Política-Economia-Ideologia
apoderam-se do Tema Sexualidade para instalarem um novo Paradigma social e
subjugar os Biótopos culturais
Por António Justo
Ao longo da História, cada “economia” cria a sua
ideologia e sub-ideologias circulantes em torno delas.
O desejo de poder expresso no pensamento apropriava-se,
ontem, da sexualidade para a ordenar em favor da criação de biótopos culturais
(família, tribo, Estado) e hoje, que
pretende instalar um sistema global latifundiário capitalista-socialista,
apodera-se da sexualidade para implantar novas formas de poder (os novos
poderes em formação querem o poder total através da manipulação da pessoa
humana procurando reduzi-la a um mero produto cultural, e assim legitimar a
intenção de a tornar mera cliente ou assalariada cultural; recorre para tal à
desconstrução e desmitificação de supraestruturas de ordem natural e cultural que
davam consistência a uma comunidade organizada em minifúndios e biótopos
culturais.
A luta que antes se dava entre nações e vizinhos, devido
à constituição orgânica das sociedades (o objectivo era uma tribo, uma nação
afirmar-se em relação à outra), na nova
era do globalismo, o poder quer-se centralizado e monopolizado no sentido de se
criar uma nova ordem mundial em que já não se tenha em conta as culturas nem os
governos vizinhos mas apenas um governo mundial em que oligarcas do capital
latifundiário e de uma ideologia materialista universal, ajudados por
tecnologias virtuais monopolistas, imponham o seu poder às massas sistematicamente
individualizadas e como tal desarmadas porque privadas do poder e das forças
orgânicas a que antes pertenciam.
A sexualidade e a espiritualidade são duas forças irmãs
que muitas vezes por equívoco se rivalizam.
A sexualidade é ao mesmo tempo colectiva e pessoal, mas
como individualmente experimentada facilita o relativismo, pretendido pelos
arquitectos da nova ordem mundial, porque determina, em grande parte, o modo de
vivência da realidade enquanto procura de felicidade e de vínculos sociais. Consolador
poderá ser a observação de a História se proceder num movimento pendular espiriforme
em que um tempo julga o outro na tentativa de se definir para se afirmar.
Muitas das faculdades que possuímos têm a ver com a percepção da
corporalidade e da sexualidade. O exercício da sexualidade é um bem social e
individual, e deste modo conflituoso devido a interesses (entre indivíduo e sociedade),
por vezes, contraditórios. Como no passado o controlo da sexualidade esteve ao
serviço de instituições que a contextualizavam, hoje não escapa a novos
interesses de poderes (entre eles “Lobby gay” e comunidade LGBT”) que se usam
dela no sentido de a descontextualizar e instrumentalizar para paulatinamente
instalarem um outro poder político-cultural. (Nesse sentido o seu
apadrinhamento do islão revela-se como meio intermediário estratégico e ideal
para atingir seus intentos de estabelecer uma nova ordem mundial, não só pela
sua filosofia do poder, mas também como factor desestabilizador de biótopos culturais
fortes; de facto encontramo-nos na era de prevalência da civilização ocidental
que incomoda a instalação de uma nova ordem mundial, muito embora esta seja
fruto dela).
A sexualidade, na perspectiva do casamento/matrimónio, fomenta a
instituição família, portanto um conceito de organização social orgânica a
partir de uma realidade natural básica e não só ideológica, que vai contra os
interesses de progressistas que odeiam a trilogia ordeira Deus-Pátria-Família
(Doloroso é que os abusos de uns justifiquem os abusos dos outros!).
A natura e a cultura vinculadas ao princípio da sustentabilidade e a um fim
teleológico natural regulam a sexualidade não só no foro individual e da casuística,
mas também no sentido comunitário através do direito habitudinário ou do grupo
cultural (tensão entre procriação como garantia da sociedade e satisfação como
atractivo da felicidade individual: a desvinculação sistemática dos dois
princípios afigura-se como uma ameaça real à maternidade e à paternidade pois levaria
muitos a ver igualados o acto de gerar ao acto de masturbar).
