Conferência do Afeganistão procura uma “Exit-Strategie”
António justo
O católico Walter Mixa, cardeal de Munique afirma que já se não pode falar duma guerra estabilizadora do Afeganistão e os responsáveis políticos que enviam para lá os soldados têm que esclarecer o povo se a intervenção ainda se justifica.
Na mensagem de Ano Novo Margot Käßmann, bispa da Igreja evangélica, criticou publicamente a intervenção provocando uma tempestade na floresta da imprensa ao afirmar que a guerra no Afeganistão não é justificável, sob a perspectiva da Igreja Evangélica e tem que ser terminada o mais depressa possível.
O governo viu-se na necessidade de explicação tendo conversações a alto nível com representantes da Igreja e declarando oficialmente: “temos respeito por outras opiniões”. Um certo mau humor político apela para que a Igreja não deixe os soldados ao abandono.
Por vezes, há coisas que não são fáceis de discutir até ao fim. Também não seria legítimo agir segundo o princípio, para nós a moral e para os outros os problemas! Naturalmente que quem é contra deveria desenvolver um conceito ou estratégia de como resolver os problemas. Se os americanos e os aliados não tivessem feito guerra contra a Alemanha a situação ainda se teria tornado pior. É fácil atacar ou instrumentalizar uma posição ou outra.
A presença dos alemães no Afeganistão corresponde a 5% da presença internacional. Sentem-se em missão de defesa da população civil dos ataques dos muçulmanos extremistas. 70% dos Afegãos mostram-se contentes com o desenvolvimento no Afeganistão. Há mais mortes de polícias afegãos do que soldados da tropa internacional. Os talibans querem a todo o custo impedir a ordem no país a nível de polícia, ensino e justiça. No caos, sem Estado, conseguem manter o povo cativo.
O presidente da USA, Obama, ao dizer que a partir de 2011 começa com a retirada dos soldados dá um aviso aos afegãos de que têm de fazer mais pela própria segurança e assumir mais responsabilidade.
O argumento de querer impedir a internacionalização do terror mostra-se precário se temos em conta o que acontece na Somália, Iémen e no Sudão.
A tomada de posição da Igreja foi bem acolhida a nível do povo dado corresponder ao desejo de muitos cristãos e não cristãos. Segundo sondagens sérias, 71% dos alemães são pela retirada dos soldados do Afeganistão. Para a Igreja trata-se de “assegurar a paz sem armas através de mediação”.
Os culpados da guerra são os vivos e não os mortos. Numa democracia barata, a guerra é sempre a guerra dos outros e não para nós! A guerra não é um meio adequado para superar conflitos pelo que deveria ser banida da política. A mensagem cristã é de paz e respeito entre todos os homens. Os dez mandamentos têm validade não só a nível individual mas também a nível de instituições: “5°. Não matarás”! Mais que responder à violência com a violência trata-se de empregar o dinheiro que se gasta com a guerra em infraestruturais do país, escolas, hospitais, estradas para possibilitar à população o distanciamento dos Talibans. Os soldados sofrem muito o peso da guerra regressando muitos com taras. Não consta que oficiais, os que mais ganham, precisem de se questionar sobre a dimensão ética. O dinheiro governa o mundo e na a justiça!...
A Igreja, que na Alemanha se encontra bastante integrada na política e na consciência do povo é por uma paz justa em vez duma guerra justa. O Estado não pode declarar-se sobre a vida ou a morte ou banalizá-los para argumento de opinião.
Importante torna-se a elaboração duma estratégia de reconstrução do Afeganistão e uma perspectiva concreta da saída dos soldados.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
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