António Justo
Para uma análise mais objectiva
na discussão com menos generalizações refiro alguns dados de fundo para que se
possa comparar a realidade entre a rica Alemanha e a pobre Grécia.
Segundo refere o
Bildzeitung, na Grécia as reformas são gordas porque consomem 17% do produto
económico do país, o que significa ocupar o segundo lugar na europa, depois da
Itália, na generosidade de um pai estado que para outros se revela padrasto. A
maior parte das reformas gregas são financiadas pelo Estado e não por
contribuições.
Segundo o Frankfurter
Allgemein a pensão média na Grécia é de 960 euros e na Alemanha 792 euros. Segundo
a dpa, a idade da reforma na Grécia é, em média, 56,3 anos e na Alemanha 64 anos.
Na Alemanha quando se entra na reforma passa-se a receber cerca de 68% do que
se recebia em tempo activo.
Mesmo estas diferenças
e outras, que levam os alemães a serem renitentes em relação à Grécia, não desarmam
o argumento da Grécia de que as economias do Sul devem ser defendidas da
avalanche dos países ricos do norte que atacam desmedidamente os fracos de modo
a torna-los eternos dependentes, além de lhe destruírem a dignidade individual
e nacional com o seu moderno colonialismo. De facto, a mudança social adquirida a nível cultural através da geração 68
(expressão das grandes guerras) com a campanha de destruição de valores como
família, tradição e não distinção entre liberdade e libertinagem, em nome dum
progresso necessário mas que não deveria ser devastador, está agora a continuar-se
com o colonialismo económico por parte de um globalismo económico das potências
economicamente fortes que destrói tudo o que é mais fraco sem consideração do
legado cultural e civilizacional ocidental.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
1 comentário:
Meu caro Justo!
Obrigado por esta mensagem.
Como sabes, eu gosto de ler os teus artigos por compreender a tua posição/preocupação com a actualidade.
No que toca à Turquia, é pena que a maioria dos turcos não tenha acesso à informação real do que se passa ou vai passando no Mundo, por falta de conhecimentos linguísticos (refiro-me à imensidão – milhões de habitantes da Anatólia, por exemplo, onde o analfabetismo ainda domina).
Na minha cidade de Lübeck, onde existe uma enorme comunidade turca, verifico o antagonismo entre os “iluminados” (especialmente oriundos de Istanbul e Izmir) e o povo “atrasado”, analfabeto, vindo da Anatólia. Uns falam alemão fluentemente – mesmo os seus imans, as mulheres andam sem véus; os outros mesmo velhos que depois de 20 – 30 anos neste país nada sabem da língua do país onde têm vivido, para além de duas ou três palavras ou pequenas frases coloquais do dia-a-dia. As mulheres deles, mesmo as dos mais jovens, andam de véu inteiro e de saia até aos pés, cheias de roupa, para lhes tapar a figura física.
Aqui, os muçulmanos têm três mesquitas. Uma, a dos “iluminados” é aberta a toda a gente que a queira visitar, independentemente da crença ou não crença que tiverem. Temos apenas de respeitar os princípios de descalçar os sapatos antes de lá entrarmos e irmos lá para trás, quando é momento de oração. Podemos estar de pé ou sentados, enquanto eles se dobram e vão com a cabeça ao chão. Já lá estive com a Angelika duas vezes e serviram-nos sempre chá e umas coisinhas para comer. Numa das outra duas, dos “atrasados”, não deixam entrar quem não seja muçulmano. Na terceira que eu referi não me interessei ainda por lá ir. Sei que é frequentada por muitos crentes de outras origens que não apenas turcos. De resto, aqui em Lübeck, há também uma comunidade curda muito grande. Muitos vão às referidas mesquitas, mas sei que também têm locais de encontro à parte, sem ser nas mesquitas.
É a actualidade do mundo em que vivemos. Se os turcos – e não só – tiverem acesso (compreendendo!) o mundo actual (não o da Idade Média em que continuam a viver intelectualmente), então o Erdogan e o seu partido perderão muitos mais votos.
Um grande abraço
JAFC
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