Alimentação
ecológica – Um Serviço à Humanidade
Dia Mundial
da Alimentação
António Justo
Hoje celebra-se o dia mundial da alimentação. A Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) submeteu a comemoração do Dia
Mundial da Alimentação, deste ano, ao tema “Cooperativas agrícolas alimentam o
mundo”. Este constitui um pau de dois bicos se atendermos ao facto de muitas
multinacionais ditarem os preços dos produtos agrícolas a cooperativas locais agrícolas,
chegando até a força-las indirectamente a comprar-lhes as sementes e até
pesticidas e adubos. Os arrendamento Leasing (locações) torna-se problemático.
O direito a uma alimentação saudável e equilibrada, num mundo já com 7 bilhões
de habitantes, é tarefa difícil num tipo de sociedade cada vez mais centrado em
grandes cidades.
O lema “Cooperativas agrícolas alimentam o mundo” seria muito de saudar se
acompanhado duma política descentralizadora da produção e comercialização dos
produtos alimentares; isto é, se se fomentasse mais a produção biológica e os biótopos
locais e regionais.
Facto é que no mundo existem praticamente apenas 10 monopolistas que
dominam o mercado mundial da alimentação. São as seguintes multinacionais: Nestlé,
Kraft, Pepsico, P&G, Kelloggs, MARS, J, Unilever, JonsonJonson e CocaCola.
Monopolistas
destroem a Paisagem e os pequenos Lavradores
Com o fortalecimento dos monopolistas e consequente redução da produção em
poucas mãos, assiste-se também ao aumento das monoculturas e à diminuição de
oferta de produtos e à destruição dos pequenos agricultores. Para se fortalecer
os monopolistas os lóbis criam até leis sobre as medidas comerciáveis da
banana, da maça, etc., para que as de tamanho mais reduzido e menos “luzidio”
sejam impedidas, destruindo-se, assim, o pequeno lavrador e aqueles que não
usam pesticidas. Os monopólios agrários vão contra a diversidade de produtos
agrícolas, sendo difícil de avaliar as consequências para a saúde.
De facto, também dez multinacionais dominam três quartos do mercado das
sementes. Monsanto (USA) domina 27% do mercado mundial. DuPont (USA) e Syngenta
(CH), produzem também pesticidas. (Cf. www.saatgutfonds.de).
Assim as multinacionais, entrelaçadas entre elas determinam o produto agrícola
a comercializar e até a fornecimento do adubo e pesticida a utilizar..
A industrialização da agricultura, concentrada em poucas firmas, leva
também à monocultura destruindo assim a individualidade da paisagem, ameaçando
o sistema ecológico. Uma investigação da
Universidade Mochigan 2007 revela que se se procedesse à conversão da produção
mundial de alimentos, em vigor, em agricultura biológica, verificar-se-ia um
aumento na produção de alimentos em 50%, o que corresponderia a 4381
quilocalorias por pessoa e por dia.
Também a produção (reprodução) de sementes ecológicas protegeria a
variedade de produtos vegetais e contribuiria para que os pequenos lavradores
do interior se afirmassem não precisando de emigrar. As multinacionais fomentam
apenas a produção de espécies (sementes) que necessitam de fertilizantes
artificiais e pesticidas para terem boas produções e aumentarem os lucros
especulativos. Na competição da manipulação biológica seria importante que os
Estados se preocupassem em colaborar com universidades na produção de novas variedades
de sementes adaptadas à mundivisão ecológica. Por enquanto, a compra de
produtos biológicos ainda é um luxo, dado estes custarem, pelo menos, o dobro
dos produtos agrícolas industriais. Os monopolistas fomentam a criação de
verdadeiros campos de concentração de galinhas, porcos, etc. e roteamento de
florestas. A humanidade ainda não chegou ao consumo alimentar.
Para se comer de consciência tranquila não chega um tratamento humano dos
animais segundo as espécies a consumir. Além doutros aspectos, é preciso ter-se
em conta o emprego da penicilina e hormonas no tratamento dos animais. A
consequência do consumo de produtos, com tais ingredientes, vê-se já nas
pessoas que cada vez se tornam maiores; há consequências que só podem ser
observadas passadas várias gerações. Teologicamente poder-se-ia dizer que a Redenção
de Cristo também se deu para os animais.
Depois da segunda guerra mundial desenvolveram-se as monoculturas com a industrialização
da alimentação com a criação de espécies híbridas. Assiste-se a um êxodo das
famílias do campo para as cidades. Neste ambiente os monstros da economia cada
vez se afirmam mais contra os biótopos naturais.
O consumo de recursos para produzir um quilo de carne é hoje quatro vezes
mais do que o que se precisaria para a produção de alimentação com cereais. A importação
de soja para alimentar os animais destrói a floresta amazónica da américa do
sul.
A aberração do comércio está também no facto da indústria e comércio
alimentar se encontrarem nas mãos de accionistas que ganham imenso com a especulação
de produtos alimentares. Um efeito colateral do grande negócio pode ver-se
também no facto da produção dos peitos de frangos se reservar para a Europa
rica sendo os restos exportados para África, a preços naturalmente baixos,
destruindo, deste modo, os mercados locais africanos.
Urge criar uma nova ordem económica de comércio justa e humana,
especialmente no que respeita à produção e comercialização de alimentos. O
consumidor tem o poder de reduzir o consumo de carne e optar por produtos
regionais, por amor ao solo, aos animais, às águas e ao ar. Só o consumidor
poderá, através duma compra consciente, contribuir para se mudar o sistema da
concorrência actual num sistema de cooperação a favor do bem-comum.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@gmail.com
www.antonio-justo.eu
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