Querer elaborar o indivíduo sem comunidade tal como
querer desligar a comunidade do indivíduo seria alheio à realidade natural e
social factual (Em sociedades tribais e hegemónicas afirma-se a comunidade
sacrificando-se-lhe o indivíduo, o Direito cultural impõe-se ao direito
pessoal); na pretensa nova ordem mundial segue-se o inverso: afirma-se o
indivíduo à custa da comunidade, o que leva à depreciação do que é
institucional e orgânico. (Toda a sociedade, à imagem de um corpo, tem o seu
organigrama interior, dependendo a funcionalidade do corpo da funcionalidade
dos diversos órgãos e dos elementos entre si em função do bem-estar do corpo; atualmente,
no pós-guerra, com o capitalismo liberal procura-se fazer da sociedade um corpo
empolgado sem órgãos, apenas animado pelo capital e lucro numa massa de
elementos sem função própria, mantidos apenas pelo invólucro da ideologia). O
conflito social da Europa atual é explicável pela afirmação de dois princípios
contraditórios: o comunitário medieval islâmico
(afirmação do gueto como estratégia de domínio globalista, em vez da
imperialista) e o individualista europeu (afirmação da abertura mediante a
negação da própria cultura); o princípio individualista, especialmente
fomentado pela esquerda de base marxista pretende o fim da História das
instituições e deste modo que o
indivíduo desapareça como a gota de água no grande oceano da anonimidade
económico-ideológica ; a atracção pelo Budismo que hoje se regista no Ocidente,
não acontece por acaso; o mesmo se diga da filosofia relativista promovida a
partir da “Escola de Frankfurt”!
Os protagonistas pela instalação de uma nova ordem global
têm a estratégia global de se implementar o capital anónimo como supraestrutura
mundial sobre as infraestruturas culturais e geográficas apostando na
destruição destas para, em nome do indivíduo particularizado e anonimizado,
(enfraquecedor de interesses organizados em grupos orgânicos) dar lugar ao
exercício da hegemonia dessas forças anónimas mundiais sobre instituições que
não a sirvam (subjugação mais ou menos forçada de Estados, religiões, família,
empresas, etc.) mediante o fomento de um ideário relativista que assenta
contraditoriamente na afirmação do interesse particular, mas que desligado só
beneficia o latifundiário absoluto que é quem possui o grande capital ( China
poderia ver-se como modelo da união perfeita de capitalismo e socialismo: uma
realidade regional com uma filosofia tradicional adequada que serve de modelo
para uma organização mundial pós ONU). A luta assanhada da ideologia
anti-cultura ocidental expressa-se de maneira aguerrida contra o Catolicismo,
que é realidade e símbolo da maior ordem universal conseguida até hoje, sendo
por isso considerada como o maior obstáculo para a consecução da nova ordem
mundial que prefere partir do caos (pessoa tornada mero cliente e cidadão mero
proletário de ideologias).
O relativismo oportuno a essa ideologia e programa
submete tudo à eficiência do capital anónimo e à opinião individual como substrato
de uma ideologia social que se quer apoiante da hegemonia de um comércio do
capital em que o desgaste da concorrência é premiado com a satisfação do lucro
e do consumo que pretende dar vida à actividade individual e social (A
satisfação da nova “espiritualidade” deve ser conseguida não já nas atividades
litúrgicas, mais ou menos dominicais,
mas no shopping e na ocupação em torno das necessidades primárias.
Passa-se de uma sociedade até agora mantida pela relação interpessoal
e uma relação chefe-empregado para uma sociedade sem relação nem alma em que a
vida é suportada apenas por acções ou compromissos comerciais e por ordens
superiores, até virtuais, que a todos instrumentaliza. Cria-se um mundo em que
a energia é o trabalho e em que a satisfação é o lucro onde a relação se reduz
a mera estratégia para se chegar a ele (pessoa/cidadão apenas meio para se
atingir um fim).
No meu entender e no que respeita à homossexualidade, o que está em questão
não é o julgamento positivo ou negativo de pessoas homossexuais ou
heterossexuais; os homossexuais são instrumentalizados como barcos de papel
entre forças de duas ondas em estado de erosão uma contra a outra; o que está em jogo é a exigência de igualar a
instituição casamento/matrimónio de homem e mulher à vida comum de dois homens ou de duas mulheres
(emparelhar no significado impróprio de acasalar!) e, deste modo, introduzir no
pensamento humano o domínio da confusão para melhor se pescar nas águas turvas
da sociedade (é a destruição da instituição família a pretexto de desejos
individuais legítimos mas descontextualizados). Encontram-se em confronto dois
rivais do mesmo poder: o dos que representam as instituições tradicionais e a natureza
e o dos que querem chamar o poder a si em nome da cultura e contra a natura,
puxando, uns e outros, na chicle da sexualidade.
Atendendo a isto a discussão pública não deveria pôr em questão o indivíduo
heterossexual nem o homossexual, mas dar atenção ao ritual desejado público,
que as lóbis Gay querem que seja o “Casamento/Matrimónio”. Estas, porém tornam-se no braço comprido da
ideologia interessada na desconstrução da sociedade e em impor o Mamon (símbolo
do prazer e do lucro) como único senhor sobre o mundo e para tal tem de usar a
estratégia contra toda a organização que por si mesma expresse uma força
orgânica do tipo biótopo cultural (O Mamon como latifundiário único apodera-se
dos minifúndios culturais usando, para isso, a estratégia do relativismo moral
e cultural desautorizador de toda a instituição, estrategicamente apresentada
como inimiga do indivíduo (o que vale é a ideologia indefinida e sem limites –
para isso se espalha o terreno do caos - que prepare o caminho para uma nova
ordem mundial de cunho materialista de indivíduos nascidos sem cordão
umbilical).
A relação e a responsabilidade directa ao serem tiradas do biótopo cultural
(minifúndio, no caso, a família), para ser transferida para o órgão dinossáurio
anónimo, inverte a relação do indivíduo para a instituição orgânica mais baixa
(directa) passando o indivíduo a depender de uma estrutura global tipo polvo
contra a qual ele se torna totalmente impotente, dado ter deixado de ser
orgânico para se transformar apenas num elemento a relacionar-se já não com um
órgão imediato estruturado de que faria parte mas apenas como elemento num
corpo anónimo, ficando-lhe como mero recurso próprio o controlo da própria
necessidade sem possibilidade de solidariedades orgânicas no tal pretenso corpo,
porque o tal corpo anónimo até as necessidade pilotaria.
Sem querer desvalorizar o valor da simbologia que se encontra por trás da
mística do casamento já bem presente no Cântico dos Cânticos, na Igreja e na
mística cristã penso que, eclesialmente, a homossexualidade se trate só, como
constante variável, no ramo da pastoral.
Na polis é natural que grupos gays politizem o tema da homossexualidade
que, para ganharem rosto social, se querem organizados porque só a organização
possibilita uma afirmação eficiente de interesses na polis; os políticos, por
sua vez, apropriam-se do tema da sexualidade para atingir fins ideológicos e a
longo prazo conseguirem implementar uma nova consciência social: o uso do
factor medo e sexo revelam-se sempre como grandes mananciais para quem pretende
adquirir poder ou manter-se nele; estes factores revelam-se eficientes porque o
povo não nota, dirigindo a atenção só para as necessidades primárias, aquelas
que legitimam o poder de quem manda!
Turbo-capitalismo e agentes de anti cultura ocidental unem-se procurando
enfileirar os seus multiplicadores e destinatários no relativismo
comportamental e cultural como estratégia eficiente para desestabilizar a
sociedade e sistemas de valores tradicionais (cria-se uma miscelânea de
valores, contravalores e novos valores). O que está em causa é o alinhamento
das massas e com elas a afirmação da vontade de poder de grupos interesseiros.
De facto, quem não se organiza cede as rédeas da sociedade àqueles que depois
critica ou condena. (Temos no islão um exemplo de organização de interesses
descentralizada que é tolerada por se encontrar ao serviço da grande massa comunitária.
Certamente também por isso, a esquerda tem muitos laços comuns com ele.)
Antes do
heterossexual e do homossexual está a pessoa humana
Definimo-nos primeiramente como pessoas, pessoas também sexuadas portadoras
de masculinidade e de feminilidade, que embora a natureza queira, não se deixam
reduzir à sua função procriadora. Segundo
investigações sociológicas a orientação homossexual, encontra-se presente em,
pelo menos, 5% da população. Como ensina a natureza não se resolvem os
problemas sociais aniquilando a variedade e a diferença, mas aceitando-a. A
excepção confirma a regra, não tendo necessariamente de ser uma contra a outra!
Quanto ao exercício da sexualidade individual entre
iguais, este será de avaliar na qualidade de vida dos parceiros. Na Igreja católica da Alemanha, em muitas igrejas, há já
o costume de, no dia dos namorados, serem abençoados nas igrejas todos os
casais que aparecem; é abençoado quem vem à liturgia “independentemente de
serem casados, divorciados ou do mesmo sexo"(1). Assim se respeita a
diferença e em certo sentido a comunidade.
Muitos homossexuais sofrem não pelo que são, mas pelo que
outros pensam que devam ser. Muitos sofrem uma vida inteira, por, nem
sequer, poderem falar sobre uma inclinação que sentem em si, mas que não
corresponde à normalidade do que a sociedade aceita. Tanto na vida familiar
como na vida do seminário este é um tema de que não se fala. O que conduz
alguns para a solidão e isolamento.
Tem que se ter a empatia de ver a tragédia da vida de uma criança que se
sente diferente e não pode declará-lo sequer perante os pais e passa uma vida a
tentar ser normal não o sendo na visão da normalidade. O que não se pode
expressar dilacera uma pessoa e torna-se numa ferida incurável.
Tal como grupos gays se desqualificam na sua luta politizada também seria
associal diabolizar ou catalogar alguém pela expressão da sua inclinação ou
também pela sua opinião! Há grupos gays que, mais que interessados na defesa e
aceitação dos homossexuais na sociedade, pretendem lutar contra o matrimónio,
instituição que une homem e mulher e assim negar-lhe o seu caracter natural e
cultural.
A vontade de ver reconhecida a homossexualidade em actos culturais públicos
e simbólicos, como se reconhece ao Homem e mulher com o casamento, pode, com o
tempo, vir a criar expressões sociais cívicas e até religiosas análogas para as
uniões homo. A fixação de homossexuais na reivindicação da instituição do
casamento assume um caracter ideológico e pretende usufruir do prestígio e das
vantagens que o Estado concede ao matrimónio com a intenção de garantir a
sustentabilidade de um povo e a solidariedade económica e de serviços, entre as
gerações.
Também na Igreja católica seria de desejar evitar a atitude contraditória
em relação à homossexualidade embora nessa contradição aquela atribua um lugar
soberano à atitude/consciência individual. Atendendo aos preconceitos sociais
ainda hoje constitui um acto de coragem declarar-se homossexual, o que não
aconteceria se cada qual respeitasse a dignidade do outro (Neste contexto,
também é de não esquecer que poderes meramente materiais económicos e de
ideologia procuram desestabilizar a sociedade querendo até destruir as raízes
dela e o seu humus religioso).
No clero, tal como no corpo diplomático, não seria tão notória a presença
homossexual, o que poderia predispor tendências para tais carreiras. Na
enfermagem também há bastantes pessoas homossexuais. Há atmosferas especiais
que podem favorecer tais tendências…, também se conhecem casos em que pessoas
procuram uma solução através do casamento fictício como alternativa.
Os bispos de Paderborn e de Munster, na Alemanha,
declararam que não veem numa disposição homossexual um obstáculo à ordenação
sacerdotal, tal como o não veem para os heterossexuais na disposição para o
sexo oposto. O problema surge no momento do não cumprimento do celibato. Na igreja é
tolerado o padre com tendências homossexuais desde que as não viva
concretamente, como pressupõe das condições de vida de um padre. Facto é que
tanto heterossexuais como homossexuais, nas diferentes profissões são correctas
nas relações com outras pessoas (homens ou mulheres).
Hoje muitas pessoas já não casam primeiramente para terem filhos e não
existe a consciência de Abraão em que numerosos filhos era sinal da bênção de
Deus e o sentido das crianças já não é só assegurar a existência da tribo.
Agora que a terra se encontra toda povoada surgem movimentos contra a
procriação.
Cada um é como é, e do conhecimento que tive com pares homossexuais, verifiquei
que, por vezes, têm talentos e aptidões próprias muito positivos e especiais no
trato, talentos esses que poderiam ser de proveito no serviço social e pastoral
da comunidade.
À hora de tomar medidas, a igreja não deve ter medo da arrogância de
pessoas que, na câmara escura da sua opinião, julgam as outras pessoas pela
rasoura do que é costume sem entender que a natureza é mais completa por
integrar nela não só a regra, mas também a excepção (naturalmente sem que esta
se torne regra como quer, por vezes, a ideologia Gender e Gay).
