Merkel tira as Consequências renunciando à Presidência da
CDU
Por António Justo
As eleições estaduais do Hesse e da Baviera chumbaram o governo alemão mas as
leis do destino obrigam-no a continuar.
O Estado do Hesse, com 4,4 milhões de eleitores, 23 partidos a concorrer às
eleições e uma participação de 73,2% de votantes, acorreu, no Domingo
(28.10.2018), às urnas. O resultado
eleitoral, no Hesse, (em termos de expressão política para os partidos que fazem
parte da Grande Coligação da federação (GroKo)), foi semelhante ao da Baviera: 27% votaram
na CDU (cristãos democratas), 19,8% no SPD (Partido Social Democrata), 19,8%
nos Verdes, 13,1% na AfD (Alternativa para a Alemanha), 7,5% no FDP (Liberais),
6,3% na Esquerda (Socialistas) e noutros
partidos 6,5%.
Em relação às últimas eleições os perdedores de votos foram a CDU -11,3%, e
o SPD -10,9%; partidos que viram a sua percentagem engrossada foram os Verdes
com + 8,7%, a AfD com +9,0%, o FDP +2,5% e Esquerda +1,1%.
Dos 137 lugares a ocupar o parlamento em Wiesbaden temos a CDU com 40
deputados, Vedes 29, AfD 19, SPD 29, FDP 11 e Esquerda 9.
Tanto nas eleições da Baviera como nas do Hesse, os partidos que fazem
parte da GroKo (Grande Coligação CDU/CSU e SPD) perderam
22,2%; na Baviera tinham perdido 21,4%. Resumindo:
os eleitores castigam a CDU/CSU e o SPD passando a votar nos seus concorrentes
Verdes e AfD. As eleições regionais revelam-se como votos de não-confiança no
governo central.
Os membros dos partidos são de
opinião que a GroKo prejudica a CDU (60%) e o SPD (54%); a parte mais esquerda
do SPD está a passar para os Verdes. a parte mais esquerda do SPD está a passar
para os Verdes e as partes da direita da CDU e do SPD estão a fugir para a AfD.
A Chanceler Merkel anunciou
não querer continuar a ser a presidente do partido CDU; em dezembro põe o seu cargo à disposição para novas eleições
no congresso da CDU. Tenciona ficar apenas como chanceler até ao fim do mandato
e anunciou não se candidatar às eleições de 2021. Certamente um próximo posto adequado
à Doutora Ângela Merkel e à EU seria a presidência da Comissão Europeia
A GroKo (coligação governamental em Berlim CDU/CSU
e SPD) encontra-se em choque. Andrea Nahles (SPD): “O estado do governo não é
aceitável”. Na opinião de muitos
politólogos novas eleições seriam uma catástrofe para o SPD.
Os eleitores
andam fartos de votar verificando que as suas vozes não são ouvidas nas altas
esferas da governação. Por isso se dá uma debandada de votantes do SPD e da
CDU/CSU para a Alternativa para a Alemanha (AfD) e para os Verdes.
A AfD tornou-se na sovela que pica nos músculos
mais fortes dos partidos estabelecidos e isto em todos os estados federados.
A Alemanha sofre dos
problemas da doença europeia que ela mesmo também fomenta. A política das
portas abertas, para refugiados políticos e da pobreza, aliada ao comportamento
de muitos refugiados muçulmanos na Alemanha, levam o povo a não encontrarem
mais o seu lar político nos partidos do centro.
A insatisfação
dos cidadãos com a governação da Groko, apesar de excelentes dados da economia
alemã, é imparável. A política de asilo mudou fundamentalmente o clima social
do país. Os partidos continuam a ignorar as preocupações de grande parte do
povo que assiste ao combate sistemáticos a valores fundamentais da civilização
ocidental, com a conivência e apoio dos partidos nacionais; com argumentos da
nova ética europeia dos valores abertos, a Alemanha, com Bruxelas, no sentir do
povo poe os valores ocidentais à disposição da civilização árabe.
Os meios de comunicação social com as elites do
sistema criaram no povo o medo de se manifestarem abertamente porque quem apresente
alguma crítica ao islão é logo considerado pelos seguidores do politicamente
correcto como extremista e como racista; a opinião é domada pela arrogância dos
que se julgam em poder da verdade e da democracia e como consequência leva o
povo a ter medo e a ter de se calar manifestando-se drasticamente nas eleições.
Os partidos do arco do poder dão volta aos
assuntos da política, julgando que com conversa e com a renovação de pessoas
nos postos políticos resolvem o problema; mas, o eleitor alemão dá-se conta do
que se passa e castiga-os porque o problema maior a resolver, para um povo rico
como o Alemão, é o dos valores de uma cultura que, em vez de serem renovados, são
sistematicamente destruídos, por uma agenda radical de esquerda e pelo
alheamento da economia financeira. Na europa assiste-se a um movimento que parte
das bases e de uma classe intelectual frustrada pelo domínio irreverente de uma
classe que surgiu da geração 68 e luta contra as raízes da sua civilização e se
distanciou arrogantemente do povo. O que o povo pretende é uma mudança de
atitude por parte dos governantes.
No Hesse governa a coligação CDU e Verdes; na
próxima legislatura os dois partidos poderiam constituir governo embora com uma
maioria de apenas um assento. O mais provável será a continuação da mesma
coligação. Em Dezembro, Bouffier
pretende apresentar o novo governo com Tarek Al-Wazir que defende uma política
Verde pragmática.
António da Cunha Duarte
Justo
Pegadas do
Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=5018
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