Um exemplo de
efeitos da globalização
António Justo
As calças de ganga tornaram-se em
símbolo de liberdade.
0,8% da produção mundial de algodão
para calças de ganga
provém de agricultura biológica.
Uma costureira de calças de ganga
ganha em Bangladesch 65 euros por mês (antes da catástrofe em 2014 ganhava 37
euros por mês).
75% do preço de umas calças de
ganga são para os revendedores
(retalhista dois terços) e para a empresa de marca (um terço).
24% são para material e
transporte:
1% são custos do trabalho. Por
umas calças que custam 49 euros a trabalhadeira recebe 0,49 €
Para a produção de umas calças de
ganga (plantação de algodão e acabamento com produtos químicos) são precisos
8.000 litros de água. Só para o branqueamento de umas calças de ganga com cloro
são utilizados 60 litros de água (para comparação, um alemão utiliza 128 litros
de água por dia). No tratamento de umas calças de ganga são usados até 700
produtos químicos.
Umas calças precisam de percorrer
19.000 km até chegarem ao vendedor na Alemanha. O algodão é cultivado na Índia
ou Cazaquistão, fiado em fios na Turquia, colorido em Taiwan, tecido em pano na
Polónia e com ele são feitas as calças de ganga na China.
Em 2013 a Alemanha importou
114.000.000 calças de Ganga. Por isso a média do custo de umas calças de ganga
na Alemanha são 8,77€. Na França e na Itália o preço médio de umas calças de
ganga são 15€. A diferenca dos preços vem do facto de a Itália e a França
importarem apenas um terço da quantidade que importa a Alemanha. Para esta
informação servi-me dos dados para a Alemanha referidos no HNA de 25.04.2015.
O preço da moda obriga! A
indústria têxtil é mundialmente a maior poluidora. A globalização, no que se
refere à ganância de lucro tem consequências horrendas: destrói o saber
ancestral e hábitos culturais, coloca os trabalhadores num combate de
concorrência internacional desesperada e não respeita o ambiente.
Se na Europa os consumidores por
razões éticas deixassem de importar os produtos Fast Fashion quem sofreria as
consequências seriam as trabalhadeiras dos países da produção. Moralmente
repreensível são as empresas que adquirem lucros à custa da humanidade. A
sociedade precisa de uma mudança de pensamento, de uma nova mentalidade.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
Sem comentários:
Enviar um comentário