Turcos defensores do
sistema antidemocrático venceram as eleições também na Alemanha
António Justo
O autocrata Recep Tayyip
Erdoğan obteve 52,5% dos votos e o
candidato da oposição Muharrem İnce, 31%; este quer que Erdogan actue como
presidenzte dos 80 milhães de turcos e não apena como o presidente de um
partido. Erdogan tem o poder assegurado até 2023, ano em que a Turquia celebra o
seu centésimo aniversário.
Na Alemanha há 1,44 milhões
de eleitores turcos: destes, e metade participou nas eleições da Turquia tendo
havido 64,78 dos votantes a favor de Erdogan e 21,88% no seu opositor Muharrem.
Se olharmos à percentagem dos tucos votantes na
Alemanha e na Turquia, os turcos que vivem na Alemanha já desde os anos 60
demonstram mais radicalismo do que os que vivem na Turquia.
O ex-chefe dos Verdes, Cem Özdemir, criticou o
comportamento dos seus compatriotas na
Alemanha dizendo: “expressam assim a rejeição da nossa democracia liberal”. O
partido FDP atesta à Alemanha falha na integração e o partido A Esquerda
critica o governo alemão por fortalecer a Turquia com a sua política exterior.
Com a eleição de Erdogan, o cargo de Primeiro
Ministro é abolido, sendo Erdogan Presidente e Prmeiro ministro na mesma
pessoa; ele tem o poder de nomear e demitir os ministros e de governar através
de decretos; pode até, através de decretos, cancelar e ignorar decisões
parlamentares. Erdogan é um perigo para a Turquia e para a Europa e fará tudo
por fortalecer o “Turquistão”. Fomenta o islamismo e demole consequentemente a
herança democrática e laicista do fundador da Turquia Ataturk. Tem mãos livres
para governar com os seus métodos de estado policial.
Num país onde mais de 90% da imprensa se encontra
limitada e com uma campanha eleitoral com
mais de 85 por cento do tempo de publicidade na TV para akp e mhp explica tais
resultados.
O Estado turco, impulsiona a islamização da
Turquia e itambém o islamismo na Alemanha através do envio de Imames e da rede
da confederação DITIB (União Turco-Islâmica de Mesquitas e associações). A
política negligente alemã no que respeita à integração turca na Alemanha tem
fortalecido as forças turcas antidemocráticas a ponto da associação das
mesquitas turcas terem poder para, nalguns estados, nomear professores de
religião para escolas públicas.
Os refugiados da Turquia aumentarão e com eles os
conflitos a nível diplomático ; além disso a rota de refugiados da Turquia abrir-se-á de
novo, a não ser a preço de dinheiro menos limpo.
A EU pagou seis mil milhões de euros à Turquia
para alojamento de refugiados (para os impedir de virem para a EU). Depois de
uma análise do paradeiro do dinheiro, verificou-se que foi usado para o
desenvolvimento de infra-estrutura de saneamentos e esgotos e no sistema
escolar. Facto é que a EU viu extremamente diminuída a entrada de refugiados na
Europa.
Hoje já há centros de recolha na Líbia, em Ceuta e
em Melilla (Espanha).
A perseguição aos Curdos vai
aumentar e com ela a fuga do país. Erdogan sabe que quem faz guerra sobe na
consideração internacional; desta maneira torna-se parceiro de conversações, tal como pôde constatar nas suas incursões
contra os Curdos na Síria/Iraque.
Por todo o lado os defensores de regimes
autoritários à custa da democracia se afirmam.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo http://antonio-justo.eu/?p=4865
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