Vivemos na ilusão da verdade e da fantasia, puxados entre a banalidade do factual e um mundo de ideias feito que nos tornam incapazes de ter acesso à Realidade. Esta encontra-se na fórmula trinitária onde tudo se resolve na relação mais profunda, da vivência do nós através do eu descoberto na relação com o tu.
Geralmente passamos a vida a afastar-nos de nós mesmos e de Deus, do mundo integral. Tropeçamos ou escorregamos em tudo, sem ter, sequer, procurado descobrir-lhe o sentido. Por isso tanta doença em excesso, tanta desarmonia. Procuramos fora o que está dentro, quando o dínamo, o amor, escondido ou roubado, que tudo cura está em nós. É a presença divina subjacente à essência, ao ser das coisas que é preciso activar em nós. Então curamos e seremos curados. Por vezes até uma doença pode vir por bem. Certo é que no mundo só se avança através da dor. Há muitos que fazem dela um negócio.
Tal como a dor também a doença constitui um momento no acontecer do ser, com as suas vantagens e desvantagens. O nosso corpo é como uma paisagem que depende e reage ao estado do tempo, da alma. Nas doenças encontram-se mensagens da alma por descobrir. Muitas vezes, já a tentativa de descobrir o que provocou uma dor de cabeça, é suficiente para a tirar.
A relação entre consciente e inconsciente quer-se aberta para que os fluxos fisiológicos e psicológicos não se automatizem, destruindo-nos com o tempo. As imagens que se encontram no fundo do mar da alma esperam por ser trazidas à tona manifestando-se, por vezes, como sintomas e deixando rastos dolorosos.
A nossa vida, tão determinada por correrias, não é tida em apreço, pelo que não nos concedemos tempo suficiente para prestarmos atenção às mensagens do nosso corpo e do nosso espírito. Damos demasiada atenção ao que nos rodeia, fixando-nos nisto ou naquilo esquecendo-nos de nós, do sentido, estando desatentos ao que os nossos sentimentos e o nosso corpo nos quer dizer com as suas reacções. Em vez de nos darmos tempo submetemo-nos ao stress doutras correrias para remediarmos um mal por nós ou por outros maquinalmente criado. Para subjugarmos os diabos em nós acordados recorremos, por vezes a outros diabos que nos iludem.
Em tempo de crise recorremos a tudo e a todos; a nossa abertura passa por vezes a não ter limites. Surgem então muitas pessoas a querer-se ajudar, ajudando-nos. O melhor ajudante é o mais desamparado, o mais fraco. Só conseguiremos ajudar a desatar os nós dos outros quando já conseguimos desfazer algumas das nossas laçadas. O ajudante procura criar um campo de ressonância e de harmonia procurando envolver e integrar o paciente na vibração que lhe possibilita entrar em relação. Esta pode ser preparada por uma pessoa, uma música, uma respiração ventral calma, uma oração, meditação, palavra ou rito. A ressonância consegue não só influenciar os areais cerebrais como interferir no vibrar das células, diria mesmo, nas partículas quânticas. Ela ajuda-nos ao acesso às nossas fontes, a penetrar nos vários estratos na tentativa de chegar ao coração, ao âmago do ser que é puro espírito. Aí no lugar do amor divino jaz a fonte da energia que passa a correr pelo corpo desfazendo os bloqueios emocionais, corporais e espirituais. Uma vez aí chegados, a fé transporta montanhas, como dizia Jesus. O amor vibrante provoca a ressonância que tudo muda e tudo transforma. Então o acorde da natureza provocará a cura – os sons em sintonia com o espírito divino único actuante. Impulsionadores simplificam o processo da re-ligação concentrando-nos de modo a acendermos a chama da transcendência no nosso meio.
Ver, perceber e acreditar para lá dos cinco sentidos, predispõe para a vivência na participação dos vasos comunicantes que somos nós, constituídos de matéria e espírito em diálogo recíproco. Daí a necessidade de nos mantermos abertos para os fenómenos que estão por detrás do mundo físico e às capacidades paranormais, sem preconceitos religiosos nem científicos, sejam eles materiais ou espirituais; abrir-nos para a dimensão espiritual do saber colectivo escondido, o espírito em nós e no mundo. A realidade tem várias dimensões de acesso, entre elas, a mundana e a espiritual. A via espiritual não poderá estar ligada a escravidões da pessoa nem tão-pouco do seu porta-moedas. “A fé transporta montanhas “. Ela move a força do Espírito Santo em nós.
Trata-se de através do Espírito activar as energias jacentes em nós mesmos, com naturalidade e sem presunção. Mover a força através da entrega nas imagens interiores e do pensamento possibilitando outras dimensões em nós. Fiat voluntas tua!
A massagem terapêutica, a massagem da respiração, do silêncio, da música têm um efeito terapêutico conduzindo à cura, ao sagrado, à fonte da luz, à ressonância do amor em nós e em tudo. O tratamento através da virtude curativa numa combinação de espírito, alma, corpo e energias naturais, tudo aliado à energia das ideias, abre a nossa consciência para o acesso de energias superiores. No mais íntimo do nosso sacrário “dormem” potências milagrosas à espera de serem acordadas pela brisa do amor. O estímulo para o acordar pode ser o mais variado, independentemente das crenças e dos médios.
António Justo
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