Títulos de
Portugal com Classificação de Crédito “estável”
António Justo
Com o aval da troika, o destino
de Portugal volta às mãos dos portugueses. É um momento de satisfação para o
Estado e para os parceiros internacionais. Confirma-se assim o início da
estabilidade que leva ao abandono da recessão e, consequentemente, à credibilidade
internacional. Deu-se um grande passo no sentido da liberdade e da
responsabilidade.
Os investidores mostram-se
dispostos a investir em títulos do estado. Depois da Irlanda e da Espanha,
Portugal é o terceiro país a sair do programa de resgate. Agora, como os outros
estados, só fica sujeito à supervisão orçamental através da Comissão europeia.
As reformas e o bom comportamento dos portugueses, nestes tempos de cortes
justos e injustos, deram confiança aos investidores. A Europa beneficia também
da instabilidade na Rússia e na América latina. Há muito dinheiro nos bolsos
dos investidores internacionais à espera de oportunidade para serem aplicados,
até porque os juros do capital confiado aos bancos são insignificantes.
A altura não é talvez a melhor; a
Comissão europeia só prevê uma média de 1,2 % de crescimento económico, para os
18 países da zona euro.
A saúde
económica de um Estado mede-se com base nos dados do crescimento económico,
mercado de trabalho, dívida pública e inflação.
A Bélgica, Irlanda, Grécia,
Espanha, Itália, Chipre e Portugal têm dívidas superiores a 100% da sua
produção económica anual.
Segundo a EU, para 2015, está
prevista uma descida da actual dívida pública para 73,6% da produtividade
económica na Alemanha; para 120,4% na Irlanda, para 124,8% em Portugal, para
133,9% na Itália, para 172,4%, na Grécia.
O Estado ganhou a credibilidade
internacional, falta agora ganhar o crédito do povo. Resta aos partidos e à
população compreender que contribuições e impostos têm de ser produzidos, antes
de serem distribuídos e uma economia sã só recorre a empréstimos para
investimentos produtivos.
Ontem, a Agência de Classificação
Standard & Poor’s acaba de registar o rating de crédito do país como
“estável”, o que significa um indicador aos investidores estrangeiros de
poderem começar a apostar em Portugal, porque o país não será descido na
graduação. Portugal deixou de pertencer à lista dos países sob observação.
Títulos de crédito a longo prazo continuam a ser classificados com o nível
ramisco (BB).
António da Cunha
Duarte Justo
8 comentários:
Pregunto inocentemente:
A credibilidade internacional de que entidades?
Mar
Quando falo de credibilidade internacional refiro-me à credibilidade económica, à confiança que quem pede apoio tem perante os parceiros estrangeiros, especialmente os investidores estrangeiros!
Portugal ganhou credibilidade devido à consolidação económica conseguida e às reformas estruturais efectuadas. A avaliação, feita pela Troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) e agora a ser seguida pela Agência de Classificação Standard & Poor’s, é um indicador a nível internacional de que Portugal cumpre e merece confiança (A realidade é que os credores se orientam por aqueles que lhe merecem confiança, neste caso os seus parceiros que acabo de referir).
Com isto não quero justificar certas medidas tomadas para o efeito (não era o assunto do artigo). Tão-pouco é intenção minha desculpar um sistema internacional económico com pés de barro em que as nações conseguem o progresso actual à custa do endividamento, a ser pago pelas gerações futuras ou a ser solucionado por um futuro colapso económico geral.
A realidade é dura mas os investidores e os especuladores internacionais só investem num país, ou concedem crédito, quando tiram proveito disso.
A grande finança é predadora e age sob anonimidade através dos Bancos; pobre de quem cai na necessidade de pedir emprestado para poder sobreviver!
Quem visita Portugal chega com uma imagem ruim, pois o povo está muito para baixo. Deserto e sem perspectivas.
Jorge Rosmaninho
"Ontem, a Agência de Classificação Standard & Poor’s considerou o rating de crédito do país como “estável”, numa próxima decisão, o que significa um indicador aos investidores estrangeiros de poderem começar a apostar em Portugal..." Sim, Jorge Rosmaninho, o povo está muito desanimado porque teve de aguentar com medidas muito desagradáveis para voltar a ganhar a confiança internacional; o povo não deve porém esquecer que tem o luxo de um país com infraestruturas cinco estrelas (não quero, com isto, justificar a megalomania, o desperdício nem a corrupção havidos) ; agora é preciso investir no trabalho e nas médias e pequenas empresas para que Portugal consiga pagar o luxo que tem a nível de Estado: autoestradas, centros culturais, etc... Para se conseguir o desenvolvimento precisa-se de uma classe
Sei perfeitamente que o Pais está muito mais viável hoje, não este governo, Brasil passou por isso na década de 80. Saiu com crescimento. Pobreza só chama miséria.
José Rosmaninho
A riqueza e a pobreza que temos é nossa. É o fruto de quem trabalha e de quem "governa": povo, governo e oposição!
Caro António Justo, quem cá vive não vê nenhum sinal de melhoria, antes pelo contrário. Há muita, mas mesmo muita fome no nosso País. E, não podemos esquecer que estão a sair do País uma média de dez mil jovens, quase todos licenciados, por mês. Os que cá ficam estão no desemprego e, sem qualquer subsídio. Vivem à custa dos pais e dos avós, que começam a não poder continuar a suportar o encargo. Estive recentemente na província onde falei com reformados que começam a deixar de comprar medicamentos indispensáveis para sobreviverem por falta de poder de compra. Quanto à comida, há muitos que já só sobrevivem com aquilo que a terra lhes dá, terra para a qual se tiveram que voltar, agora que as forças lhes faltam. Temos que ser directos, O mal deste País está na corrupção, Como é que se compreende que num País em crise como o nosso está, o número dos multimilionários aumentou nos últimos anos em percentagens da ordem dos 13%. E, o que custa ver é precisamente o contraste entre ricos o pobres. Vemos no nosso País carros de luxo em maior percentagem do que em Países ricos, como por exemplo a Alemanha. Eu já desisti de acreditar que alguma vez isto mude. O Estado Social está moribundo e qualquer dia acabarão com a escola pública, a saúde pública, enfim , tudo o que pode ajudar a gente do povo a ter uma vida digna.
José Fratel
Prezado José Fratel,
o que apresenta é muito importante.
Mas o meu tema não era o dos problemas com que Portugal, infelizmente, se debate, o que não nega os problemas por si apresentados.
O que não quero é tornar-me cúmplice duma mentalidade que aposta, geralmente, na culpabilização dos outros, ou na “apagada e vil tristeza” de uma atitude típica portuguesa de querer encarar os problemas com a colocação da culpa sempre do outro lado, em vez de se autoanalisar com base a factos. O dogmatismo da esquerda e do centro- direita impede (e sempre impediu) uma governação racional do país.
Quanto à injustiça sistemática e aos investidores acrescentei um comentário que pode consultar no artigo.
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