Concorrência desleal
- Impostos entre os Membros da EU e os EUA
António Justo
Numa primeira fase todos os americanos beneficiarão da redução de impostos de
1,27 trilhão de euros, concluem analistas internacionais. A reforma de Trump baixa
os impostos empresariais de 35% para 21%.
A reforma tributária não é
mais que um plano de recuperação económica para os EUA. A política fiscal tende a defender o
local, o país ou a região. O presidente da Federação das indústrias alemãs
(BDI) adverte: "Política fiscal é
sempre política de localização". De facto, a reforma de Trump torna-se
numa declaração de luta contra a prática fiscal europeia. A Alemanha que tem um
imposto superior a 30% ver-se-á obrigada a reduzir os impostos para dar
resposta à concorrência fiscal dos EUA. A Europa não pode continuar a
aproveitar-se do balanço dos EUA.
A competição acelerar-se-á e criará grandes desvantagens para os Estados
europeus que verão muitas das suas empresas deslocarem os seus investimentos
para os EUA. A concorrência que os países europeus lamentam nos americanos já a
praticavam entre os países da EU; muitas
empresas exercem uma concorrência desleal entre os países membros, como se dá
com o Luxemburgo, Bélgica e Holanda que ofereciam condições de impostos
vantajosas para empresas dos países membros; outras aproveitam-se da China para
irem fazendo os seus negócios, também eles de concorrência aos EUA.
Para que os investidores não
emigrem da EU para os USA, numa corrida à fuga fiscal, os países da EU terão também
eles de diminuir os impostos sobre a produção. Na sequência e posteriormente, para manterem o
Estado gordo, serão elevados os impostos dos bens de consumo e dos empregos remunerados.
Os EUA primeiro; é a intenção
da reforma tributária de Trump. É um Plano de Recuperação Económica ad hoc para
os EUA; talvez tente, com
ele, responder, numa perspectiva nacional, ao globalismo liberal e tentar dar resposta ao socialismo capitalista chinês!
Este acto de Trump é mais um murro no estômago da União Europeia,
acostumada a andar atrás do grande irmão do lado de lá do atlântico. Um país
continente tem naturalmente uma outra perspectiva que estados incardinados em regiões
culturais e por isso tenta agora, sem os aliados, afirmar-se e chamar a atenção
da Europa para que cresça e apareça.
Felizmente a história da América permanecerá o exemplo de uma democracia
que funciona e progride independentemente dos seus administradores! Para
desenfastiar apareceu agora Trump que como outros passará e deixará os seus
rastos e as suas carpideiras.
A reforma que Trump agora impôs vai tocar com os interesses económicos das
grandes empresas europeias e obrigar a um Estado mais magro!
Uma constante histórica permanecerá, independentemente de quem governa, o
problema será sempre para o mexilhão. Nós, os que estamos mais ou menos bem,
teremos sempre o privilégio do lamento, na ilusão de que o nosso lamento vai
ajudar quem vive menos bem.
António da Cunha Duarte
Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4589
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