terça-feira, 26 de junho de 2018

TURQUIA PRESIDIDA POR UM AUTOCRATA QUE ELABOROU O ESTADO À SUA MEDIDA


Turcos defensores do sistema antidemocrático venceram as eleições também na Alemanha
António Justo

O autocrata Recep Tayyip Erdoğan  obteve 52,5% dos votos e o candidato da oposição Muharrem İnce, 31%; este quer que Erdogan actue como presidenzte dos 80 milhães de turcos e não apena como o presidente de um partido. Erdogan tem o poder assegurado até 2023, ano em que a Turquia celebra o seu centésimo aniversário.

Na Alemanha há 1,44 milhões de eleitores turcos: destes, e metade participou nas eleições da Turquia tendo havido 64,78 dos votantes a favor de Erdogan e 21,88% no seu opositor Muharrem.

Se olharmos à percentagem dos tucos votantes na Alemanha e na Turquia, os turcos que vivem na Alemanha já desde os anos 60 demonstram mais radicalismo do que os que vivem na Turquia.

O ex-chefe dos Verdes, Cem Özdemir, criticou o comportamento dos seus  compatriotas na Alemanha dizendo: “expressam assim a rejeição da nossa democracia liberal”. O partido FDP atesta à Alemanha falha na integração e o partido A Esquerda critica o governo alemão por fortalecer a Turquia com a sua política exterior.

Com a eleição de Erdogan, o cargo de Primeiro Ministro é abolido, sendo Erdogan Presidente e Prmeiro ministro na mesma pessoa; ele tem o poder de nomear e demitir os ministros e de governar através de decretos; pode até, através de decretos, cancelar e ignorar decisões parlamentares. Erdogan é um perigo para a Turquia e para a Europa e fará tudo por fortalecer o “Turquistão”. Fomenta o islamismo e demole consequentemente a herança democrática e laicista do fundador da Turquia Ataturk. Tem mãos livres para governar com os seus métodos de estado policial.

Num país onde mais de 90% da imprensa se encontra limitada e  com uma campanha eleitoral com mais de 85 por cento do tempo de publicidade na TV para akp e mhp explica tais resultados.

O Estado turco, impulsiona a islamização da Turquia e itambém o islamismo na Alemanha através do envio de Imames e da rede da confederação DITIB (União Turco-Islâmica de Mesquitas e associações). A política negligente alemã no que respeita à integração turca na Alemanha tem fortalecido as forças turcas antidemocráticas a ponto da associação das mesquitas turcas terem poder para, nalguns estados, nomear professores de religião para escolas públicas.

Os refugiados da Turquia aumentarão e com eles os conflitos a nível diplomático ; além disso a  rota de refugiados da Turquia abrir-se-á de novo, a não ser a preço de dinheiro menos limpo.

A EU pagou seis mil milhões de euros à Turquia para alojamento de refugiados (para os impedir de virem para a EU). Depois de uma análise do paradeiro do dinheiro, verificou-se que foi usado para o desenvolvimento de infra-estrutura de saneamentos e esgotos e no sistema escolar. Facto é que a EU viu extremamente diminuída a entrada de refugiados na Europa.

Hoje já há centros de recolha na Líbia, em Ceuta e em Melilla (Espanha).

A perseguição aos Curdos vai aumentar e com ela a fuga do país. Erdogan sabe que quem faz guerra sobe na consideração internacional; desta maneira torna-se parceiro de conversações, tal como pôde constatar nas suas incursões contra os Curdos na Síria/Iraque.

Por todo o lado os defensores de regimes autoritários à custa da democracia se afirmam.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo http://antonio-justo.eu/?p=4865

Sem comentários: