Jogos e Fintas no Grupo dos Sete (Cimeira G7)
Por António Justo
Numa altura em que os estragos do globalismo liberal e do centralismo
deveriam ser reconsiderados, debatem-se os senhores do globalismo contra os do
regionalismo num jogo de interesses económicos em Biarritz; aproveitam-se uns e
outros do escuro da fumarada que domina nos baixios populares para, cada um,
longe de qualquer compromisso, levar a sua a melhor! O bem é que falam uns com
os outros, o clima parece ser melhor que na última cimeira. O G7 continua a
excluir a Rússia apesar de Trupo a desejar como futuro membro de um G8.
Surpreendente foi a visita inesperada do ministro dos negócios estrangeiros do
Irão a Biarritz, talvez uma esperança dos europeus sonharem um encontro entre
ele e Trump (Certamente uma tentativa em vão)!
De 24 a 26 de agosto
a Cimeira G7 chega ao cume dos imprevistos; de um lado homens imprevisíveis como
Donald Trump e Boris Johnson que não querem entrar o rebanho globalista e do outro
lado os temas quentes: combate à desigualdade,
injustiça globais, Caos-Brexit, clima, Irão, motins em Hong Kong, conflito de
Caxemira Índia-Paquistão, a guerra na Síria e o conflito, de não menos relevo, entre
EUA -China que se pretendem reservar para si o direito de guiar o rebanho!
Macron, com algumas propostas boas, encenou para a opinião
pública o tema Amazónio para desviar as atenções da desolada situação em que se
encontra a EU apelando aos países membros do G7 (Alemanha, Canadá, Estados
Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), para que discutam os incêndios da
Amazónia. Doutra maneira não conseguiria tirar
do foco da comunicação social o fogo que já se avista nas janelas da casa EU. Também,
uma boa maneira de desviar as atenções dos Media da crise em que o Ocidente se desintegra, a Turquia provoca a Nato, o
Brexit divide a Europa e os membros da EU se encontram uns contra os outros; por
outro lado o problema da China à porta de casa, as políticas falhadas com a
Rússia e o Irão e ainda por cima o desmancha-prazeres Trump, o malvado que quer
travar o autocarro da globalização!
Mácron para legitimar a intromissão no Brasil,
um estado soberano, não receia em dizer: "Devemos responder ao apelo da
floresta (...) da Amazónia, nosso bem comum (...) e por isso vamos agir"…
a "nossa casa está pegando fogo. É uma crise internacional"(1) …
A Intervenção em questões internas de um país revela-se
como oportunisticamente justa porque na continuação do velho colonialismo europeu: outrora em nome do cristianismo e hoje em
nome dos direitos humanos e dos problemas ambientais chama a si a razão e
legitimação para intervir; com o seu agir, legitima actividades, por trás das
quais se escondem interesses colonialistas de caracter económico e ideológico.
É preocupante a reacção política aos fogos no Brasil sem ter havido
uma análise objectiva dos mesmos, (fogos estes, como consta, ateados entre
outros por ONGs internacionais a operar na Amazónia e a quem a Alemanha e
outros deixaram de apoiar), que provocou a intenção precipitada do
Presidente francês e da UE que consideram legítimo um boicote a importações do
Brasil, não faltando até a ameaça de se
questionar o acordo UE/Mercosul. A divindade continua a precisar de bodes
expiatórios!
Com se vê, Macron e a EU querem agir à velha maneira de senhores no
estilo imperialista e colonialista.
Antigamente intervinha-se num outro Estado em nome de interesses do mais forte ou
dos próprios interesses lesados, hoje os mais fortes intervêm nas nações em
nome dos direitos humanos e do que nos “pertence a todos”.
Em nome da globalização países e povos abdicam
do direito à autodeterminação; a subordinação a supraestruturas marginaliza até
o pensamento. O domínio e a censura que políticos autoritários aplicam e
aplicavam em nome do bem da nação hoje aplicam-no Estados democráticos mais
fortes em nome da globalização.
No meio de tanta confusão espalhada na opinião pública, parece andar muita
gente desvairada como se já tivéssemos chegado ao cume da montanha globalista
turbo-económica e cultural marxista e do cimo da convicção hegemónica já não
houvesse espaço para avistar a diferença quer a nível de género, de
comunidades, de países ou de regiões. Querem uma via única, a via do
igualitarismo que leve ao desmoronamento da civilização e tudo ainda em nome de
motivos nobres e universais.
Assim, em vez de se preocupar com os problemas causados
pelo globalismo, o nosso mago Mácron surge como salvador da honra da nova
Europa ao pegar na sua varinha mágica para enfeitiçar os membros da G7 e os
Media; assim para divertimento de um povo espectador consegue que se olhe para
o fumo de fora para melhor poder combater os feiticeiros rivais e malvados Bolsonaro
e Trump.
Toda a gente fala da Amazónia porque os interesses do socialismo marxista e
os interesses internacionais económicos na América do Sul se juntaram e se
encontram lá envolvidos.
Os desafios que a humanidade tem em mãos só poderão ter
sucesso se todos se derem as mãos à mesa das negociações em que cada parte ceda
na consciência de que a razão que advoga se deve sobretudo ao próprio ponto de
vista e sem o dos outros é mera prepotência, por muito nobres que pareçam ser os
seus ideais e argumentos.
Com tantos fogos e ventos a
soprar de todo o lado já seria tempo do povo da Europa acordar para notar que a
guerra que se incendeia na Amazónia é pura luta contra a cultura ocidental.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,
https://antonio-justo.eu/?p=5600
(1) Nota no Site
A jovialidade
entre Trump e Johnsons são o melhor sinal de uma visão comum contra um
globalismo liberalista. A guerra comercial entre a China e os USA prejudicam as
grandes economias europeias que se encontram dependentes de um negócio aberto e
livre pelo facto de individualmente não terem grande relevância mundial ao
contrário da China e dos USA.
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