sexta-feira, 18 de agosto de 2023

CIDADÃOS ALEMÃES ACHAM QUE O ESTADO SE ENCONTRA DEMASIADO ESTRESSADO


As Ondas estadunidenses movem a Alemanha e as alemãs movem a Europa

A falta de confiança na capacidade de ação do governo alastra-se como um fogo invisível na Alemanha e também na União Europeia. Segundo uma investigação publicada em 15 de agosto de 2023 da “Pesquisa Forsa” encomendada pela Associação dos Funcionários Públicos Alemães (DBB), apenas 27% dos entrevistados achavam que o Estado era capaz de cumprir as suas atribuições. 69% consideram-no sobrecarregado.

A população encontra-se cada vez mais dividida por falta de confiança na liderança do governo. O presidente da DBB, Ulrich Silberbach, disse que os servidores públicos é que têm de suportar a raiva do público, e mais de 54% deles foram abusados ​​verbalmente, ameaçados ou agredidos fisicamente (HNA 16.08). A imagem do Estado é particularmente ruim no leste da Alemanha, onde 77% dos entrevistados estão convencidos de que o Estado se encontra estressado em relação às suas tarefas e problemas existentes - no Oeste são 68% dos inquiridos.

Apenas se manifesta maior benevolência no reconhecimento da capacidade do estado para cumprir as suas tarefas nos apoiantes dos partidos da coligação governamental: 52% dos apoiantes dos Verdes, 46% dos do SPD, 34% dos do FDP; já na oposição a aprovação desce para 22% dos apoiantes da CDU e CSU e 6% dos apoiantes da AfD. A AfD já consegue nas sondagens maiores valores que o SPD e que os Verdes.

As maiores exigências situam-se nos domínios da política de asilo e refugiados 26%; escola e educação 19%; clima e ambiente 17%.

Como tarefa mais importante do Estado é afirmada a manutenção da justiça social na sociedade. Os investimentos na proteção do clima e na expansão das energias renováveis ​​também foram considerados importantes.

A proteção do clima foi mencionada como tarefa muito importante por 47% no Ocidente e 37% no Oriente. 50% no Leste e 37% no Oeste consideram muito importante o alívio do peso dos cidadãos devido ao aumento dos preços. A necessidade de criação de condições de vida iguais na cidade e no campo foi afirmada no Leste por 43% e no Oeste por 27%.

Tudo isto tem a ver com uma política europeia de sol poente, carente de sentido e de significado próprio. No meu entender, os sofrimentos do povo europeu expressam não só a crise sistémica (geopolítica) em que nos encontramos, mas corresponde também às dores de um parto fracassado.

Em parte, as ondas estadunidenses movem a Alemanha e as alemãs movem a Europa. A Alemanha sabe-se de mãos atadas aos aliados vencedores (especialmente aos Estados Unidos devido ao Tratado Dois-Mais-Quatro, celebrado em Moscovo em 12 de setembro de 1990 (1) e por isso sente-se inconscientemente mal e também cria um certo mal-estar na Europa devido à sua política de refugiados (iniciada unilateralidade em 2015!), à sua política de energia e de ambiente e também à política de proteção financeira das suas grandes empresas mas feita com parcerias internacionais.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8718

 

(1) As tropas soviéticas sairiam do país até ao final de 1994. A Alemanha concordou em limitar as suas forças armadas a no máximo 370 mil homens. O país também confirmou a sua renúncia à fabricação e posse de armas nucleares, biológicas e químicas, reiterando que o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares continuaria a vincular a Alemanha reunificada. Determinou-se, também, a proibição à presença de forças armadas estrangeiras e armas nucleares no território da antiga Alemanha Oriental. https://www.bpb.de/kurz-knapp/hintergrund-aktuell/211841/vor-30-jahren-abschluss-des-zwei-plus-vier-vertrags/ Ver também o resumo da Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_Dois_Mais_Quatro

A explicação para o nome incomum do tratado (2+4) é bastante simples: seis estados estiveram envolvidos nas negociações do tratado. Dois estados alemães, a República Federal da Alemanha e a RDA, e as quatro potências vitoriosas da Segunda Guerra Mundial: EUA, Grã-Bretanha, França e a antiga União Soviética.

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