terça-feira, 28 de dezembro de 2010

UM PAÍS DE BANANAS GOVERNADO POR SACANAS

Partidocracia contra a Democracia - lei do Financiamento partidário
Anmtónio Justo

A nova lei do financiamento partidário, este mês promulgada, instiga os partidos e seus dirigentes à corrupção. No caso de um partido ser condenado a pagar ao Estado milhares ou milhões de euros por suborno ou incumprimento na angariação de fundos para o seu partido, a nova legislação permite que estes sejam declarados como despesas dos partidos que são subsidiadas pelo Estado.

A RR Renascença, com referência ao Expresso escreve: ‘No Decreto n.º 66/XI, a alínea c do artigo 12 passou a incluir "os encargos com o pagamento das coimas previstas nos números 1 e 2 do artigo 29" que se referem às coimas aplicadas aos partidos e até mesmo aos seus dirigentes’.

Caso semelhante de legalização do suborno e apadrinhamentos de projectos é o Decreto-Lei 72-A/2010, de 18 de Junho.

Como pode surgir tal ideia na cabeça de um cidadão normal? Porque promulga Cavaco Silva tal disparate?

O que para o cidadão é lei para o partido e seus dirigentes torna-se excepção. De facto o partido e seus dirigentes são premiados pela infracção e o povo não reage porque ou faz parte do povo ausente ou faz parte das elites que se servem dele.
O comportamento de governo, de partidos e de seus boys ensina: Em Portugal quem não é ladrão e oportunista é ingénuo ou culpado da sua pobreza. Os grandes ladrões serão sempre GRANDES e os pequenos ladrões nunca passarão de pequenos adiante! O pequeno resto estabiliza aqueles. Vergonha é que uns e outros se sintam empertigados quando falam de governos africanos, sul-americanos ou quejandas!

Os partidos portugueses, nasceram dos defeitos da revolução / invasão francesa e da continuidade da prática feudal de classes. Reservam para si e para os seus, feudos especiais esclarecidos, os seus terrenos maninhos, onde a lei geral não pega nem o povo grela.

O Presidente da República, como elemento do sistema partidário apoia-o, deixando passar a lei e como cidadão, manifesta reservas, duvidando da sua transparência. Num país do faz de conta, eles têm a faca e o queijo na mão! Um país com cidadãos e instituições adultas não permitiria que se chegasse a tais excessos. Num país de cidadãos honrados, certamente que um partido ou grupo de cidadãos processaria a lei a nível de tribunal constitucional e os partidos seriam colocados nos bancos dos réus. Alguns paridos barafustam tacticamente contra os partidos que fazem passar tais leis; mas de facto não tomam medidas sérias contra a corrupção, porque também eles fazem parte do sistema. Por outro lado o Tribunal Constitucional português não se compreende como garante da Constituição e dos direitos do cidadão. A própria Constituição surgiu de grupos sem a consciência de povo e foi elaborada num período anti-nacional.

O funcionamento normal das instituições portuguesas torna-se impossível pelo facto da mentalidade e de todos os sectores públicos se encontram conectados por supra-estruturas discretas que, com a invasão francesa se instalaram no organismo do Estado, em substituição das antigas.

O Rei D. Carlos que conhecia bem os males da Monarquia e da República descrevia assim a nossa realidade: ”Um país de bananas governado por sacanas”!
António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

7 comentários:

Anónimo disse...

Justo, caro amigo,associo-me à tua justa indignação! Bem-hajas pelo alerta, bom ano!

Anónimo disse...

Aqui nenhum dos nossos politicos encontrou qualquer inconstitucionalidade. Pudera! Convem-lhes. É uma vergonha que indigna e revolta qualquer ser humano com um minimo de honestidade. Não há dúvida, meu caro Justo, que esta é mais uma lei para aumentar o nivel de corrupção em Portugal.
José Cerca

António da Cunha Duarte Justo disse...

Que os políticos não estejam interessados em submeter os seus intentos à Constitucionalidade é claro. Eles servem-se a si mesmos! O problema está na sociedade portuguesa que ainda não conseguiu desenvolver uma consciência cívica manifestável em grupos organizados e em personalidades.Onde o povo e a nação não existem não se pode esperar a sua expressão, apenas se expressam os parasitas do Estado e estes sanearam as instituiões do Estado a seu modo. Um tal Estado interessa a elites porque tudo o que fazem se aceita como facto do destino! A única opção seria a própria conversão e a revolução. Esta manifesta-se, como ensina a História, a favor dos revolucionários,que se tornam nos exploradores da próxima geração!
O resto tem-se manifestado como ilusão! Temos que criar uma nova forma de ser e de estar!

Anónimo disse...

Aceite a minha admiração e reconhecimento pelo espírito atento que denuncia o Sistema que governa esta terra como se ainda não tivessemos saido da Caverna dos primórdios da Humanidade.
É urgente que se ajude a despertar a Consciência Humana para os GRANDES VALORES DA VIDA - AS LEIS UNIVERSAIS/DIVINAS.
É urgente que cada Pessoa entenda que é responsável pelo estado do País, da Humanidade, do Universo.
os meus cumprimentos respeitosos
J.G

Anónimo disse...

Força, Amigo! Continuemos a denunciar toda a pouca vergonha que existe naquela país. Será necessário orientar as coisas para uma revolução democrática e encostá-los à parede ou, na melhor das hipóteses, colocá-los em trabalhos forçados para recuperaram o que têm roubado?
JFC

Anónimo disse...

Antonio, achei estranho o rei D. Carlos dizer isso, pois quem governava era ele e, por outro lado ele morreu antes da república.
Tens a certeza de que foi ele o autor da frase? É o mesmo que chamar sacana a si mesmo, não?
Gostei imenso da frase, claro.
Bom Ano Novo
GL

António da Cunha Duarte Justo disse...

Li a frase já há muito tempo num livro sério, creio mesmo que de um historiador. Naturalmente que a frase contem uma grande porção de autocrítica dum homem que adivinhava já os fins da Monarquia. Na realidade, ele, esperto, diz “ Um país de bananas governado por sacanas e não “Um país de bananas reinado por sacanas”! Ele como já outros reis anteriores mais ou menos incapazes ou incapacitados reinavam mas tinham de se haver com as lutas partidárias dos seus governos como se pôde ver a partir do momento em que os reis passaram a ter de se submeter à Constituição na sequência das invasões francesas.
Agradeço e retribuo os teus votos.
Um abraço cordial e justo
António Justo