Portugal dos Pequeninos para os Grandes na Corrupção
Portugal ao Desbarato
O Pe. António Vieira dizia: “Quem rouba uma galinha é ladrão, quem rouba um império é imperador!” Se ele vivesse depois do 25 de Abril certamente que acrescentaria: e quem se apodera dum povo é democrata!
Portugal, um país com uma grande cultura e com um grande povo tolerante e trabalhador, assiste de dia para dia a uma degradação social contínua na justiça, na escola, na saúde e na família, sendo, dos 27 países da União Europeia, o país que menos cresce apesar das injecções económicas dos emigrantes e da EU.
Num Estado pequeno e mal gerido a insatisfação e a indignação cada vez ganha mais terreno apesar do estoicismo do povo. Por todo o lado se encontra gente a bater baixinho com a língua nos dentes. O partido dos descontentes, em gestação, promete grandes mudanças num futuro próximo!... A não ser que exportem também a insatisfação, como parece querer um representante do governo: o presidente do controlo da qualidade alimentar (ASAE).
Num regime do faz de conta vive-se em segunda mão, à maneira dum musical de contraste entre dançarinos alegres e leves e suas sombras tristes nos espectadores. O desencantamento, a desilusão, a frustração e o medo estão cada vez mais presentes na sociedade. Apesar de melhoramentos epidérmicos a pobreza e a insegurança social aumentam. O povo, sem contrapartidas, sente-se cada vez mais refém da União Europeia e dum aparelho de Estado com uma voracidade desmedida. Portugal acaba de comprar 37 carros de combate Leopardo 2A6 à Holanda quando isso nada tem a ver com os interesses da nação, dado o seu amigo e rival ser o mar! A confusão de cargos políticos com cargos económicos dão paulatinamente a impressão do Estado ser cada vez mais uma loja de auto-serviço para políticos, tal como deixa prever a imprensa ao constatar que Paulo Teixeira Pinto, Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros – Presidente do BCP –“ Ainda novo e depois de 3 anos de "trabalho", saiu com 10 milhões de indemnização e mais 35.000€ x 15 meses por ano até morrer”. O mesmo país democrático concede a um trabalhador de 85 anos que toda a vida trabalhou e sustentou 10 filhos, com 30 anos de descontos, uma reforma mensal de 291 euros! Naturalmente que este, aos 85 anos, tem de continuar a fazer biscates para poder defender a dignidade humana que o Estado lhe rouba. Os outros, os dançarinos do poder vivem à sombra dos louros da democracia que irresponsavelmente esvaziam dos valores que a legitimarão.
Da Quinta dos Salazares para a Quinta dos Soares
É uma dor de alma assistir-se à degradação contínua dum povo e país em que sociedades “anónimas” ideológicas e boys sem rosto o ocupam de mente leve, reduzindo a vida da nação a uma feira de Espinho. Os interesses económicos dos favorecidos do sistema vencem sobre a justiça. O Estado parece criar no seu ser um parque para infractores da justiça social onde o negócio dos mais fortes pode florir. A camarilha da economia, política, capital e justiça reduzem a divisão dos poderes do Estado a um conto de fadas. A nação vive predominantemente duma consciência dirigida por lobbies com expressão acrítica nuns Media inconscientes do seu papel nacional.
O poder legislativo, em democracia partidária, pensa apenas em ritmo de quatro anos; o executivo não tem coragem suficiente e deixa os tubarões à solta, o judicativo perde o seu tempo com o peixe miúdo. O ladrão só é apanhado até uma certa soma, daí para cima torna-se tudo muito complicado. Tudo é comerciável. A democracia perverte-se a si mesma, não tem respeito pela nação/cultura, pelo povo nem pela pessoa humana. Salve-se já não quem puder mas quem tiver hipótese de encosto às nomenclaturas que, cada vez, ameaçam mais apoderar-se do Estado e manter o povo refém. O Estado não cumpre as leis dando-lhe a volta com Despachos ministeriais. A constitucionalidade de leis e despachos deixa muitas vezes a desejar e peca pelo facto de na sociedade portuguesa não haver uma sociedade civil organizada que coíba a hegemonia partidária. Instituições representativas de interesses e pessoas individuais seguem a tradição do pobre que só protesta para lhe aumentarem o salário. Num país com consciência democrática forte a Administração Fiscal não poderia ser praticamente autónoma com poderes judiciais, o que iria contra uma Constituição democrática coerente. O Estado exige do “cliente” o que não cumpreele mesmo.
