terça-feira, 3 de novembro de 2015

Um País a fingir que não sente a Paixão que o atormenta – o eterno Adiamanto

UMA VISITA A PORTUGAL POLÍTICO

António Justo
Visitei Portugal e encontrei nele um país florido e aromático mas com tantos piolhos nos seus botões que escurecem sua alma e entristecem o espírito de quem o vê. 

Quem vê de fora nota em Portugal um país de orelhas caídas, a caminhar como um burro obrigado a seguir um caminho determinado por outros; observa nele um povo dividido em vítimas e delinquentes, mas todo unido no sentimento comum da inocência. 

Tem-se a impressão de uma nação em bulício que parece persistir em viver numa atmosfera de fim da tarde, num clima de declínio, onde não há democracia que lhe valha. Passamos do estado nação para o estado partidário em que os partidos se tornaram parte do problema e não da solução. Torna-se confrangedor como um povo inteiro é capaz de aguentar tanta intriga, tanta corrupção e tanto atrevimento/cinismo partidário apresentado como política para a nação.

Políticos e seus boys tomam conta de tudo; tomam conta do Estado, tomam conta das nossas conversas, do nosso tempo, dos nossos sentimentos, do nosso dinheiro e até do bem-estar da nossa alma. Para cúmulo da tristeza: tudo isto sempre a acontecer sem que alguém se dê conta para poder ter conta neles!

Aqueles, sempre ocupados num presente moribundo estão-se marimbando para o futuro, entregue à água que corre debaixo da ponte, empregam a maior parte do tempo a entreter o povo com banalidades ou rivalidades pessoais. Vivem do lusco-fusco, da ambiguidade alimentada pela negatividade odiosa, em coros de lamentações dos vários quadrantes políticos enquanto a verdade e a sinceridade passeiam nas ruas da amargura. Num Estado assim encontram-se, em estado de engorda, os oportunistas a viver do ajuste de contas no parlamento e na opinião pública.

Tudo anda a enganar, tudo finge não saber o que realmente sabe!

O Bloco (BE) sente-se incomodado com a Europa e não quer o Euro mas finge acordo com o PS e o PC.

O PC não quer a Europa, nem a NATO, nem o Euro mas finge, à primeira, querer coligação com o PS para depois deixar nas entrelinhas que isso seria burrice imperdoável.

O PS, para se safar e agradar à outra esquerda, finge esquecer a democracia, a UE e a NATO com que se comprometeu.

A coligação governamental PSD/CDS quer tudo: quer Portugal, quer a UE e quer a NATO fingindo que Portugal é independente.

O povo simples, esse coitado, para enganar a desilusão, quer tudo e não quer nada; para tal parece contentar-se com o conto de fadas do 25 de Abril sem se preocupar com a democracia e a corrupção nela instalada pelos históricos feitores da História de Abril.
Portugal encontra-se refém de um Estado parcial transformado em Cavalo de Troia.

Dentro dele prevalece um sistema partidário com jacobinos e republicanos (maçónicos) além de outros sicranos e beltranos. Um regime político incapacitado por um mercado de partidos e instituições afins, a produzir bem-estar para si e para os irmãos. Num Portugal de Clubes, partidos e seitas, num povo de cérebro bem lavado por chefes sem honra nem vergonha mas peritos em disfarce, finge-se ser o que não se é.

Resultado: Um povo enganado, uma esquerda arrogante e uma direita complexada e um Portugal triste a adiar-se ao toque de finados.

António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www.antonio-justo.eu

5 comentários:

Anónimo disse...

Desculpa a intromissão mas viste mal…aliás um defeito de quem vai e não volta mais…coisa comum dos que vão para países ricos solidários com pouca gente….
VL

António da Cunha Duarte Justo disse...

Senhor V L, a arrogância e o preconceito nunca foram bons conselheiros. Procure argumentar referindo-se ao texto para se perceber o que pensa e não só o que pretende!

Anónimo disse...

pois….o discurso esotérico reduz….há um outro que envolve: chamasse holístico.VL

Anónimo disse...

Olá V L, permite-me discordar; pelo que vejo, a grande parte do povo em quarenta anos entristeceu e “murchou” ; por falta de educação, mas sempre donos da razão… como lido muito com plantas, acho que a analogia do texto não está mal encontrada… É a minha opinião! Abraço.Aljusto

António da Cunha Duarte Justo disse...

Afinal sempre conseguiu depreender do artigo a necessidade de uma medicina holística individual e social para Portugal, aquilo que procurei sugerir no texto no sentido de se apostar política, individual e socialmente num paradigma de integração e se deixar de acentuar o partidário para se ter em conta o todo (a nação é maior que a soma das suas partes); para tal será também necessário deixar de apostar nos desequilíbrios emocionais e no mecanicismo em voga no aparelho de estado.
O senhor pecou certamente contra o espírito holista ao não ser nada envolvente revelando-se preso do espírito reducionista discriminando pela negativa emigrantes (que ajudam Portugal economicamente) … e contra os países economicamente mais ricos. Para continuarmos no sentido cristão e holístico não há como nos perdoarmos uns aos outros até porque tudo se encontra em todos e o erro é a outra parte do autêntico.