Uma Sociedade em Transformação
António Justo
No passado
Domingo, 7.10.2018, judeus, membros do partido AfD (‘Alternativa para a
Alemanha), fundaram em Erbenheim, Wiesbaden, a „Associação Nacional dos judeus
no AFD" (JAfD). Esta fracção interna do partido não se entende como
organização religiosa, mas como organização política. “Judeus no AfD” é uma associação
independente, inicialmente com 24 membros. Para ser membro do JAfD é condição ser
membro do partido AFD e ter pertença étnica ou religiosa judaica.
Como
presidente foi eleita a médica Vera Kosova e como vice-presidente Wolfgang
Fuhl, que foi membro do Conselho de Diretores do Conselho Central de Judeus na
Alemanha. A JAfD pretende representar os interesses políticos, sociais e
culturais dos judeus no partido e na sociedade.
Na conferência de imprensa a presidente Kosova declarou que se distanciam de qualquer racismo ou extremismo,
acrescentando: "Nós não procuramos o confronto, mas o diálogo." O
vice-presidente Fuhl acrescentou que "o AFD é um partido extremamente
pró-Israel" e que nenhum outro partido apresentou tantos candidatos judeus
para as eleições do Bundestag como o AfD. Lamentou, por outro lado, a rejeição do abate
ritual (matança do animal com uma faca em rituais judeus e muçulmanos) e da
circuncisão, no programa do AfD. O abate ritual de animais é proibido na Suiça
e obstaculizado na Alemanha. Na Alemanha vivem mais de 100.000 judeus.
Muitos opinam
que isto pode ter sido uma jogada do AFD. Com esta iniciativa dentro do partido
o AfD não poderá ser acusado de antissemitismo nem de racismo, descartando-se
ao mesmo tempo das acusações de nazismo.
Em Frankfurt 250
judeus protestaram contra a nova fracção do AfD. O movimento causou reação negativa
dentro da comunidade judaica dentro e fora da Alemanha.
Apesar da
oposição frontal das organizações de interesse partidário e de organizações
sociais contra o AfD, este vai ganhando terreno na sociedade procurando
afirmar-se como o “único partido conservador”. O AfD defende a ideia que o
islamismo é incompatível com a constituição alemã.
O partido quer
expulsar membros conotados com ideias de extrema direita como Andreas Kühn,
Peter Hoppe e Lars Steinke.
O AfD consegue arrebanhar para si muitos adeptos
dos partidos da esquerda e da direita, devido à política das portas abertas de
Ângela Merkel em relação aos refugiados.
Na Alemanha, o AfD
tornou-se no "menino terrível" dos partidos e no bombo da festa da
opinião pública. Com excepção dos Verdes, todos sofrem bastante desfalque no
seu eleitorado. Isto tem provocado um terremoto em
todas as instituições políticas e sociais que até agora se sentiam à vontade no
seu agir. Agora que o sentimento popular se organiza no AfD e é apoiado por muitos intelectuais, a
conversa tornou-se outra. O poder instituído tem reagido aos factos porque com
povo organizado não se brinca porque o bolo do poder terá de ser mais
distribuído; isto independentemente da maior ou menor valia da força política
em marcha.Os temas críticos em relação à União Europeia que deram origem ao AfD, nunca teriam provocado uma tal implantação do partido, como a sua posição crítica em relação à política com refugiados e muçulmanos na Alemanha.
Nos últimos
inquéritos para as eleições parlamentares gerais na Alemanha, o AfD pode contar
com 16,6% de votantes.
António da Cunha Duarte Justo
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