Os que abusam do poder não precisam de prestar contas a ninguém porque sabem que os parceiros que os poderiam denunciar também têm cadáveres escondidos na cave (neste caso o calar ou ignorar é mesmo ouro) ou arranjam um “irmão” salvador, podendo contar com um povo inocente sem poder nem organização para ter pensar próprio. Um civismo subdesenvolvido na disponibilidade de ser pau para toda a colher.
Em Portugal não se assiste a um debate nacional nem dos interesses nacionais. Este é substituído por debates partidários dirigidos à emoção. Um exemplo da nossa situação e paciência pode até ver-se no sensacionalismo e demora do nosso Telejornal ou na falta duma emissora nacional qualificada à altura duma Rádio Alemã. A Nação deixou de ser tema de interesse desde o 25 de Abril. Vive-se o dogma do politicamente correcto e do acomodar-se.
Muitos governantes, com a sua vaidade e prepotência, pretendem a politização e judiciarização total da vida popular. A sociedade prevista por Orwell encontra agora, com as novas tecnologias e políticas, uma especial implementação através da conexão de bancos de dados. Estes possibilitam a completa radiografia, um perfil abrangente do cidadão, que passa a ser reduzido a um dado, a um número disponível para interesses de terceiros. Os órgãos de estado, cada vez mais distantes do povo, cada vez mais nomenclatura, encontram os seus parceiros nos partidos, administração, bancos, polícia, fundações, finanças.
O estado Orwell vive das estatísticas e do controlo do número. Como neste estado o mote é “democracia” e o povo anda desgarrado, torna-se necessário um aparelho central forte, capaz de manter a diferenças institucionalizadas. Nos estados autoritários os dominadores ainda eram reservados nas palavras; no nosso regime os soares e seus acólitos, muitas vezes, não têm problemas em apoderar-se da televisão para esconderem os próprios males falando mal dos salazares e comparsas que, apesar de tudo, eram mais módicos no aproveitar-se do povo em benefício da sua bolsa pessoal. Naturalmente que o sistema actual é mais “limpo”, também porque legitima, já de princípio, a injustiça a praticar pelo eleito. Uma precariedade depende da outra. Falam com tanto desplante na TV que dá impressão de que partem do princípio de que o povo ouvinte é estúpido!...
Antigamente, os governantes ainda mostravam um certo respeito pelo povo, porque se sentiam parte dele, hoje, encostados ao capital e à U E, despromovem o povo e a nação com um arrojo de inconscientes a meter água na sua televisão. O povo analfabetizado com tanta informação, e porque não tem tempo para ler noutras cartilhas, suporta hoje com resignação, o que ontem aguentava sem pensar.
Um grupo de dançarinos da liberdade, novos-ricos à laia de cowboys, instalou-se no palco da democracia, parecendo descobrir sempre um resto de país disponível. Comportam-se como donos dum couto de que não conhecem os serviçais.
Ultimamente, o Presidente da ASAE em entrevista a “Sol” responde a uma pergunta referente ao controlo social crescente: ” se nós não quisermos viver nesta sociedade temos hipótese de emigrar”. O seu estado proletário só parece ter lugar para a sua nomenclatura e seus fiéis servidores. Numa democracia do faz de conta, os barões do seu Abril vivem sem rei nem roque nem o diabo que lhes toque porque sabem que o povo não entendeu o que verdadeiramente tem acontecido em nome da liberdade e da igualdade. Os dançarinos do poder querem uma sociedade acultural frágil, construída num civismo intoxicado que tudo legitime. Muitos dos seus obreiros actuam discretamente e de luvas sem se sujarem!
Boa noite Portugal!
António da Cunha Duarte Justo
1 comentário:
Prezado António,
o dinheiro deste banqueiro vem dos emigrantes e do trabalho com as mãos.
Obrigado, Danke.
Ralf
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