Entre as fúrias da direita e da esquerda pendula a democracia. Neste
momento, o domínio semântico da Esquerda na Europa vai-se enfraquecendo, apesar
da sua força mediática. Se a Península Ibérica polariza à esquerda a Polónia
polariza à direita, sendo ambas contrabalançadas pela Europa no centro!
Das eleições para o parlamento na Polónia (13.10.2019) saiu vencedor o
partido PiS (“Direito e Justiça”) do chefe de governo Mateusz Morawiecki, que recebeu
43,6 % dos votos, passando este partido conservador a ter agora 235 membros de
um parlamento com 460 assentos, o que lhe possibilita governar sozinho.
A aliança da oposição
liberal-conservadora “Coalizão dos Cidadãos” (KO), conseguiu 27,4% dos votos. A
esquerda SLD (12,6%), a coligação conservadora do Partido Camponês PSL (8,6%) e
a direita de Janusz Korwin-Mikke (6,8%). Desta vez houve a afluência (61,7%) às
urnas mais alta desde há 30 anos.
A campanha da PiS centrou-se no
fomento de uma política social de visão conservadora de um Estado providencial/social
católico. O partido do governo pôde ganhar pontos ao elevar prestações sociais
para as classes mais baixas, reduzir o desemprego para 5% e introduzir um abono
de família de 116 euros para todas as famílias com dois ou mais filhos.
As eleições revelaram-se numa
espécie de referendo sobre as políticas: provida, pró-família e contrárias à Nova
Ordem Mundial, e na afirmação da desobediência às políticas ordenadas por
Bruxelas.
Com as eleições na Polónia
estabelece-se um certo equilíbrio entre um tradicionalismo exagerado e um
modernismo descarado. Um povo consciente de que a sua nação só pôde subsistir historicamente
devido ao seu elo de união católico, persiste em defender a nação contra as
arremetidas de forças globalistas de um capitalismo liberal e de um socialismo
de cultura latifundiária. Como tiveram a experiência do Comunismo ainda têm
viva na memória a recordação do que o sistema socialista significa.
Apesar da propaganda da EU contra
os conservadores polacos que persistem em manter uma Polónia soberana que
acredita nos próprios princípios que defende, estas eleições constituem mais um
desafio para uma EU até agora demasiadamente polarizada às agendas da esquerda internacional
e aos interesses do capitalismo liberal.
Com a victória dos conservadores
de Lei e Justiça (PiS) estatuiu-se um exemplo de esperança para aqueles que
receiam a formação de uma União Soviética Europeia. Talvez com isto e com o
Brexit a EU repense a sua política demasiadamente orientada por um centralismo
capitalista e ideológico e se dedique à construção de uma Europa de povos e nações
em que a pluralidade e diversidade não sejam arrasadas em favor de uma
monocultura nas mãos de alguns ideólogos e turbo-capitalistas que em certos
aspectos abusam da imigração sem respeito pela subsistência dos biótopos culturais
europeus.
Em democracia é assim, o voto
democrático livre não agrada a muita gente, mas a velha lei pendular da história
continua ativada e é muito natural que pendule à direita e à esquerda
possibilitando que uns e outros alternadamente se satisfaçam.
Embora o partido PiS exija da
Alemanha uma indemnização devido à invasão nazi, o governo alemão declarou
querer colaborar com o futuro governo polaco, pois “Alemanha e Polónia são vizinhos,
amigos e parceiros” (HNA 15.10.2019).
No período de propaganda eleitoral
a direita polemizava contra o estilo de vida ocidental e a Esquerda da EU polemizava
desdizendo da vontade democrática do povo polaco..
Estas eleições
revelam uma vitória conservadora contra a agenda globalista de ideologias de
género e de uniformidade do pensamento e contra o liberalismo e o neomarxismo
totalitário que não permite dissidências de pensamento nem pensares diferentes.
A democracia não pertence à esquerda nem à
direita, ela suporta-as e mantem-nas.
António da Cunha
Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5633
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