segunda-feira, 29 de outubro de 2018

O ESTADO DO HESSE NA ALEMANHA VOTOU E O TERREMOTO EM BERLIM COMEÇOU


Merkel tira as Consequências renunciando à Presidência da CDU

Por António Justo

As eleições estaduais do Hesse  e da Baviera chumbaram o governo alemão mas as leis do destino obrigam-no a continuar.

O Estado do Hesse, com 4,4 milhões de eleitores, 23 partidos a concorrer às eleições e uma participação de 73,2% de votantes, acorreu, no Domingo (28.10.2018), às urnas.  O resultado eleitoral, no Hesse, (em termos de expressão política para os partidos que fazem parte da Grande Coligação da federação (GroKo)), foi semelhante ao da Baviera:  27% votaram na CDU (cristãos democratas), 19,8% no SPD (Partido Social Democrata), 19,8% nos Verdes, 13,1% na AfD (Alternativa para a Alemanha), 7,5% no FDP (Liberais),  6,3% na Esquerda (Socialistas) e noutros partidos 6,5%.
 
Em relação às últimas eleições os perdedores de votos foram a CDU -11,3%, e o SPD -10,9%; partidos que viram a sua percentagem engrossada foram os Verdes com + 8,7%, a AfD com +9,0%, o FDP +2,5% e Esquerda +1,1%.
Dos 137 lugares a ocupar o parlamento em Wiesbaden temos a CDU com 40 deputados, Vedes 29,  AfD 19, SPD 29,  FDP 11 e Esquerda 9. 

Tanto nas eleições da Baviera como nas do Hesse, os partidos que fazem parte da GroKo (Grande Coligação CDU/CSU e SPD) perderam 22,2%; na Baviera tinham perdido 21,4%.  Resumindo: os eleitores castigam a CDU/CSU e o SPD passando a votar nos seus concorrentes Verdes e AfD. As eleições regionais revelam-se como votos de não-confiança no governo central.

Os membros dos partidos são de opinião que a GroKo prejudica a CDU (60%) e o SPD (54%); a parte mais esquerda do SPD está a passar para os Verdes. a parte mais esquerda do SPD está a passar para os Verdes e as partes da direita da CDU e do SPD estão a fugir para a AfD.

A Chanceler Merkel anunciou não querer continuar a ser a presidente do partido CDU; em dezembro  põe o seu cargo à disposição para novas eleições no congresso da CDU. Tenciona ficar apenas como chanceler até ao fim do mandato e anunciou não se candidatar às eleições de 2021. Certamente um próximo posto adequado à Doutora Ângela Merkel e à EU seria a presidência da Comissão Europeia

A GroKo (coligação governamental em Berlim CDU/CSU e SPD) encontra-se em choque. Andrea Nahles (SPD): “O estado do governo não é aceitável”.  Na opinião de muitos politólogos novas eleições seriam uma catástrofe para o SPD.

Os eleitores andam fartos de votar verificando que as suas vozes não são ouvidas nas altas esferas da governação. Por isso se dá uma debandada de votantes do SPD e da CDU/CSU para a Alternativa para a Alemanha (AfD) e para os Verdes.

A AfD tornou-se na sovela que pica nos músculos mais fortes dos partidos estabelecidos e isto em todos os estados federados.

A Alemanha sofre dos problemas da doença europeia que ela mesmo também fomenta. A política das portas abertas, para refugiados políticos e da pobreza, aliada ao comportamento de muitos refugiados muçulmanos na Alemanha, levam o povo a não encontrarem mais o seu lar político nos partidos do centro.

A insatisfação dos cidadãos com a governação da Groko, apesar de excelentes dados da economia alemã, é imparável. A política de asilo mudou fundamentalmente o clima social do país. Os partidos continuam a ignorar as preocupações de grande parte do povo que assiste ao combate sistemáticos a valores fundamentais da civilização ocidental, com a conivência e apoio dos partidos nacionais; com argumentos da nova ética europeia dos valores abertos, a Alemanha, com Bruxelas, no sentir do povo poe os valores ocidentais à disposição da civilização árabe.

Os meios de comunicação social com as elites do sistema criaram no povo o medo de se manifestarem abertamente porque quem apresente alguma crítica ao islão é logo considerado pelos seguidores do politicamente correcto como extremista e como racista; a opinião é domada pela arrogância dos que se julgam em poder da verdade e da democracia e como consequência leva o povo a ter medo e a ter de se calar manifestando-se drasticamente nas eleições.

Os partidos do arco do poder dão volta aos assuntos da política, julgando que com conversa e com a renovação de pessoas nos postos políticos resolvem o problema; mas, o eleitor alemão dá-se conta do que se passa e castiga-os porque o problema maior a resolver, para um povo rico como o Alemão, é o dos valores de uma cultura que, em vez de serem renovados, são sistematicamente destruídos, por uma agenda radical de esquerda e pelo alheamento da economia financeira. Na europa assiste-se a um movimento que parte das bases e de uma classe intelectual frustrada pelo domínio irreverente de uma classe que surgiu da geração 68 e luta contra as raízes da sua civilização e se distanciou arrogantemente do povo. O que o povo pretende é uma mudança de atitude por parte dos governantes.

No Hesse governa a coligação CDU e Verdes; na próxima legislatura os dois partidos poderiam constituir governo embora com uma maioria de apenas um assento. O mais provável será a continuação da mesma coligação.  Em Dezembro, Bouffier pretende apresentar o novo governo com Tarek Al-Wazir que defende uma política Verde pragmática.

António da Cunha Duarte Justo

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