Acabou o carnaval, uma parte bela da vida dedicada mais ao exterior, para se seguir uma outra parte, também bela, que é a vida interior. Com a quarta-feira de cinzas começa a quaresma (quarenta dias antes da Páscoa) em que cristãos e muitos não cristãos procuram dedicar espaço também para o jejum e abstinência. Quaresma é, para os cristãos, um tempo de purificação em que se participa na entrega e sofrimento da vida de Jesus, para preparar em si mesmo a realização da Páscoa. Trata-se de superar a rotina da vida para possibilitar a experiência da vida interior. Com o jejum adquire-se maior sensibilidade e maior presença de espírito nas relações humanas e espirituais.
Segundo a
tradição, o jejum e abstinência implicam uma tríade: jejuar, rezar e dar
esmolas. Tudo isso deve acontecer no silêncio e discrição para se não alimentar
a ambição nem o narcisismo; isto tem como finalidade purificar a pessoa de
maneira que se torne mais aberta e sensível para o próximo e para Deus, para o
corpo e para a alma.
Há várias formas
de jejum, entre elas, renúncia a tabaco, álcool, dispensa de doces, jejum do
Telemóvel, do querer levar a sua avante, etc. Deste modo fortifica-se também a
vontade e ajuda-se a suportar a frustração. As satisfações exteriores
diminuem-se um pouco para beneficiar as interiores. Tem-se o benefício de se
sentir um tempo, uma pausa do habitual aparentemente inútil e sem um objectivo
concreto. Isto possibilita a vivência de experiências diferentes das habituais
e dá oportunidade à criatividade e à intuição.
António da Cunha
Duarte Justo
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