Correcção duma Sociedade máscula de Via única
António Justo
As mulheres são, também socialmente, mais macias que o
homem. Este é mais arisco e por isso consegue levar, melhor, a brasa à sua
sardinha.
Há uma centena de anos o movimento internacional das
mulheres luta por direitos iguais, por iguais oportunidades e pelo mesmo
salário que os homens.
Ideal e realidade continuam a afirmar-se na divergência;
para se contrapor esta tendência muitos chegam à conclusão de se introduzir um
tratamento especial para a mulher em questões laborais e para tal introduzir
por lei quotas de mulheres em lugares relevantes.
A União Europeia está a pensar numa iniciativa
legislativa que pretende introduzir na Europa a quota de mulheres. Na Alemanha
o partido SPD já reagiu com um projecto de lei que pretende até 2015 atingir
40% de mulheres em conselhos de supervisão e membros de directorias de
empresas. Este plano divide os ânimos da nação. O governo é de opinião que haja
uma quota flexível que empresas e indústria se autodeterminem. Na realidade,
segundo a OECDE, na Alemanha apenas 4% de mulheres ocupam posições de
directoria e a nível europeu 10%. Também, segundo o relatório da OECDE, as
mulheres alemãs ganham menos 22% que os homens.
Naturalmente, numa sociedade masculina, a introdução duma
quota é discriminadora pois coloca no cimo da carreira mulheres devido à quota
e não tão sujeitas às leis masculinas mercantis da concorrência. Numa
meritocracia isto pressupõe um factor contra. Talvez este factor implique já um
elemento de sensibilidade feminina a querer mitigar uma sociedade que fede a
suor de homem.
Muitas vezes as mulheres aceitam, na entrevista para
emprego, condições que homens não aceitam. Enquanto uma mulher quer ser amada o
homem quer ser respeitado.
A maior inteligência emocional das mulheres revela-se,
por vezes, prejudicial numa sociedade máscula porque se orientam mais por
critérios humanistas e não apenas pelo lucro da firma, o que constitui um
obstáculo ao currículo. Os homens sobem até mais alto na escada da carreira
porque não sofrem de vertigens ao interessarem-se mais pelo sucesso da firma do
que pelo sucesso dos trabalhadores. O pensar masculino tem em conta o próprio
interesse e este é premiado pela firma e não pelos empregados.
Segundo estudos feitos na Alemanha, a mulher despede
empregados dois anos mais tarde do que o fariam homens e isto incomoda os
accionistas das firmas. As firmas querem pessoas de temperamento forte e
assertivo com cotovelos robustas para afastar o que não lhe passe no goto. Mais
justiça para a mulher significaria, num primeiro momento, que por lei
auferissem pagamento igual ao dos homens pelo mesmo trabalho houvesse maior
protecção para o trabalho e saúde.
Importante é que a mulher assuma maior responsabilidade
social sem ter de abdicar do seu caracter feminino em favor duma sociedade
totalmente masculina. A sociedade máscula tem muitos aspectos problemáticos
porque afirma quase exclusivamente as qualidades masculinas em detrimento das
qualidades femininas. O pensar e o agir do homem é mais selectivo e para chegar
além não olha a quem. O pensar da mulher é mais colegial, pessoal mas não tão
individualista; o instinto maternal mitiga o egoísmo.
Resumindo o dito e o por dizer: O dia da mulher é uma boa
oportunidade para se começar a elaborar uma sociedade com base na
complementaridade de masculinidade e feminidade. Por vezes faz doer
constatar-se movimentos reivindicativos femininos que fomentam a masculinidade
da nossa sociedade ou exigem um currículo para a mulher ditado pela sociedade
máscula que obriga a mulher a ter de se comportar como o homem para ter alguma
oportunidade neste tipo de sociedade de via única. Seria doentio se a sociedade
fizesse das mulheres viragos e dos homens afeminados.
Torna-se uma missão nobre para homens e para mulheres,
construir uma sociedade diferente; uma sociedade um pouco mais feminina e um
pouco menos masculina. Vai sendo tempo de se juntar e equilibrar o princípio
masculino da selecção natural ao princípio feminino natural da colaboração.
Isto sem apoiar a moda em via: transformação de mulheres em viragos e de homens
em afeminados.
António da Cunha Duarte Justo
Antoniocunhajustogooglemail.com
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