Sexo
e Poder a servir a Excitação - Diferença entre Gregos e Germanos
Por António Justo
Os gregos embrulham o poder com papel couché
de sexo enquanto os germanos embrulham o poder com a sarapilheira do trabalho!
Isto provoca excitação numa sociedade sem capacidade de interpretação, mas em
que o escândalo é negócio.
A Alemanha e a Grécia encontram-se em luta
justa mas parcial porque cada uma aposta na sua razão esquecendo que a solução
viria de uma recíproca complementação.
Dinheiro,
poder e sexo prometem o que não podem dar mas lisonjeiam a liberdade que, à
sombra deles, perde a dignidade /virgindade.
A ambição do poder e o desejo sexual movem homens
e mulheres dando-lhes uma áurea acrescentada pela prostração das massas. O
poder sexy dos Varoufakis, dos Sócrates e até dos Berlusconi torna-se num
elixir irresistível que move admiradoras e admiradores pelo facto de unirem o
poder ao sexo e deixarem um cheirinho a dinheiro.
O poder corrompe, mas vestido de eros adquire
um brilho inocente que atrai a alma e ilude o desejo de liberdade. À sombra dos
poderosos, a cimentar o seu desejo de conquista, abunda também a
fantasia de Cinderelas que, para subirem a escada do poder, fazem uso da sua
força erótica. Ao seu desejo corresponde, por vezes, a necessidade dos poderosos
solitários que, na aridez da sua ocupação, procuram, também eles, a suavidade
da fêmea que lhes dá brilho e gera autoconfiança.
Sexo e poder dão brilho à tentação e movem as
massas, porque garantem a contínua excitação, especialmente, se não vestidos
nos fatos engravatados da tradição que dessexualizam o desejo.
O inocente sexo ajuda a vender o produto, ao
mover a tentação. Na vida pública e na fachada do poder, a mistura de sexo e autoridade
ainda se torna mais atractiva e deslumbrante quando a ela se junta o rastilho
da esquerda. O ingrediente esquerdo torna a coisa mais atractiva
porque ao sexy acrescenta a ideia da fecundidade que promete dar
sustentabilidade ao progresso.
Por estas e por outras, o génio grego
sente-se melindrado e o espírito protestante engravatado sente-se agravado; ao alemão
frontal habituado a andar por caminhos direitos e bem rasgados custa-lhe a
entender a mistura que o pacote grego encobre e porque teima tanto em andar por
curvas e atalhos.
Tal disparidade de formatos leva o germano a concluir
que o que o grego tem para oferecer é lábia erótica quando o germano só
negoceia com produtos. Para o germano o eros não vai para a rua nem faz parte da
exortação à guerra, para ele a rua é batalha e o sexo é sigilo que reforça, mas
fica em casa.
Por isso a dança de gregos e germanos se
torna monótona e repetitiva porque toda ela se dá em torno do cavalo troiano: uns
em torno do cavalo de Atenas, outros em torno do cavalo de Bruxelas.
Todo o alarido e discórdia vêm de diferentes performances.
O poder torna os instintos educados mas o sexo dá-lhe o brilho que não se quer
disciplinado. O nosso mundo é todo assim, feito de políticos e poderosos que
atraem mulheres e seguidores; tudo pronto a dar cambalhotas como gatos aos pés
dos donos, num bulício à volta do bezerro de ouro. O dinheiro tem em si
algo oculto que faz brilhar os olhos mas apaga a mente.
Também é de reconhecer que uma vida sem
tentação seria vida chata e abafada em mel a que faltariam as maviosas
modulações dos cânticos da cigarra.
Para não ser injusto e à maneira de conclusão,
cito o sociólogo Johan der Dennen que constata: ”Também mulheres poderosas têm
um apetite sexual acima da média”. Se
observarmos Ângela Merkel vemos como é verdadeira e forte a excepção à regra.
O problema na UE não vem do papel couché nem
da sarapilheira, o problema vem do que embrulham e o que embrulham é poder a encobrir
o poder!
António da
Cunha Duarte Justo
Pedagogo e Teólogo
www.antonio-justo.eu
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