RÚSSIA
DESPREZADA E OFENDIDA
António Justo
Neste fim-de-semana, dia 7 e 8 de Junho,
realiza-se o G7 no castelo Elmau, Garmisch-Partenkirchen (25.000
habitantes), Alemanha.
Relevante seria que o G7 (grupo de chefes de
Estado e do Governo dos USA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Japão, Itália e
Canadá) se debruçasse sobre os temas políticos, económicos e climáticos sem se
aproveitar da cimeira para cerrar fileiras contra a Rússia, no sentido de uns USA
muito longe da Europa e do mundo.
Grande erro: a
Rússia não foi convidada. Interessante seria um G20 e não uma organização
mamute para jornalistas que dá a impressão de reunir em si os interesses dos
antigos impérios coloniais. De facto realiza-se uma Cimeira sem cimo porque lhe falta
a Rússia, a China, o Brasil, a África do Sul e a Índia. No G7 temos um monte que não reconhece fazer parte de uma
serra! Na aldeia universal
precisa-se de todos se se quer humanizar a humanidade e salvar a ecologia do
planeta.
Rússia
ofendida
Putin viu como sua primeira tarefa a de organizar
o Estado russo, o que está a conseguir depois das maneiras Wild West de Boris
Jelzin. Não será previsível que o presidente russo mude de atitude em relação
à Ucrânia. Os USA e a EU não têm trabalhado de forma construtiva com a Rússia,
o que a leva a destacar-se com posições menos compreensíveis.
A Rússia, tal
como a China não podem abdicar da sua situação de império, simplesmente porque os
USA e a Europa, em nome de uma liberdade ou democracia desaferida e mal-entendida,
querem conduzir estes impérios a uma situação interna equivalente à situação
dos estados do norte de África (Divide et impera!).
A Rússia precisa de tempo para estabilizar o
seu império colonial, precisa de paciência e não de provocação. Não é
percebível a política americana (e da EU a si encostada) que aposta apenas no
imperialismo económico e em ideologias de valores abstractos sem contemplar as
culturas e civilizações que parece querer ver desestabilizadas.
A europa precisaria de uma política comum. Um
quebrar do poder de Putin significaria a rotura dos povos. Putin sente-se ofendido
pelo ocidente e em especial por uma EU subjugada aos USA.
A actual Cimeira G7 também tem as suas
vantagens. Ângela Merkel vai-se empenhar, entre outras coisas, na limitação de
combustíveis fósseis e na implementação das energias renováveis (que já conta
na Alemanha com 300.000 empregados em consequência do Governo de Merkel ter
determinado acabar até 2022 com os reactores atómicos produtores de energia na
Alemanha).
Oxalá no G7 a EU saiba mitigar os acordos TTIP
(http://antonio-justo.eu/?p=2957)
para que a Economia não crie uma jurisprudência paralela e superior à dos
Estados membros. Também neste assunto parece que Merkel irá mitigar as ambições
liberalistas económicas dos EUA. Ela tem a legitimação e a tarefa a ela
atribuída por uma população que também pensa.
António da Cunha
Duarte Justo
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