O Radicalismo das Sociedades por Acções
O radicalismo do capitalismo liberal com as suas leis radicais do mercado, em voga, espalha-se como as pragas do Egipto. As consequências vemo-las também nos países em vias de desenvolvimento que, em vez de beneficiarem com o Globalismo do mercado, como seria de esperar, não saem do impasse. A classe média é destruída na Europa, os pobres cada vez se assemelham mais aos pobres da América. O erário público é que tem de socorrer com biliões de Euros para impedir a bancarrota dum mercado financeiro desregulado praticado por bancos e accionistas sem moral.
Precisa-se duma política com lugar para o particular, para o trabalhador. Este, apesar de produzir grande riqueza vê os lucros da empresa serem comidos pela praga dos gafanhotos de instituições de acções, que, apesar da produtividade das empresas, as destroem para satisfazerem a ganância e o desejo de expandir à custa do pequeno. Já o Padre António Vieira dizia: “Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos nem mil para um só grande.”
O problema é que, também, se não pode ter confiança na esquerda porque perdeu o comboio da história não tendo compreendido a nova era do globalismo. Os socialistas, por sua vez, são os melhores sacristães do turbo-capitalismo porque o promovem sem que ele fique com remorsos, ainda agarrados a ideias internacionalistas à custa da própria cultura e do povo simples. Ao Centro-direita falta-lhe uma filosofia conservadora consequente moderna e, além do mais, os países pequenos estão condenados a ver a banda passar e o que é desonrante ainda os governos a bater-lhe palmas. É preciso um capitalismo de rosto humano em serviço do humanismo e não só apenas do lucro.
A justiça social, numa economia global, tem que ser acompanhada a nível global por estruturas universais à imagem dos sindicatos que surgiram nas economias nacionais provenientes da revolução industrial.
A injustiça social e as desigualdades entre as elites e o proletário já fazem lembrar o futebol. Os espectadores é que têm de pagar os ordenados exorbitantes dos futebolistas. O que aqui acontece de livre vontade acolá acontece por obrigação. A lógica, porém, é a mesma. O Estado, ao permitir que instituições firam o nervo da honra do trabalhador, torna-se cúmplice e não merece o respeito de quem, apesar do trabalho intensivo, não ganha para ter uma vida digna. Há pessoas que apesar do trabalho ainda estão dependentes do apoio social devido aos pobres.
Na potência que é a Alemanha, o poder de compra dos trabalhadores, desde a Unificação da Alemanha, não sobe.
O pior ainda é que apesar de se assistir ao aumento da pobreza nos países ricos, não se vê uma subida correspondente nos povos em via de desenvolvimento, como seria de esperar com uma boa globalização. Os problemas continuam.
As fronteiras entre uma injustiça aceitável e uma injustiça inaceitável cada vez são menores. Naturalmente que um estado injusto vive melhor de alguns ricos e muitos pobres do que de muitos remediados e poucos ricos. O que lhe importa é o tilintar da moeda nos ministérios da economia e das finanças.
O distanciamento do Estado em relação aos seus cidadãos está a tomar proporções que favorecerão o aparecimento de grupos extremistas por todo o lugar. Os aparelhos militares terão de ser reforçados em tempo previsível.
Por enquanto, os Estados europeus ainda poderiam ter mão nas grandes multinacionais. O capitalismo nacional ainda se deixava orientar por considerações de solidariedade e de respeito para com os trabalhadores e para com os cidadãos. Os grandes accionistas não têm terra nem têm alma. Só conhecem o deus Mamon. E ao seu serviço querem o homem e a cultura como parte da sua mercadoria.
Além disso os tubarões internacionais são incontroláveis e a pontos de ganharem maior poder que muitíssimos países. Este é, além dum perigo para os trabalhadores, um perigo para as nações.
António da Cunha Duarte Justo
1 comentário:
Prejudicados da Globalização: Classe Média e Trabalhadores
Urge criar uma cultura da solidariedade em vez da exploração. São precisas medidas que humanizem a globalização. Esta fomenta o medo e desmiola a dignidade humana, pondo a pessoa ao ao seu serviço e disposião. O trabalho hoje tornou-se inseguro subjugando assim o trabalhador a uma especulação que só pode criar vítimas. A economia de mercado extremista vive bem da carência dos mais fracos. As leis darwinistas da natureza reprimem as leis positivas culturais alcançadas até ao século XX.
É o roubo descarado à natureza e ao homem. Geisler, um político cristão alemão constata: “Quando eu era Secretário Geral do CDU (União da Democracia Cristã) havia o slogan ’Liberdade em vez de Socialismo’. Hoje tinha que se dizer ‘Solidariedade em vez de Capitalismo’”.
Precisa-se duma economia de mercado ecossocial
António Justo
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