Há que distinguir entre a luta de instituições e ONGs pelo poder e o
destino das pessoas que são sacrificadas em nome do poder ou da ideologia. O Papa Francisco não julga a pessoa homossexual,
mas confessa: “O problema não é ter essa orientação. Devemos ser irmãos. O
problema é o lobby por esta orientação, ou lobbies de pessoas gananciosas,
lobbies políticos, lobbies maçónicos, tantos lobbies. Este é o pior dos
prolemas”.
Também a igreja tem sombras (muitos esquecem que como toda a instituição é
formada de homens e mulheres que são como são e não como se desejaria que
fossem, e assim projectam a sua luz e sombra por onde passam) mas quem
experimentou a luz de dentro não perde a luz que através dela recebeu, a
mensagem cristã e a experiência de
Cristo, que passa também na vivência de tanta gente que se contactou na igreja
e fora dela, apesar da visão desagradável da sexualidade na hierarquia da
igreja.
A renovação da igreja nem sempre segue as pegadas do
Espírito Santo; por natureza manca bastante atrás dele. Na igreja encontro o
que não encontro em nenhuma outra instituição, por muito respeito que tenha por
todas as outras, mas não impede de ver também as sombras que ela deixa. A
teologia pastoral da igreja precisa de adaptar certas declarações doutrinárias
aos novos dados da ciência, tendo em conta as pessoas concretas sem se cair na
crendice científica.
Também a vocação das mulheres nos serviços da igreja, começando com o
diaconado, deve acontecer, não por falta de sacerdotes, mas por apreciação do
seu valor consignado pelo evangelho da igualdade de homem e mulher (sacerdócio
comum) num diálogo mais ou menos equilibrado entre feminilidades e
masculinidade.
Certos problemas com a homossexualidade resultam do princípio que o lugar
para se viver a sexualidade é o matrimónio de forma aberta à procriação de
crianças. No cristianismo a revelação de Deus expressa-se na comunhão de que a
união de cristo-Igreja, homem-mulher, encarnação-ressurreição, espírito e
matéria se expressam de forma ideal a realidade material e espiritual de forma
prototípica em Jesus-Cristo, vida e vivência em processo contínuo de caracter
trinitário. O eu mais o tu são mais que o nós!
Jesus Cristo chamou-nos a andar sobre as águas
(Mat.14:22-36) e para ter confiança nEle apresentando como pressuposto o
abandono do medo e de “fantasmas” de muitas ideias e que nos levam a ser
“Homens de pouca fé”.
Deus, como o céu encontra-se em toda a parte,
independentemente do aqui e acolá. Precisamos de uma linguagem não exclusiva,
mas que coloque tudo em diálogo e em relação, segundo a matriz da fórmula
trinitária que é expressão da verdadeira vida vivida. A luta secular da
afirmação da negação do outro como contrário deve ser estranha a uma
espiritualidade cristã que une os aparentemente contrários. O aproveitamento
e a instrumentalização da sexualidade especialmente pela esquerda não facilitam
a abertura das mentes conservadoras para todos trabalharmos no sentido da
inclusão (2).
Não fosse a luta de interesses pelo poder, porque gastar
tantas energias em assuntos secundários na Igreja e na sociedade em geral?
As Dores da Mudança
Desde o concílio Vaticano II e com a geração 68 encontramo-nos num tempo de
mudanças paradigmáticas em toda a sociedade, sendo de reconhecer muito embora
que algumas delas são fruto do espírito do tempo, da moda passageira e de
interesses surgentes.
A mudança é necessariamente sentida como crise, porque as
pessoas são educadas para seguirem actos rotineiros e outros não percebem
sequer o sentido que a mudança leva. A
moral e o direito que antes eram confecionados em torno (dos interesses
institucionais) do Estado e da família passaram a fundar-se nos direitos
humanos individuais (1948), nos interesses da cidadania. Impercetivelmente, isto implica uma mudança radical na
perspectiva da elaboração do Direito e do delineamento da moral. Há que
estarmos atentos ao que será lícito e ao que ocorre ilegitimamente.
