Eusébio
é Voz de Povo a esperar
António Justo
No dia de Reis é sepultado um rei do futebol e dos corações. Eusébio
nascido em Lourenço Marques/Maputo, Moçambique veio cedo para Lisboa, deixando-nos
agora com 71 anos.
Salazar declarou-o invendável. Em 1960 passou do Sporting de Lourenco
Marques para o Benfica de Lisboa que pagou, na altura ao clube rival um resgate
de 350 contos (cerca de 25.000 euros) conseguindo assim um grande negócio.
Eusébio recebeu na altura o correspondente a 1.200€ de compensação e passou a
ganhar 30€ mensais. Não dava para enriquecer.
Aquele homem bom e simples conseguiu unir a simplicidade à heroicidade. Corria
por amor à camisola e ao povo. Era um ícone do desporto entre as vedetas de
futebol do mundo mas sempre sem peneiras.
Pertence ainda a um tempo em que o futebol não era dinheiro mas paixão. O
seu profissionalismo e exemplo de trabalho fizeram dele uma referência da
ciência popular. Como homem íntegro manteve-se homem do mundo e não da
ideologia; talvez por isso não fosse sempre reconhecido por uma certa elite política
a que o cheiro a povo incomoda.
Porque não arrotava a poder mereceu de Mário Soares a seguinte declaração: "
De Eusébio não sei muito, sei que era um homem simples, que só sabia falar de
futebol, que não era culto…”
O “Pantera Negra” foi um Homem Bom, um símbolo do Portugal povo e da África
que mete num saco a cultura de muitos pretensiosos senhores da cultura e que
fez mais por Portugal que muitos embaixadores e senhores que determinam o que é
cultura e poder.
Paz à sua alma!
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
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