sábado, 4 de novembro de 2017

ANTISSEMITISMO – UM CARCINOMA FRUTO DO PRECONCEITO E DA INVEJA

Judeus preocupados com o crescente Antissemitismo na Europa


António Justo

O antissemitismo é irmão do racismo; ambos têm de comum o ódio e o desdém pelo outro. 

Segundo estudos feitos recentemente, o crescente antissemitismo estará em relação com o aumento dos muçulmanos nas metrópoles da Europa. Antissemitismo, como racismo, é um fenómeno muito complexo com muitas causas e explicações; ele surge, sobretudo em tempos de crise, quando se procura desesperadamente fazer um diagnóstico dela. O mal encontra-se na cabeça e no coração das pessoas; a solução é defrontarem-se os problemas e não as pessoas. 

No mundo há 14, 2 milhões de Judeus. Em 1990 o número de judeus na França era de 518.000 e em 2016 era de 467.000. Em 2005 viviam 108.289 judeus na Alemanha e em 2016 viviam 98.594.

Em Portugal fala-se de "30% dos Portugueses descende de Judeus",  mas o número de portugueses que se confessam praticantes da religião judaica, são cerca de “2.500, havendo certamente os que vivem o seu judaísmo confinado ao lar; a maioria são os sefarditas que são maioritários e os asquenazitas; quanto às correntes a maioria é ortodoxa, havendo uma pequena comunidade progressista em Lisboa, e grupos de oração da corrente conservadora (Masorti) em Sintra e Almada” (como responde Filipe de Freitas Leal, à pergunta que lhe fiz) . No Brasil há cerca de 100.000 judeus.

Judeus a sair da França, da Alemanha e de alguns países europeus devido ao antissemitismo

Muitos judeus temem pela sua segurança e ao sentirem-se ameaçados, optam por tornar-se invisíveis (deixam de trazer a kipá - gorra circular, com o significado de humildade perante Deus) e outros emigram para Israel, o que deixa muita pena nos países onde se encontram porque constituem uma comunidade integrada e que sobressai pelo seu trabalho em benefício de toda a sociedade.

Na Alemanha a revista “Berlin Judeu” passou a ser entregue em envelope neutro, para que os assinantes não sejam identificados e a probabilidade de inimizades não cresça. Depois das demonstrações em Berlim 2014, contra a guerra de Gaza e do atentado de Paris, muitos judeus sentem-se ameaçados. O Conselho Central dos Judeus na Alemanha adverte que: esconder-se não é o melhor caminho, mas que talvez não seja bom trazer a kipá em bairros com elevada percentagem de muçulmanos. Observa-se um crescente antissemitismo nos jovens muçulmanos.

O historiador Michael Wolffsohn menciona os resultados de uma pesquisa de 2016 sobre preconceitos contra judeus onde se verifica que 18% dos alemães e 56% dos muçulmanos, na Alemanha, têm preconceitos contra judeus e na França a quota é de 20% de população geral e 63% dos muçulmanos.

O director do Conselho Central dos Judeus na Alemanha diz no Süddeutsche Zeitung: "O antissemitismo faz parte da educação de algumas famílias muçulmanas. Através de gerações é transmitida às crianças, por todo o lado, a sensação de que os muçulmanos são reprimidos em todo o mundo por culpa dos judeus ". Welt am Sontag, também cita: “Muitas dessas pessoas que vieram para a Alemanha, vêm de países onde o ódio aos judeus e a hostilidade a Israel são razões de Estado”. 

As teorias da conspiração de que os judeus governam o mundo é outra forma indirecta de antijudaismo. De facto, cria-se a impressão que se teria de aniquilar Israel para que não haja anti-judaismo.

O jornalista alemão Jakob Augstein concretiza: “Antissemitismo congrega ódio, racismo, teorias da conspiração e esoterismo”.

Reúne-se tudo numa só coisa; o ódio que une, é uma constante histórica intercontinental que se repete. Esconde-se no jogo de um “sim… mas” (p.ex.: o que os extremistas fazem é mau … mas os americanos estão na base!...).  Também há outras argumentações sem lógica, mas que estabilizam a indiferença e o antissemitismo; identificar o Estado de Israel com o judaísmo. O acoplamento das ideias “política do governo” de Israel com os Judeus é inadmissível. Israel serve de pretexto para o antissemitismo ser globalizado. 

 Uma política do olhar desviado tem facilitado o aumento alarmante do antissemitismo e da xenofobia na Europa. O interesse das classes dirigentes em não se defrontarem com os problemas e a tolerância de espaços livres à direita e à esquerda possibilitam viveiros de intolerância e de violência. O tema antissemitismo e xenofobia dividem a sociedade e é instrumentalizado para fins politiqueiros.

Torna-se insuportável a hipocrisia com que se combatem gestos e frases dos Nazis e não se ligue ao ódio cultivado e justificado a partir de uma instituição religiosa que age do centro da sociedade com frases sagradas fomentadoras do racismo e da exclusão e onde se equipara os judeus a “macacos e porcos” (Sura 5:60 no Corão). O problema está no facto de as frases do Corão não estarem sujeitas à análise histórico-crítica, sendo por isso de tomar à letra.

