REMESSAS DE EMIGRANTES PARA PORTUGAL EM 2016
Por António Justo
Os emigrantes enviaram 3,343 mil milhões de euros de remessas
em 2016 para Portugal. Da França enviaram 1.122,6 milhões de euros; da Suíça
697,2 milhões, do Reino Unido 285 milhões, da Alemanha 253 milhões, dos EUA 243,2
milhões, de Espanha 141,1 milhões, do Luxemburgo 124,3 milhões, da Bélgica 78,9
milhões, da Holanda 48,1 milhões, do Canadá 31 milhões. As transferências pessoais dos emigrantes
contribuíram para que Portugal tivesse “um excedente de 2,8 mil milhões em
termos de balanço entre entradas e saída de verbas de transferências pessoais”.
Até ao presente os governos têm, em geral,
deixado a política de desenvolvimento do interior aos emigrantes. Muitos dos
emigrantes tradicionais, depois de terem
investido as suas poupanças na terra, vêem-se logrados nos seus intentos porque
aplicaram o seu dinheiro, sem contar com a política centralista que obriga as
pessoas que ficavam na terra a emigrar para o litoral e para as grandes cidades,
provocando assim a grande desvalorização dessas zonas, muitas vezes
transformadas em monte.
Os emigrantes, com as suas
remessas, substituíram um grande “plano nacional” de construção e emprego. Para
os emigrantes revelou-se em investimento
falido, atendendo a não haver, noutros sectores, um programa governamental acompanhante
de fomento das regiões do interior; assim o emigrante continua a viver no
estrangeiro, por falta de atractivos nacionais e ainda tem de aguentar com
impostos e contribuições, se quer manter as suas casas e bens. Em geral, se tivessem aplicado o dinheiro
das remessas nos países de acolhimento teriam hoje maior proveito das suas
poupanças. O preço do sentimento torna-se caro e pesado!
Os emigrantes enviam os
milhões de euros para Portugal, dinheiro este que serve sobretudo para Lisboa
ter crédito para novos empréstimos do estrangeiro e viver à custa do
depauperamento e da desertificação do Interior. Os fogos são a melhor prova do
abandono e da falta de política regional. Quando
começa o Estado a ser mais responsável e mais justo para com esta parte da população
e das regiões donde provêm?
As remessas anuais dos
emigrantes, verdadeiro programa de desenvolvimento para Portugal, não encontram
eco dignificante nos Media nacionais. Isto deve-se talvez a uma certa
cumplicidade deles com um Estado que se parece envergonhar dos cidadãos que se veem
obrigados a trabalhar fora do país.
Os emigrantes constituem um
programa de ajuda e sustentabilidade do desenvolvimento de Portugal e um factor
de enriquecimento dos países de acolhimento.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4553
2 comentários:
Subscrevo e louvo os nossos emigrantes.
Jorge Rodrigues
FB
De facto é mais fácil para o Estado deixar as suas forças de trabalho sair do que criar lugares de trabalho! Deste modo adia as medidas de solução para a econonomia portuguesa e vê-se livre de pessoas que poderiam tornar-se incómodas na sociedade portuguesa se permanecessem em Portugal.
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