Em vez de português erudito fomenta-se o português
macarrónico
António Justo
Especialmente nos países da lusofonia há que ter isto em consideração. A protecção dos falares indígenas e das tribos não deve porém substituir o português como língua de comunicação nacional e internacional. Seria relevante manter uma relação equilibrada entre os interesses regionais e o interesse da identidade nacional que se expressa numa língua de comunicação para todos.
António da Cunha Duarte Justo
“Pegadas do Espírito no Tempo” http://antonio-justo.eu/?p=4146
Acordo ortográfico segue a via popular: http://antonio-justo.eu/?p=2190
Português para todos: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2016/12/o-portugu%C3%AAs-deixa-de-ser-l%C3%ADngua-oficial-em-cabo-verde-que-futuro-para-timor-leste.html
MEC brasileiro pretende acabar com a obrigatoriedade da Literatura portuguesa: de Cavalo para Burro?: http://agostinhodasilva.blogtok.com/menu/6/42434/
21 de Fevereiro é o Dia Internacional da Língua Materna. Foi proclamado
pela UNESCO como memorial para “promover a diversidade e o
multilinguismo linguística e cultural”.
Segundo a UNESCO, metade das línguas maternas encontram-se em risco
de desaparecer (entre elas o Bretão, Quechua e Nahuatl). Com a
celebração do Dia da Língua Materna, pretende-se manter viva a
consciência das tradições linguísticas e culturais. A visibilidade de um
espaço cultural manifesta-se através da língua e suas marcas.
Especialmente nos países da lusofonia há que ter isto em consideração. A protecção dos falares indígenas e das tribos não deve porém substituir o português como língua de comunicação nacional e internacional. Seria relevante manter uma relação equilibrada entre os interesses regionais e o interesse da identidade nacional que se expressa numa língua de comunicação para todos.
Fazer uma coisa não implica deixar de fazer a outra (Unum facere et
alium non omittere). No contexto importa recordar o lema latino “E
pluribus unum” (fazer de muitos um/unidade na diversidade); este lema
fez dos EUA o país que é hoje. Sem integração não há unidade orgânica.
O idioma deve reflectir, pelo menos, nalguma das suas partes, a
herança cultural do todo e do particular, como memória viva a gerar
futuro.
Tanto uma olhadela sobre o Português, muitas vezes usado no
dia-a-dia, como sobre a política da língua não permite grande satisfação
a muitos os falantes lusófonos. Tem-se implementado o empobrecimento da
língua com uma reforma ortográfica que na ortografia não favorece a
especificação (exemplo: faz das palavras acto e ato uma só palavra (ato)
para com um só vocábulo designar dois conceitos.
Com isto desejo alertar para o facto de o Acordo Ortográfico ter tocado
com a etimologia das palavras, coisa que outras línguas (Itália, França e
Espanha) não permitiram fazer( as consoantes mudas, são também
importantes para quem tem de escrever, por exemplo em Italiano ou
Espanhol dado estas línguas conservarem a etimologia que corresponde às
nossas consoantes mudas). Com as mudanças operadas pelo acordo surgem
dificuldades variadas .
O “português do brasil” ou português de expressão brasileira tem-se
afastado das línguas de origem latina europeia (contrariando o
desenvolvimento diferenciador destas) ao reduzir o emprego das pessoas
gramaticais (no sentido de uma indiferenciação e como tal
empobrecedora). As línguas europeias de origem latina mantêm o alto
nível da língua na sua diferenciação preservando as três pessoas
gramaticais do singular e do plural: eu, tu, ele-ela, (você, a gente) e
nós, vós, eles-elas, (vocês) permanecendo fiéis à defesa da excelência
da língua e contrariando a tendência simplicista de se cair no uso de
uma língua de carácter “macarrónico” (substituir o uso da segunda pessoa
gramatical pela terceira, etc.).
Por outro lado há demasiados anglicismos bárbaros empregados no português sem o conveniente aportuguesamento.
Nos média sociais ( Facebook) espalha-se paulatinamente uma
comunicação abreviada e simplista que, com o tempo, poderá levar muitos a
não conseguir escrever uma carta em português correcto.
Do mesmo problema se queixam professores universitários que constatam em muitos alunos grandes défices na expressa do português.
No mercado observam-se também cadeias de empresas que não se
preocupam em traduzir os nomes dos produtos para as línguas onde são
vendidos.
Na França implementaram-se medidas para defesa e enriquecimento da
língua. Em 1994, na França foi proibido o uso de conceitos ingleses sem
serem traduzidos. Cada conceito introduzido na língua materna, que
respeite o seu espírito, constitui um enriquecimento da língua.
(Confesso que, por vezes, uso estrangeirismos por não encontrar ainda
termos adequados em português).
A língua é um organismo vivo e como tal aberta ao novo, mas deve ser
respeitada sem ser violada; naturalmente há também nichos usados por
grupos étnicos, estudantes, estrangeiros, além de regionalismos,
dialectos, etc.
Infelizmente o governo pretende diminuir o ensino da língua materna em favor de disciplinas sociais.
“Pegadas do Espírito no Tempo” http://antonio-justo.eu/?p=4146
- Coloco aqui os links de alguns artigos que publiquei referentes ao assunto: Cometem-se barbaridades contra a língua portuguesa numa tentativa populista de valorizar o analfabetismo: http://www.mundolusiada.com.br/artigos/barbaridades-contra-a-lingua-portuguesa/
Acordo ortográfico segue a via popular: http://antonio-justo.eu/?p=2190
Português para todos: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2016/12/o-portugu%C3%AAs-deixa-de-ser-l%C3%ADngua-oficial-em-cabo-verde-que-futuro-para-timor-leste.html
MEC brasileiro pretende acabar com a obrigatoriedade da Literatura portuguesa: de Cavalo para Burro?: http://agostinhodasilva.blogtok.com/menu/6/42434/
4 comentários:
Talvez “matrimónio” cultural soe melhor. “Língua é feminino”. (ah!ah!ah!). Afinal, o acordo ortográfico foi um casamento (mal amanhado)….
Manuel Maria de Sousa
Nestas coisas não é fácil opinar! Imagine-se que hoje com gays a ter filhos e continuarmos a chamar língua materna à primeira língua!
Na questão linguistica o Brasil mantem um equilibrio – de Porto Alegre a Natal,passando pela floresta amazonica todos falam português e todos se entendem,não obstante o trocadilho – fala-se mal,escreve-se pior…
Gabriel Cipriano
O que me preocupa no Brasil diz respeito à política de língua nalguns Estados e à influência que Portugal por, vezes recebe do brasil: Por exemplo edição de compênio de gramática que ignoram a segunda pessoa gramatical. Que isso se faça na linguagem falada, nada em contrário, mas que os professores tenham tais compêncios como orientação dos seus programas é pobreza que fere.
Quanto ao emprego da palavra “erudito” em vez de “vernáculo”, devo dizer que o fiz intencionalmente. Com isto queria suscitar uma certa associação indirecta ao “latim erudito” (clássico: sermo cultus) e ao “latim vulgar” como vias de formação da língua portuguesa e deste modo a um fenómeno que, por outro lado, se deve estar atento mas se pode considerar positivo num país com as dimensões do Brasil.
O que me move é o facto de se considerar, em certas gramáticas, como normal ignorar ou ultrapassar a segunda pessoa gramatical na conjugação verbal.
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