Numa época da individualização de direitos garantidos que
antes se adquiriam por pertença a uma instituição observa-se uma
desestabilização das instituições e a afirmação de individualismos
desenraizados, organizados agora em torno de poderes individualistas e anónimos
(capital + ideologias). Organizações e instituições, sem a consciência de
órgãos de um mesmo organismo, lutam umas contra as outras em vez de tentarem
evoluir no serviço do todo social. Sofrem os Estados tendo de abdicar de
certas soberanias, sofre a Igreja ao ver a humanidade degradar-se e a família
desmantelar-se, sofre o sistema político ao verificar que o sistema
corporativista do Estado se encontra desestabilizado devido à falta de
confiança de um eleitorado já não fiel à instituição, corporação ou partido. O
caracter político estatal e eclesial ainda não encontraram um novo modus
faciendi correspondente ao novo perfil de cidadão em formação com um ideário
próprio e uma moral cada vez mais de tipo à la carte.
De uma sociedade antes predominantemente organizada num sistema de
corporativas solidárias e em sistemas morais coesos está-se a viver a fase de
uma sociedade já não tanto fundamentada em organizações como a família, mas nos
direitos humanos individuais. Naturalmente numa altura em que se expressa mais
o indivíduo contra a instituição (família, religião, pátria) torna-se tudo mais
doloroso e surgem grupos que se aproveitam do empasse para destruir
revelando-se exclusivamente a favor de um polo da realidade e radicalmente
contra o outro. (Passou-se de um extremo do poderio das instituições sobre as
pessoas para o poderio do indivíduo contra as instituições culturais; isto, em
parte, seguindo aspirações legítimas, mas de facto em favor da hegemonia do
poder anónimo do capital e de ideologias suportes).
O facto de grande parte da sociedade não poder preocupar-se com as razões
profundas do sentido da vida e da vida social não pode justificar que as
instituições políticas e religiosas fomentem e explorem essa situação, deixando
de corresponder ao apelo do bem comum e do evangelho, de não se deixar prender
por hábitos meramente circunstanciais que amarram o Homem a modas ou a certas
tradições e hábitos. Elucidação, esclarecimento do povo de maneira integral
seria a palavra de ordem para se chegar a uma cidadania/democracia de
qualidade.
Teologia, filosofia, política, ciência, artistas, crentes
e não crentes temos que entrar todos em diálogo inclusivo, na consciência que
somos todos irmãos-gémeos, filhos do mesmo Deus, todos ao serviço de todos na
grande realidade que é a diferença: aquilo que nos individua e pode definir.
Jesus venceu a dor integrando-a nele!
Fica a controvérsia num assunto, como tantos outros
envolvidos pelo mistério da vida e pelas marcas do tempo. O ideal cristão e
a natureza convidam-nos a fraternizar com a diferença sem termos de nos
identificar com ela nem tão-pouco de nos perdermos em moralizações valorativas
ou depreciativas.
© António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e Pedagogo (Português e História)
Cf. Notas no site
(1)
Diz o Pe. Harald Fischer, Decano da igreja católica em
Kassel: "no Dia dos Namorados,
temos abençoado todos os casais que vêm à igreja desde há anos, independentemente
de serem casados, divorciados ou do mesmo sexo".
(2)
Até 1973 a Organização Mundial de Saúde (OMS), entidade
ligada à ONU, afirmava que homossexualismo era distúrbio psicológico. No
Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou uma resolução em 23 de
março/99 proibindo os psicólogos de dizerem que podem ser ajudados a mudar sua
orientação sexual. Pedofilia, homossexualismo é visto ora como doença, ora como
desvio comportamental, dado a ciência não encontrar explicação convincente que
façam uma pessoa homossexual (factores inactos (DNA), factores adquiridos e
factores psicológicos. Trata-se de uma aceitação de tipos de relacionamentos.
Muitos homossexuais sentem-se no direito de uma vida digna e em face ao preconceito caem no isolamento e
na depressão; ninguém escolhe o isolamento nem é masoquista a ponto de gostar
da exclusão. Alguns artigos meus relacionados com o temas : Porque não
considerar sexualidade
e espiritualidade como energias complementares… Celibato – Ontem
uma Bênção – Hoje um Problema. O caracter
apelativo do sexo e ainda Mulher
de fraudada e Casamento
civil para homossexuais : https://triplovblog.wordpress.com/2015/06/18/casamento-civil-de-homossexuais/
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