segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mensagem de Natal ao Governo e a Portugal

Votos dos Portugueses da Diáspora
Antonio Justo
Agradecemos e retribuímos a vossa mensagem de Natal e os votos nela formulados. Fazemo-lo não apenas com palavras eufemistas torcidas mas concretizamo-los também com o envio das nossas remessas diárias de 8 milhões de euros para que o Governo possa melhor equilibrar a balança comercial e financeira com o exterior.

Esta seria a altura própria de nos encontrarmos em Portugal mas o espírito de “abnegação” que levou a maior parte de nós a ter de escolher viver fora do país, na procura de “sucessos sociais” obriga-nos a poupar para que aí alguns possam sobreviver e outros mais ter. A isto talvez se refira quando testemunha a “admiração e respeito granjeados em Portugal” pelos “portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro”.

Na mensagem de Natal, o senhor Secretário de Estado Dr. António Braga revela falta de autenticidade e carência afectiva. Nela trata-nos como não-residentes que vivem “nos países onde um dia escolheram viver”. Isto surpreende-nos porque no período revolucionário o partido dizia que no tempo de Salazar a emigração era um recurso de fuga à pobreza e à guerra. Hoje que não há guerra nem Salazar ainda há mais gente a ter de fugir. Será que a pobreza terá aumentado, apesar das nossas remessas e dos apoios da União Europeia? …Não, as bocas em Portugal não aumentaram, o que aumentou foi o desgoverno e o estômago de alguns mais iguais. Fora de Portugal já andam 5 milhões de portugueses! Compreendemos que este é um assunto bastante comprometedor para os Governos e para Portugal, o que não deveria justificar o governo a manter uma má imagem do emigrante!...

Cínica e desavergonhada foi a lamentação governamental na mensagem ao queixar-se que “há um défice enorme na participação eleitoral dos portugueses não-residentes cuja superação depende apenas da vontade individual”. O senhor, habituado a passear a sua pessoa pelas comunidades migrantes, já se deveria ter dado conta do carácter disperso dos portugueses nos países de acolhimento e da distância dos consulados que ficam a muitas centenas de quilómetros. O senhor secretário de Estado, na sua mensagem, apela ao “recenseamento, um acto muito simples através do qual o cidadão fica habilitado a participar nos actos eleitorais nacionais”. Um apelo falacioso e uma mentira descarada! De facto, a ala esquerda do parlamento português, por iniciativa do Governo PS, roubou aos emigrantes o direito ao voto por correspondência, porque esta forma de votação favorecia mais os outros partidos. Assim o PS instrumentaliza o Parlamento em benefício da nomenclatura PS e esquerda bem montada em torno dos e nos consulados da Europa, regulares locais de voto.

Por outro lado, na RTPi faz campanhas de voto para as eleições europeias. Nessa catequese do faz de conta trata-nos como uns Zezinhos em que os nossos filhos e outras figuras engraçadas apelam aos coitadinhos emigrantes para votarem, lá fora. O senhor reduz-nos os direitos de cidadania e ainda tem o descaramento de dizer que o “direito constitucional” está “nas mãos de cada um”!...

Facto é que para os emigrantes e para os portugueses não-residentes o Governo, habituado a uma política de encenação, o que sabe bem é organizar acções virtuais e de relevância publicitária para inglês ver e enganar o inocente público limitado à informação da TV.

Por estas e por outras, além de cinismo, não estamos habituados a esperar muito do governo.

Esperamos sim dos portugueses e do Portugal real que nos tratem como um deles. Esperamos da TV que nos deixe de tratar como coitadinhos provincianos. Nós emigrados somos pessoas honradas e dignas, habituadas a viver do próprio trabalho, contribuindo para o engrandecimento das nações onde vivemos e para o enriquecimento dos portugueses em Portugal. Esperámos, em troca, que nos restituam a dignidade e a honra a que temos direito na opinião pública.

Desejamos a todos um feliz Natal e um muito próspero ano novo.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

3 comentários:

Luís Costa disse...

Estimado Justo,


subscrevo as suas palavras.

Ainda há quem não tem medo de

dizer as verdades...

Para si e para a sua família:

Boas-Festas!

L.C.

Anónimo disse...

2008-12-23 13:06:24
Fortaleza (CE) Brasil Paulo M. A. Martins


Caríssimo
Professor António Justo,

Subscrevo incondicionalmente tudo quanto referiu no seu douto artigo!

Mas seja-me permitido que acrescente um pouco mais:

- Finalmente, atingimos o Reino da ROSALÂNDIA!

O cerco aos Portugueses e às instituições democráticas parece estar definitivamente concluído, do qual nem os Emigrantes na Diápora conseguiram escapar!

Tudo no mesmo saco rosa!

Todos arrolados e enrolados numa meia folha de papel selado, de cor azul, com um lacinho bem simpático e um "patriótico": A BEM DA NAÇÃO!

É um mimo, o mundo real da ROSALÂNDIA em Portugal, cujos tentáculos, piores do que os de um gigantesco polvo, agora, se estenderam também aos Portugueses Emigrantes na Diáspora!

Nunca as forças totalitárias que dominaram Portugal ousaram ir tão fundo e tão longe!...

Como disse Sir Winston Churchill, "CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE!" E eu, com muita humildade, permito-me acrescentar: E O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, TAMBÉM!

Será tudo isto uma maldição que se abateu sobre os Portugueses?... Pelo menos, um tormento já é!

Votos de um Santo Natal e Próspero Ano Novo de 2009 para si e para os seus entes mais queridos!

Que Deus, na sua infinita bondade, ilumine toda essa "gentinha que, pela santa terrinha, persiste em andar pela escuridão dos "novos tempos" e na contra-mão da História!

Boas Festas, a todos!

Deus não dorme!

É NATAL!
In Portugalnoticias

Helena Figueiredo disse...

Que uma imensa luz,
Encha cada instante,
Oriente o errante,
Floresça na cruz.

Votos de óptimo 2009...