Mal da cultura que, em vez de deixar o amor e a compreensão como herança, deixa o ódio para os vindouros.

O povo judeu é dos mais pequenos do mundo, mas aquele que mais contribuiu e contribui para o desenvolvimento do mundo.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4499

10 comentários:

Anónimo disse...

O judaismo, a religião judea, é uma coisa e o sionismo outra. Todas as religiões são muito respeitáveis, porém o sionismo…
Arturo Novo
FB

António da Cunha Duarte Justo disse...

O povo judeu também tem direito a um território.

Anónimo disse...

E tudo povo besta, boa parte da riqueza da Europa devesse a parasitocracia dos outros povos, mas o mundo gira, e se por algum motivo a Europa algum dia ficar na merda ai eles irão entender.
Aguinel Van-Dúnem
FB

António da Cunha Duarte Justo disse...

O problema certamente não virá deles!

Anónimo disse...

Sei disso, mas gostaria que viesse deles! Qual seria a desculpa?
Aguinel Van-Dúnem

António da Cunha Duarte Justo disse...

Deles não pode vir; são apenas 14 milhões no mundo.

Anónimo disse...

Um texto carregado de asneiras e ainda por cima com ligação a um site infectado.
João Hermenegildo

FB

António da Cunha Duarte Justo disse...

Agradecia que tivesse a gentileza de indicar as asneiras e de indicar o site infectado para poder seguir a questão.
Afinal fui verificar as ligações e nenhuma estava “infectada”! Duas delas encontram-se em alemão e ou inglês.

Anónimo disse...

O site infectado (!?) é o único que aqui está disponibilizado, pelo menos o meu anti-vírus não me deixou entrar. O que chama de anti-semitismo verdadeiramente trata-se de anti-sionismo e está muito longe de ser motivado por preconceitos ou invejas. São dois conceitos muito diferentes que em muitos textos disponíveis na net, nos jornais ou mesmo na imprensa falada se misturam deliberadamente. Confundir os conceitos é de facto muito útil de determinado ponto de vista, mas não deixa de ser uma falta de honestidade intelectual, na qual só embarca quem se debruça sobre o assunto pelas primeiras vezes. Depois, repare, meter no mesmo pacote racismo e anti-semitismo só mesmo para servir a leigos no assunto. O mesmo se pode dizer desses supostos “estudos” que relacionam anti-semitismo com o aumento da população muçulmana na Europa. Note-se que eu não sou favorável à imigração massiva de muçulmanos, o que por si só constitui uma posição bem diferente dos sionistas. Há algum tempo que estudo estas questões (num dos países europeus a que se refere) e de facto é minha convicção que o sentimento anti-sionista vem tomando proporções consideráveis, mas por razões bem diferentes das que aponta. Não sei se o amigo é judeu, como também não sei em que se terá baseado ao escrever o texto acima, de qualquer forma que fique bem clara a distinção anti-semitismo/anti-sionismo, sem o que não há entendimento possível.
João Hermenegildo

António da Cunha Duarte Justo disse...

Com o meu artigo advirto para um problema real. Não percebo a razão da confusão que pretende ver de antissemitismo com anti-sionismo, no meu texto. O texto trata do antissemitismo crescente na Europa e não do anti-sionismo. Entendo sionismo como um movimento político e ideológico, que se considera de libertação nacional e que procura expandir o Estado de Israel e como tal muito contestável (palestinos e judeus na disputa da sua “terra prometida”). Bem consciente da questão adverti para o facto de não se pretender confundir uma coisa com a outra advertindo para o facto que da a confusão se pode esconder a atitude estratégica de se defender uma posição antissemita atacando o sionismo. Naturalmente as fronteiras onde uma posição acaba e a outra começa não são visíveis. Os judeus são muito diferenciadados e mesmo em Israel e fora de Israel há muitos judeus anti-sionistas. No texto advirto: “Também há outras argumentações sem lógica, mas que estabilizam a indiferença e o antissemitismo; identificar o Estado de Israel com o judaísmo. O acoplamento das ideias “política do governo” de Israel com os Judeus é inadmissível. Israel serve de pretexto para o antissemitismo ser globalizado.” Neste paragrafo advirto para a persuadição que pode haver de Identificar o Estado de Israel com o sionismo para se poder justificar atitudes anti-judeus. A política é um negócio muito complicado e há muita gente que se safa agarrando-se ao mal do adversário para encobrir o mal que se encontra na própria posição que apenas determina uma demarcação de interesses. Atendendo à realidade que em muitos lugares instituições judaicas são objecto de ataques tendo de ser continuamente objecto de protecção por parte de Estados e ao facto das estatísticas que provam antissemitismo não percebo onde está o problema. Muito obrigado pelo seu post. Falando é que a gente se entende e assim podemos todos alargar mais as ideias.