„Gordura é formosura”, dizia-se antigamente. Também a brancura do corpo e do rosto eram, então, distintivos de quem não precisava de trabalhar ao sol e vivia à sombra dos palácios e do moreno dos que cultivavam o campo.
“Mudam-se os tempos”, mudam-se as vaidades. Nos países da Europa rica, hoje é o contrário. O moreno e a magreza são sinal de quem tem dinheiro e possibilidade de passar férias nas praias soalheiras, de frequentar os solários, de fazer ginástica e de optar por uma alimentação racional.
Um estudo alargado, feito pelo Ministério da Saúde alemão sobre os hábitos alimentares dos na Alemanha, que escalona a análise segundo a idade, o nível escolar e a situação económica, confirma o que o bom-senso comum já pensava. Resultado: os mais gordos encontram-se entre os pobres e entre os que têm menor nível de formação escolar.
Na Alemanha 66% dos homens têm excesso de peso, enquanto as mulheres atingidas pelo mal são 50,6%. O inquérito também revela um problema de falta de peso em meninas na puberdade.
Enquanto que duma maneira geral a juventude revela sobre-peso em 18,1% dos jovens e em 16,4% das jovens, no grupo etário dos 70-80 anos, o excesso de peso atinge 84,2% dos homens e 74,1% das mulheres.
A relação de gordura entre a classe cultural mais desfavorecida frequentadora da escola normal (Hauptschule) e a do liceu (Gymnasium – que dá acesso directo à universidade) é flagrante. Na escola normal há o dobro de gordos em comparação com os do liceu. Quanto mais formação ou perspectivas de formação menos gordura!
Por estas e por outras, os responsáveis pela saúde a nível da União Europeia querem promover uma iniciativa legal contra as glândulas sebáceas. Assim as embalagens terão que indicar a quantidade de açúcar, sal, gordura e amidos. Bruxelas está a preparar legislação para ser aplicada em todos os estados da União, tal como aconteceu com o tabaco.
Na União Europeia encontram-se em acção apóstolos da saúde munidos contra o fumo e actuando já por todos os quelhos da Europa para que no céu desta democracia não se encontrem prevaricadores públicos do vício do fumo. Quer-se uma Europa mais elegante e esguia que a América! A próxima campanha já se prevê. Por toda a parte da Europa já vão surgindo os zelosos contra a adiposidade.
A opinião é barata e pode muito! De facto, se fossemos a ter em conta o resultado da investigação feita na Alemanha, os políticos teriam de se esforçar por enriquecer a camada economicamente desfavorecida que produz mais gordos e de investir mais dinheiro nas escolas para que os mais desfavorecidos a nível escolar e cultural deixem de envergonhar os vaidosos da nação com tantos gordos! O problema é que aqueles estão mais preocupados em branquear as estatísticas do que em remover as causas da adiposidade.
A vaidade, a razão e a beldade é como o sol: está sempre do lado dos que têm!
António da Cunha Duarte Justo
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Magros e Gordos na Europa
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