Alemanha
cúmplice com a Turquia na Luta contra os Curdos
A Força Aérea turca aproveita para bombardear durante dias consecutivas
aldeias curdas da Região Autónoma do Curdistão (norte do Iraque) sob o pretexto
de atacar posições do PKK. A Turquia faz guerra de forma preventiva a evitar a
formação do Curdistão numa fase pós-guerra em que é pretendida a divisão do
território hoje pertencente ao Iraque e à Síria.
A Turquia do presidente Erdogan comporta-se agressiva e autoritária para o
interior e para o exterior, aproveitando-se da debilidade da Síria e do Iraque.
Também a NATO perde a credibilidade ao falar contra a agressividade da Rússia
contra a Ucrânia e ao fechar os olhos perante a agressividade da Turquia contra
os curdos nas zonas fronteiriças.
A Alemanha tem “Mísseis Patriot” com 400 soldados alemães na Turquia desde
2013 supostamente para defenderem a Turquia de possíveis ataques do Regime de
Assad da Síria. Por outro lado o governo de Ancara quer aniquilar Assad e
supostamente defender os seus irmãos de confissão religiosa sunita que querem
instalar na Síria e no Iraque o movimento terrorista “Estado Islâmico” (EI).
Há duas semanas aviões de guerra turcos mataram 9 civilistas em Zargala
(zona curda no Norte do Iraque onde a PKK tem influência). O partido curdo da
Turquia PKK vingou-se logo no dia seguinte com um atentado suicida a um quartel
turco em Dogubayazit onde morreram dois militares, ficando 31 feridos.
O presidente turco Erdogan espera com a sua mão de ferro contra PKK poder
voltar a recuperar os votos perdidos pelo seu partido AKP nas últimas eleições
(Erdogan quer provocar novas eleições para alcançar a maioria absoluta perdida
e impor as suas intenções autocráticas através de referendo para mudar a
Constituição no sentido de puxar a Turquia para o radicalismo religioso).
O Governo turco tem bombardeado alvos curdos da PKK na Síria sob o pretexto de guerrear o terrorismo do EI. Interfere assim na guerra civil da Síria para defender interesses próprios. Com as costas e o flanco de avançada protegidos pela NATO e pelos Mísseis Patriotik da Alemanha, a Turquia não se vê na necessidade de negociar e de assumir compromissos com os curdos da Turquia aproveitando, pelo contrário, para enfraquecer os curdos do Iraque e da Síria que têm sido os únicos parceiros fiáveis na luta contra o terrorismo do EI. O aliado da coligação contra o EI, a Autoridade Nacional Curda no Iraque, vê-se prejudicado devido às intervenções turcas. A Turquia só se revela interessada nos seus interesses nacionalistas arriscando uma guerra civil. Torna-se escandalosa a maneira como a Europa se torna conivente com a política americana que tem desestabilizado a África do Norte e se deixa instrumentalizar pela Turquia não tendo em consideração os interesses europeus.
Conclusão
Desde 1984 o conflito entre o Governo turco e a zona da Turquia curda que
aspira a uma certa autonomia já provocou 40.000 mortos, a destruição de 3.000
aldeias curdas e vários milhões de refugiados curdos para outras zonas da
Turquia e para a Europa.
Só as conversações políticas a nível nacional e internacional poderiam
possibilitar uma solução justa. A Turquia colabora com o Ocidente naquilo que a
beneficia ou no sentido de impedir a formação de um Estado Curdistão. A sua
formação nas suas fronteiras instaria os curdos da zona da Turquia a não se
deixarem discriminar pelo governo de Ancara. A NATO não parece estar
interessada dado ter apostado na Turquia como sua zona avançada no meio
islâmico. Uma longa guerra civil avizinha-se como probabilidade mais pensável
atendendo ao facto de os mais fortes (Turquia e aliados) não terem consideração
por problemas de legitimidade existencial de povos que se encontram em situação
de vítima da sua política imperialista.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
In Pegadas do Tempo www.antonio-justo
1 comentário:
Convém lembrar-mos que historicamente a Turquia sempre invadia a região do Caucaso, ao seu norte. Esta foi uma das razões de aproximação dos três paises caucasianos para o antigo bloco sovietico.Não é de hoje que a Turquia traz este comportamento.
Saudações,
Vilson
In Diálogos Lusófonos
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