Celebração do 2° Milenário de S. Paulo embaraça a Turquia
Tarso, local onde nasceu o apóstolo S. Paulo, fica, junto à Síria, em território que hoje pertence à Turquia. A Igreja de S. Paulo é um íman de atracção turística, para a região. Porém, para cristãos lá poderem celebrar a liturgia têm que, vez por vez, requerer uma licença das autoridades turcas para o poderem fazer. Além disso têm de pagar entrada e trazer tudo, desde as velas à cruz. O Estado tinha transformado a Igreja católica de S. Paulo em depósito militar, declarando-a como museu nos anos 90.
Agora, nas comemorações de 2000 anos do nascimento do apóstolo Paulo, os católicos querem construir em Tarso um centro de encontro para peregrinos. Esta é uma exigência embaraçosa que contraria a política cultura hegemónica da Turquia. A modernidade exige dela maior tolerância. Em contrapartida porém a religiosidade turca afirma-se na Europa, o que encoraja alguns bispos alemães a solicitarem a aceitação da construção do centro.
Na Europa as Mesquitas surgem, por todo lado, como cogumelos. Até ao presente a táctica muçulmana de exigência de direito à sua expansão religiosa na Europa tem resultado sem terem de cederem a contrapartidas. Reservam-se para si a praxis de perseguirem e oprimirem os cristãos.
O problema do exercício da religião na Turquia está no facto da religião ter sido nacionalizada e o Estado só conhecer o Islão como factor de identidade do Estado Turco. Em 1920, 25 % da população turca era cristã agora é apenas 0,1 %. Mesmo assim continua sujeita a discriminações e perseguições. A discriminação cimenta-se mediante um número específico no bilhete de identidade, que identifica o cidadão como cristão. Os cristãos são impedidos da participação em cargos médios ou superiores no funcionalismo público.
Mesmo em Istambul, antiga Constantinopla, muitos cristãos não podem manifestar a sua fé em público, como refere a revista alemã Spiegel n° 12/17.3.08: Em Istambul, “ cristãos criaram uma sala de oração numa antiga fábrica, mas, indiscutivelmente, sem sinais públicos visíveis como a cruz ou torre. A formação de pessoal eclesiástico não é possível. Conventos e seminários para padres foram fechados, há anos. Centenas de igrejas e casas da comunidade cristã foram confiscadas. Há meses o Tribunal Superior da Turquia proibiu ao “patriarca ecuménico” (bispo ortodoxo) o uso do título que tinha desde há séculos… Também não é permitido preencher as vagas por pessoal estrangeiro.”
Um pastor evangélico que tem ao cuidado 10.000 reformados alemães estabelecidos no sul da Turquia, para ser tolerado como tal, tem que fazer parte do pessoal diplomático do consulado alemão.
As perseguições têm chegado ao assassínio de cristãos. O governo desculpa-se dizendo que não há propaganda contra cristãos. Esquece-se de dizer que a intolerância religiosa ainda é inerente ao Islão, pertence à essência do seu credo, praticando a intolerância institucional, a partir do momento em que alcançam a maioria da população. Até aí fecham-se no gueto, definindo-se na demarcação. Consideram a tolerância dos cristãos como fraqueza e como cedência ao ateísmo e ao modernismo. Na Turquia até os militares advertem para o “perigo de convertidos” ao cristianismo; em 7 anos houve 344 pessoas islâmicas que se converteram ao cristianismo.
O problema é que muitas mesquitas são testemunho de pretensão de poder. Querem construir em Colónia uma mesquita maior que a catedral e que custa 25 milhões de euros sendo financiada pelo Ministério da Religião de Ankara, que se serve da organização Ditib para o efeito.
O radicalismo muçulmano tem florido na Alemanha à sombra das mesquitas, estando muitas delas sob observação.
A Alemanha só agora acordou para os problemas de carácter fascista que, através da religião tem dado oportunidade à cobertura do terrorismo muçulmano internacional. Agora a Alemanha quer que os chefes religiosos (Imames) das mesquitas sejam formados na Alemanha e não apenas como até aqui com o envio anual de 600 Imames pagos pelo estado turco. Os estados petrolíferos árabes também são pródigos no fomento da presença muçulmana através da construção de mesquitas.
Ertugrul Özkök, chefe redactor do jornal “Hüriyet” afirma:”Os turcos construíram mais de 3.000 mesquitas na Alemanha, e nós não conseguimos tolerar sequer um par de igrejas e uma dúzia de missionários”.
O problema da Turquia e da sua abertura à Europa é religioso. O Islão é a religião do estado; outras são vistas como uma ameaça ao turquismo. Um outro problema dos muçulmanos em aceitarem a supremacia constitucional dos estados em que se encontram é o facto da sua religião ser absorvente e mais que um sistema teológico ser um sistema jurídico. O problema da lealdade para com as leis dum estado torna-se muito complicado. O islão ainda não atingiu a época do renascimento. Pode ser que os muçulmanos europeus, quando os cidadãos europeus os tomarem a sério se vejam na necessidade de renovar a sua religião. O renascimento muçulmano, só poderá ser levado a efeito pelas mulheres. O sistema patriarcal e machista actual são mesmo muito cómodos para os homens. A vantagem do islão perante o cristianismo está no facto de nele vingar a lei natural (do mais forte), isto é, a lei natural foi assumida pela lei positiva enquanto que o cristianismo, na sua lei positiva, a contraria muitas vezes. A monogamia foi uma das leis positivas que o cristianismo afirmou na defesa da mulher.
Por estas e por outras a Turquia não poderá entrar na União Europeia tão depressa.
A praxis mostra que o Islão, duma maneira geral, é hegemónico e implica em si uma estratégia de luta contra o que não for muçulmano. Os povos muçulmanos não conhecem o termo de nação no sentido do Ocidente. O seu termo de identificação é o islão. Por isso se torna tão fácil a acção do terrorismo internacional entre os povos de religião islâmica. O muçulmano religioso não se integra nas sociedades onde se radica. A formação de guetos cerrados é consequência que considera a mulher e o não muçulmano impuros. Geralmente não convidam para casa visitas que tenham um credo diferente do deles. Têm os seus representantes rotineiros que, pró-forma, visitam iniciativas dos cristãos, o povo em geral não o faz. O diálogo é uma estrada de sentido único! Este comportamento e uma experiência negativa das camadas jovens com colegas turcos criará grandes problemas nas relações de convivência. Os políticos e as empresas que cometeram grandes erros na política de imigração calam-se ou colocam o testo por cima desse panelão para impedirem o mau cheiro.
A tolerância da intolerância só fomenta a intolerância. Necessita-se duma cultura do bom argumento.
António da Cunha Duarte Justo
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