O Exemplo de Inclusão pedagógica
António
Justo
Global Teacher Award (1) premiou o pedagogo Peter Tabichi,
do Quénia, com um milhão de dólares. Ele foi considerado o melhor entre os 10.000
professores nomeados de 179 países.
O monge pedagogo ensinava 58 alunos numa escola de uma
aldeia Queniana e dá 80% do seu ordenado para os alunos mais pobres; deles, um
terço são órfãos ou só têm pai ou mãe. A vida de seus alunos era muitas vezes
caracterizada pelo abuso de drogas, gravidez na adolescência, desistências
escolares e suicídios.
Naquela
escola só havia um computador e uma ligação de internet, que nem sempre
funcionava. Apesar disso o padre fundou um clube de computador. Criou também um
clube de talentos tendo com eles ganhado um prémio da Academia Real para
Química; além disso dirige um grupo pela paz onde se encontram representadas as
7 tribos da região.
Peter Tabichi (1) “e quatro colegas também dão aulas
particulares de Matemática e Ciências a alunos com fraco aproveitamento, fora
da sala de aula e nos fins-de-semana, onde Peter visita as casas dos alunos e
encontra as suas famílias para identificar os desafios que enfrentam. Ao
fazer seus alunos acreditarem em si mesmos, Peter melhorou dramaticamente o
desempenho e a autoestima de seus alunos. As matrículas dobraram para 400 em três anos, e os casos de
indisciplina caíram de 30 por semana para apenas três. Em 2017, apenas 16 dos
59 alunos foram para a faculdade, enquanto em 2018, 26 alunos foram para a
universidade e para a faculdade. O desempenho das meninas, em particular, foi
impulsionado, com as meninas liderando agora os meninos em todos os quatro
testes estabelecidos no ano passado”.
O melhor caminho para sair da pobreza é a formação. Esta
foi a missão que muitos padres e missionários levaram a terras por onde
passavam e passam: um bem à humanidade de que ninguém fala (Tenho colegas que admiro
porque trabalham em países da lusofonia (3), oferecendo a sua vida e seu
usufruto às populações com o mesmo espírito deste monge). Peter Tabichi considera
o sucesso de seus alunos como seu estímulo pessoal; confessa: "ver como
meus alunos adquirem conhecimento, habilidades e confiança é minha maior
alegria. Quando eles se tornam criativos e produtivos na sociedade, isso também
me leva a uma grande satisfação". Faz lembrar a pedagogia salesiana de Dom Bosco.
O Presidente da República de Quénia, Uhuru Kkenyatta,
elogiou o empenho do monge franciscano e disse: "Peter, sua história é a história da África, um jovem continente
cheio de talento".
O sacerdote, no seu discurso de agradecimento,
prognosticou: “A África produzirá
cientistas, engenheiros e empresários cujos nomes serão um dia famosos em todas
as partes do mundo. E as raparigas serão uma grande parte da história." O padre acrescentou humildemente que só estava ali devido
aos seus alunos.
António da
Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5389
(2)
Peter
Tabichi: https://www.globalteacherprize.org/winners/peter-tabichi/
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