De Democracias partidárias para Democracias por acções?
António Justo
Com o anúncio do Facebook de querer
criar uma moeda (Libra) digital, no primeiro semestre de 2020, os Bancos
nacionais encontram-se em estado de alerta, pelo que isso implicaria para o
sistema bancário em geral e para os reagrupamentos de interesses nacionais.
Para o banco
alemão “o Facebook poderia tornar-se no maior gestor de activos do mundo e,
deste modo, relevante no sistema."
Os bancos
centrais deixariam de determinar as regras do jogo, o que se tornaria um problema
para o branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e a evasão
fiscal. Um outro aspecto importante que levará todos os governos a
levantarem-se contra uma possível moeda concorrente vem do facto de que, com tal criação, os
governos deixariam de ter um instrumento importantíssimo no controlo dos cidadãos como é a rede dos
bancos (o número da conta bancária, tornou-se a nível de controlo indirecto dos
passageiros, um índice seguro sobre quem viaja de um país para outro).
De facto uma moeda digital do Facebook,
que tem 2,7 mil milhões de utilizadores, poderia possibilitar a milhões de
utilizadores diários pagarem bens e serviços a preços mais reduzidos.
Pôr-se-ia a
questão se dinheiro do banco central seria mais seguro do que o dinheiro
privado. A verdade é que a concorrência, em geral, beneficia o cliente.
O jornal BILD informou que após o
anúncio do Facebook de publicar sua própria moeda digital, o preço da criptomoeda
Bitcoin subiu rapidamente em curto espaço de tempo, atingindo a maior cotação
desde 2018 (1).
Hoje já se fala
que a moeda Libra deve estar indexada ao euro e a outras moedas e e estar
sujeita ao IVA nas transacções.
Este seria mais
um golpe na soberania dos Estados e um passo largo na realização do capitalismo
liberal.
Os banqueiros
apontam para o perigo de os estados-nação se tornarem dependentes de uma única
corporação gigante como Facebook.
De acordo com o
Wall Street Journal, o Facebook tem apoiantes, entre eles, as duas empresas de
cartões de crédito Visa e Mastercard, o provedor de serviços de pagamento
PayPal e o provedor de serviços de viagens Uber (2).
Se é bem verdade
que os Estados precisam de instituições que temperem a ganância de impostos dos
governos, é certo que uma tal medida, sem regulação estatal, corresponderia a
mais um grande passo na implantação da
total ditadura do capital e do dinheiro como único elixir existencial.
Será que o nosso sistema de democracia
partidária não se tornaria numa democracia por acções?
© António da Cunha Duarte Justo
(1)
A designação de criptomoeda para a moeda digital do
Facebook é incorrecta (não pode ser comparada à criptomeda Bitcoin).
(2)
Boerse.ARD.de https://boerse.ard.de/anlageformen/kryptowaehrungen/bundesbank-warnt-vor-facebook-waehrung-libra100.html
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