segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Empobrecimento da Língua portuguesa
Em gramáticas portuguesas assiste-se a uma tendência para o simplismo. Qualquer professor faz uma gramática e os alunos que aguentem!
Querem acabar com o emprego do vós (segunda pessoas do plural) e até não respeitam o emprego do tu.
Metem no caldeirão da terceira pessoa também o tu e o nós. O povo que se contente com salada russa…
Alguns até querem confundir o emprego do imperativo afirmativo com uma forma reduzida do presente do indicativo. Parece que os novos democratas da língua desejam transformar o imperativo do latim imperial num eufemismo. Em democracia a opinião é que vale!
Banir o “Tu” e o nós, também da linguagem falada, constitui um acto de empobrecimento do português em relação às outras línguas latinas e um desapreço pela língua mãe, o latim! Empobrecimento este que corresponde a um nivelamento por baixo; um nivelamento que leva à proletarização da língua!
A explicação filológica não deveria orientar-se apenas por aspectos sociológicos ou regionalistas a impor-se. Para a explicação do uso do imperativo também não é suficiente o recurso minimalista.
O que se tem vindo a assistir em gramáticos dos últimos trinta anos é uma acomodação a um certo falar da TV e telenovelas.
Assiste-se a um processo de desvalorização e discriminação duma língua que deveria ser cada vez mais discernida.
António da Cunha Duarte Justo
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3 comentários:
Tens completa razão! Não te deixes, não nos deixemos levar pela (pseudo-) influência da linguagem das telenovelas brasileiras. Por que é que temos de nos adaptar à linguagem dos antigos escravos a quem os Portugueses colonialistas de então não reconheciam o direito de aprender a falar correctamente?
Apesar da nova (pseudo-) reforma ortográfica, eu continuarei – até à morte – a escrever a grande maioria das palavras como até aqui, no fundo, segundo as orientações da mesma (pseudo-) reforma: o que se pronuncia (mesmo aqui e acolá) pode-se escrever. Assim, continuarei a escrever facto, contacto, acto, exacto, peremptório, sumptuoso, acção, colecção, direcção, afectivo, etc, etc.
E continuarei a tratar os meus amigos por tu. No plural, a coisa complica-se. Uso quase sempre o nós, na primeira pessoa, mas coloquialmente a boca foge para “a gente” (não “a gentchi”). A segunda pessoa ainda é mais complicada. Na língua escrita, uso V. Exas. e os Senhores/as Senhoras. Na linguagem oral uso “vocês” para o tratamento por tu e Senhores/as Senhoras para o tratamento mais distanciado. Isto talvez por ser do Sul, onde o vós, desde há muito, desapareceu da linguagem coloquial, tirando a dos padres, na igreja (e tu sabes como é!).
Um grande abraço
JAFC
Querido amigo,
Obrigado, pelo teu comentário.
De facto com a síncope do c atraiçoam-se razões de diferenciações fonéticas e perde-se o rasto da raiz etimológica do latim. O que importa é que o povinho engula: o quê e o porquê, não importa!
Um abraço justo
Justo
Caro amigo:
A língua portuguesa está mais pobre, concordo, mas não será por causa das telenovelas brasileiras, sim devido à baixa qualidade de ensino do português nas nossas escolas, desde há mais de 20 anos.
Ao contrário do que alguns julgam, a diferença do falar e do escrever entre Portugal e o Brasil é enriquecedora, pois mostra como o português é uma língua viva, criadora e suficientemente rica para permitir uma evolução natural.
E não pensem que no Brasil se fale assim tão "prafrentex" ( e esta?), pois usam correntemente termos como "ágio" ou "açougue", que há muito foram abandonados em Portugal.
E quanto ao acordo ortográfico, só peca por estar agora a ser implantado, já que o Português só tem a lucrar com a uniformização da escrita entre os 8 países de língua oficial portuguesa.
E já agora, esclareço que facto vai continuar a usar-se com "c", precisamente para diferenciar o nosso fato, que no Brasil de diz e escreve "terno", ao passo que o nosso facto lá é "fato".
Vamos sim todos lutar para que o ensino de PORTUGUês melhore de qualidade, em Portugal e nos outros 7 países, sem esquecer que a língua-mãe é o galaico-português, ainda falado na Galiza.
Um grande abraço,
Jorge da Paz
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