obdachlose: 52.000), os sem-habitação (Wohnungslose: 440.000 pessoas sem habitação que procuram soluções de emergência dormindo com amigos ou conhecidos, em outros lugares ou mesmo em dormitórios financiados pelo Estado) e se se juntarem os refugiados sem habitação o BAGW chega a um total de 860.000 pessoas afectadas (muitos refugiados reconhecidos vivem em alojamentos de emergência).

Desde 2014, houve um aumento de cerca de 150% na estatística dos desabrigados.  Em 2008 havia 20.000 desabrigados em todo o país.

Em Berlim, onde vivem 10.000 pessoas sem abrigo, alguém deitou um líquido (tipo gasolina) sobre dois homens sem abrigo e incendiou-os enquanto dormiam, na Estação Schöneweide. Os dois encontram-se agora gravemente feridos a ser tratados num hospital.

Em Berlim,“30 por cento dos sem-abrigo são mulheres. Muitos europeus de Leste encontram-se sem abrigo porque fazem parte daqueles que vieram para a Alemanha para trabalhar e falharam por várias razões. Ou são refugiados reconhecidos que não conseguem encontrar um lar, refugiados não reconhecidos que submergiram da sociedade organizada e querem evitar ser deportados, pessoas com problemas mentais, com álcool ou drogas ou berlinenses que simplesmente não têm dinheiro para pagar o seu apartamento”. Também há muitos para quem o saco de dormir é a sua casa, tendo estes o direito de viver como querem - até na rua.

Segundo investigações publicadas em Hamburgo, "pagar pela falta de moradia é sete vezes mais caro que a prevenção da falta de moradia". Hamburgo em 2011 gastou 46 milhões de euros em pessoas sem teto e desabrigadas.

O pesquisador de pobreza Harald Ansen distingue três grupos principais entre os “sem-teto”:

- “Pessoas em situações críticas da vida, devido a uma separação, perda de trabalho ou dívida.
- Jovens saídos de instituições de apoio à juventude com grandes lacunas biográficas.
- Pessoas com biografias quebradas que viveram sempre marginalmente, muitas vezes com alta mobilidade profissional, como marinheiros”.

Há assistentes sociais que descrevem parte da génese do prolema desta maneira: primeiro perde-se a mulher, depois vem o álcool, então o trabalho vai-se embora e por fim o apartamento fica em perigo.

Algo está errado na cabeça de muitas pessoas e na política social. Os desenraizados, solitários e mais fracos, num dos países mais ricos do mundo, constituem uma acusação permanente à classe política.

António da Cunha Duarte Justo
“Pegadas do Tempo”, http://antonio-justo.eu/?p=4917 onde pode ler comentários.

terça-feira, 24 de julho de 2018

ÖZIL DECLAROU A SUA ABALADA DA EQUIPA NACIONAL ALEMÃ


A chiclete do “racismo” que o jogador Özil também mastiga

O jogador Mesut Özil anunciou a sua saída da equipe nacional alemã com o argumento de “hostilidades racistas e com um défice de reconhecimento”.

A opinião pública reage emocionalmente aos argumentos apresentados por Özil. O facto de ele, em maio, ter mostrado simpatia por Erdogan, apoiando-o na campanha eleitoral, escandalizou muitos democratas na Alemanha, e isto provocou também insatisfação nos meios do futebol.

Özil, com a sua alegação de racismo abrangente só vem fortalecer pessoas com predisposição para culpabilizar as maiorias e assim, possivelmente, encobrir e até legitimar o próprio racismo.

Naturalmente integração não é uma estrada num só sentido! Özil ao apoiar o regime autoritário de Erdogan –  Salazar à beira de Erdogan era um anjinho! - meteu o pé na argola, atendendo ao facto de os valores da democracia e dos direitos do Homem, da sociedade alemã em que vive, se encontrarem diametralmente em oposição aos valores fachistizoides de Erdogan.

A Alemanha é um país aberto e aberto ao mundo. Seria uma injustiça querer, como fazem alguns, atestar os alemães de racistas. Özil é um grande jogador de futebol, o resto faz parte das imperfeições que cada pessoa tem e de que outros se aproveitam para fazerem o seu negócio.

António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4910