Criação de FME (Fundo Monetário Europeu para a área do euro)
António Justo
O presidente francês, defendeu, no Parlamento Europeu e no encontro com
Merkel, a necessidade de reformar a EU, repetindo, para tal, as exigências que
a EU já se colocava em 2012, mas que a constelação mais poderosa da EU ignorou
até agora. Agora sem o Reino Unido na balança tentam-se novos centros com um
pouco de mais poder para o Sul e que se nota na presença acentuada da França no
palco europeu.
Macron diz “não quero pertencer a uma geração de sonâmbulos”. Quer a criação de um orçamento da EU para
toda a zona do euro, quer a união
dos bancos e uma "capacidade orçamentária que exige estabilidade e
convergência na zona do euro".
A criação de um fundo monetário (FME) para a área
do euro pressuporia muita solidariedade.
Ângela Merkel só verá a possibilidade
de se transformar o MEE (Mecanismo
Europeu de Estabilidade – “guarda-chuva do euro”, atualmente com 500 bilhões de
euros e que evita que devedores paguem juros elevados) num fundo monetário europeu (FME), se houver mudanças nos acordos da EU. (Isto, em texto claro,
significa que as economias mais ricas do Norte terão de ficar com poder
assegurado nas decisões sobre o destino dos dinheiros que disponibiliza).
Para Merkel "O FME (Fundo Monetário Europeu) deve
ser uma instituição dos Estados parceiros e, ao contrário de Macron, não quer que
se torne numa outra instituição da UE sobre a qual a Comissão da UE (Bruxelas) poderia
ter uma influência decisiva"(cf. HNA 18.04). À imagem do FMI, o FME teria dinheiro para
países em crise e poderia desenvolver activamente países atrasados com recursos
financeiros e trazê-los para o nível da EU mais cotada.
Com a criação do FME seria o
começo de uma união de transferência mais fluente de dinheiros do Norte para o
Sul. O MEE depende atualmente dos ministros das finanças dos países da zona
euro e os países do Norte receiam que com o FME quem disporia sobre os bilhões
de euros seria a Comissão da EU e neste caso os estados doadores pouco ou
nada teriam a dizer.
A Alemanha quer que os
parlamentos dos países que alimentam o FME possam decidir sobre o destino das finanças. A Alemanha e outros
países têm medo que a Comissão disponibilize então dinheiros sem os ligar a
condições de reformas políticas e democráticas (Doutrina do antigo ministro das
finanças Wolfgang Schäuble que não queria ver o poder de distribuição de
dinheiro fora das mãos dos ministros das finanças). Os poupadores alemães têm
medo de terem de pagar para bancos com dificuldades noutros países da EU. A
Alemanha quer que os bancos e os estados sejam primeiramente reabilitados para não
se entrar numa situação de alimentação permanente de uns bancos pelos outros. Por isso o governo alemão evita falar de
um ministro do Euro e de uma Zona orçamental para o Euro. Em questões de finanças os países do Norte
querem manter o leme na mão para que não se passe a uma comunitarização das
dívidas.
A europa na deve
voltar ao nacionalismo, mas também
não pode tornar-se num clube de ricos e com os seus pobres; seria mais óbvio acentuar
o regionalismo, com uma democracia a partir da base, das regiões e dos povos. Só
assim se poderiam ganhar os povos da Europa para a União Europeia, doutro modo
continuará a ser imposta. O incremento das regiões seria também uma maneira
inteligente de não alimentar tensões nacionalistas.
António Da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4764
6 comentários:
Não ele não é sonâmbulo. ..mas é irresponsável, quando procura Glória a bombardear a Siria,mas incapaz de proteger os franceses dos muçulmanos, no seu País
Alaya Torga
FB
O seu activismo em questões de Europa terá a ver com recalcamento dos problemas no próprio país!
Nein, Macron gehört zur classe politica von USA-Banken…
Ksenija Duhovic-Filipovic
Creio que sim!
Parece razoavel a sugestão do Frances Macron,mas não temos conhecimento detalhado sobre a questão.Justo devia opinar,pois parece ser conhecedor do tema
Gabriel Cipriano
FB
O presidente francês, dado a maior importância dada à França, devido à saída do Reino Unido que antes puxava no mesmo sentido de Merkel, aproveita o impasse para colocar em cima da mesa as velhas exigências dos países do sul da Europa já expressas na EU em 2012, e até agora adiadas. Nada de novo debaixo do sol. Apenas o baralho das cartas se mudou superficialmente e a Europa precisa de reformas. Em tudo isto terão também influência os acordos a fazer com o Reino Unido. Os pobres continuarão a ser pobres e os ricos continuarão a ser ricos. Quem tem o dinheiro nos bolsos não o deixa a não ser que seja obrigado. O preço de algumas cedências que os países fortes concedam em benefício do Sul será à custa de maior centralização do poder e das decisões, de modo a os países do Sul não poderem ter tanta influência política em decisões de natureza económica.
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