sábado, 25 de abril de 2015

CALÇAS DE GANGA E OS CUSTOS DA LIBERDADE



Um exemplo de efeitos da globalização
António Justo
As calças de ganga tornaram-se em símbolo de liberdade.
0,8% da produção mundial de algodão para calças de ganga provém de agricultura biológica.

Uma costureira de calças de ganga ganha em Bangladesch 65 euros por mês (antes da catástrofe em 2014 ganhava 37 euros por mês).

75% do preço de umas calças de ganga são para os  revendedores (retalhista dois terços) e para a empresa de marca (um terço).

24% são para material e transporte:

1% são custos do trabalho. Por umas calças que custam 49 euros a trabalhadeira recebe 0,49 € 

Para a produção de umas calças de ganga (plantação de algodão e acabamento com produtos químicos) são precisos 8.000 litros de água. Só para o branqueamento de umas calças de ganga com cloro são utilizados 60 litros de água (para comparação, um alemão utiliza 128 litros de água por dia). No tratamento de umas calças de ganga são usados até 700 produtos químicos.

Umas calças precisam de percorrer 19.000 km até chegarem ao vendedor na Alemanha. O algodão é cultivado na Índia ou Cazaquistão, fiado em fios na Turquia, colorido em Taiwan, tecido em pano na Polónia e com ele são feitas as calças de ganga na China.

Em 2013 a Alemanha importou 114.000.000 calças de Ganga. Por isso a média do custo de umas calças de ganga na Alemanha são 8,77€. Na França e na Itália o preço médio de umas calças de ganga são 15€. A diferenca dos preços vem do facto de a Itália e a França importarem apenas um terço da quantidade que importa a Alemanha. Para esta informação servi-me dos dados para a Alemanha referidos no HNA de 25.04.2015.

O preço da moda obriga! A indústria têxtil é mundialmente a maior poluidora. A globalização, no que se refere à ganância de lucro tem consequências horrendas: destrói o saber ancestral e hábitos culturais, coloca os trabalhadores num combate de concorrência internacional desesperada e não respeita o ambiente. 

Se na Europa os consumidores por razões éticas deixassem de importar os produtos Fast Fashion quem sofreria as consequências seriam as trabalhadeiras dos países da produção. Moralmente repreensível são as empresas que adquirem lucros à custa da humanidade. A sociedade precisa de uma mudança de pensamento, de uma nova mentalidade.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

Sem comentários: