LEI PARTIDÁRIA PRIVILEGIA A ESQUERDA
António Justo
Os ventos da democracia sopram bem para os Zé-pereiras da Política. O Projecto-lei nº 562/X proposto pelo PS passou ontem (19.09) no Parlamento. A alteração da Lei Eleitoral, ao proibir aos emigrantes a votação por correspondência para as legislativas, vem servir os interesses da Esquerda portuguesa, atendendo à sua implantação em torno dos consulados portugueses na Europa. Assim se excluem os votantes portugueses que vivem a centenas de quilómetros dos consulados onde terão de ir para poderem votar. Se em Portugal se tomasse a mesma medida, e as pessoas não poderem votar no lugar de residência, naturalmente só os negociantes políticos se deslocariam tão longe para votar.
Este é um golpe bem dado contra o PSD, a quem falta uma estratégia de implantação nas comunidades migrantes e de ocupação de lugares estratégicos da Administração, ao contrário da esquerda.
Sócrates, a um ano das próximas eleições (Outubro 2009), já vai preparando as próximas eleições para o seu partido. O álibi da eleição de 4 deputados representantes de 5 milhões de emigrantes, para um parlamento de 230 deputados, não irá piorar com a redução de votos de emigrantes dado a política portuguesa de emigração ser apenas simbólica e o oportunista.
Nos últimos 30 anos de empenho directo na diáspora serei levado a concluir que o Zé-Povinho se encontra sempre do lado da carência e dos explorados. Não têm tempo nem predisposição para se ocuparem com a política, que em Portugal já há centenas de anos se encontra quase sempre nas mãos de mercenários. O povo ainda continua a ser tradicional acreditando em valores humanos. Talvez por isso ainda não arrisque na política.
Os Zé-Pereiras da Política podem fazer o que quiserem. Podem também abusar do povo que ninguém lhes pede contas. Só lhe resta já o privilégio de votar. Votar sempre nos outros! Ao povo resta-lhes a possibilidade de canalizarem a agressão contra o vizinho.
O exemplo da legislação entrada em vigor é um pequeno exemplo e prova de que as instituições e a economia começam por ser para o bem do Homem e depois depravam-se vivendo para elas mesmas. Um tal estado de coisas não edifica o Estado, fomenta apenas a “ordem” dos que vivem a custo da ordem!...
Portugal não tem a consciência de nação nem de quem a incorpora. Com esta lei o PS rouba a dignidade ao povo para acrescer ao partido.
Esta fraude eleitoral, tal como outras, em termos de sociologia portuguesa, pertence às questões do destino e por isso pertence, como a nação ad acta. Já que o Portugal real que temos está à disposição de alguns; para os outros, os contribuintes reais resta-lhes o Portugal Virtual.
Mais esta iniciativa partidária legislativa, tal como a extinção da conta emigrante e o impedimento dos portugueses residentes na Europa não poderem terem os mesmos direitos que os outros europeus têm, de comprar o carro onde querem sem impostos suplementares, deve constituir motivo para os emigrantes se unirem e se organizarem em grupos de interesses.
António da cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
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