sábado, 10 de maio de 2014

Portugal sai do Programa de Resgate financeiro da Troika



Títulos de Portugal com Classificação de Crédito “estável”

António Justo
Com o aval da troika, o destino de Portugal volta às mãos dos portugueses. É um momento de satisfação para o Estado e para os parceiros internacionais. Confirma-se assim o início da estabilidade que leva ao abandono da recessão e, consequentemente, à credibilidade internacional. Deu-se um grande passo no sentido da liberdade e da responsabilidade.

Os investidores mostram-se dispostos a investir em títulos do estado. Depois da Irlanda e da Espanha, Portugal é o terceiro país a sair do programa de resgate. Agora, como os outros estados, só fica sujeito à supervisão orçamental através da Comissão europeia. As reformas e o bom comportamento dos portugueses, nestes tempos de cortes justos e injustos, deram confiança aos investidores. A Europa beneficia também da instabilidade na Rússia e na América latina. Há muito dinheiro nos bolsos dos investidores internacionais à espera de oportunidade para serem aplicados, até porque os juros do capital confiado aos bancos são insignificantes.

A altura não é talvez a melhor; a Comissão europeia só prevê uma média de 1,2 % de crescimento económico, para os 18 países da zona euro.

A saúde económica de um Estado mede-se com base nos dados do crescimento económico, mercado de trabalho, dívida pública e inflação

A Bélgica, Irlanda, Grécia, Espanha, Itália, Chipre e Portugal têm dívidas superiores a 100% da sua produção económica anual.

Segundo a EU, para 2015, está prevista uma descida da actual dívida pública para 73,6% da produtividade económica na Alemanha; para 120,4% na Irlanda, para 124,8% em Portugal, para 133,9% na Itália, para 172,4%, na Grécia.

O Estado ganhou a credibilidade internacional, falta agora ganhar o crédito do povo. Resta aos partidos e à população compreender que contribuições e impostos têm de ser produzidos, antes de serem distribuídos e uma economia sã só recorre a empréstimos para investimentos produtivos. 

Ontem, a Agência de Classificação Standard & Poor’s acaba de registar o rating de crédito do país como “estável”, o que significa um indicador aos investidores estrangeiros de poderem começar a apostar em Portugal, porque o país não será descido na graduação. Portugal deixou de pertencer à lista dos países sob observação. Títulos de crédito a longo prazo continuam a ser classificados com o nível ramisco (BB).
António da Cunha Duarte Justo

8 comentários:

Anónimo disse...

Pregunto inocentemente:
A credibilidade internacional de que entidades?

Mar

António da Cunha Duarte Justo disse...

Quando falo de credibilidade internacional refiro-me à credibilidade económica, à confiança que quem pede apoio tem perante os parceiros estrangeiros, especialmente os investidores estrangeiros!

Portugal ganhou credibilidade devido à consolidação económica conseguida e às reformas estruturais efectuadas. A avaliação, feita pela Troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) e agora a ser seguida pela Agência de Classificação Standard & Poor’s, é um indicador a nível internacional de que Portugal cumpre e merece confiança (A realidade é que os credores se orientam por aqueles que lhe merecem confiança, neste caso os seus parceiros que acabo de referir).
Com isto não quero justificar certas medidas tomadas para o efeito (não era o assunto do artigo). Tão-pouco é intenção minha desculpar um sistema internacional económico com pés de barro em que as nações conseguem o progresso actual à custa do endividamento, a ser pago pelas gerações futuras ou a ser solucionado por um futuro colapso económico geral.
A realidade é dura mas os investidores e os especuladores internacionais só investem num país, ou concedem crédito, quando tiram proveito disso.
A grande finança é predadora e age sob anonimidade através dos Bancos; pobre de quem cai na necessidade de pedir emprestado para poder sobreviver!

Anónimo disse...

Quem visita Portugal chega com uma imagem ruim, pois o povo está muito para baixo. Deserto e sem perspectivas.
Jorge Rosmaninho

António da Cunha Duarte Justo disse...

"Ontem, a Agência de Classificação Standard & Poor’s considerou o rating de crédito do país como “estável”, numa próxima decisão, o que significa um indicador aos investidores estrangeiros de poderem começar a apostar em Portugal..." Sim, Jorge Rosmaninho, o povo está muito desanimado porque teve de aguentar com medidas muito desagradáveis para voltar a ganhar a confiança internacional; o povo não deve porém esquecer que tem o luxo de um país com infraestruturas cinco estrelas (não quero, com isto, justificar a megalomania, o desperdício nem a corrupção havidos) ; agora é preciso investir no trabalho e nas médias e pequenas empresas para que Portugal consiga pagar o luxo que tem a nível de Estado: autoestradas, centros culturais, etc... Para se conseguir o desenvolvimento precisa-se de uma classe

Anónimo disse...

Sei perfeitamente que o Pais está muito mais viável hoje, não este governo, Brasil passou por isso na década de 80. Saiu com crescimento. Pobreza só chama miséria.
José Rosmaninho

António da Cunha Duarte Justo disse...

A riqueza e a pobreza que temos é nossa. É o fruto de quem trabalha e de quem "governa": povo, governo e oposição!

Anónimo disse...

Caro António Justo, quem cá vive não vê nenhum sinal de melhoria, antes pelo contrário. Há muita, mas mesmo muita fome no nosso País. E, não podemos esquecer que estão a sair do País uma média de dez mil jovens, quase todos licenciados, por mês. Os que cá ficam estão no desemprego e, sem qualquer subsídio. Vivem à custa dos pais e dos avós, que começam a não poder continuar a suportar o encargo. Estive recentemente na província onde falei com reformados que começam a deixar de comprar medicamentos indispensáveis para sobreviverem por falta de poder de compra. Quanto à comida, há muitos que já só sobrevivem com aquilo que a terra lhes dá, terra para a qual se tiveram que voltar, agora que as forças lhes faltam. Temos que ser directos, O mal deste País está na corrupção, Como é que se compreende que num País em crise como o nosso está, o número dos multimilionários aumentou nos últimos anos em percentagens da ordem dos 13%. E, o que custa ver é precisamente o contraste entre ricos o pobres. Vemos no nosso País carros de luxo em maior percentagem do que em Países ricos, como por exemplo a Alemanha. Eu já desisti de acreditar que alguma vez isto mude. O Estado Social está moribundo e qualquer dia acabarão com a escola pública, a saúde pública, enfim , tudo o que pode ajudar a gente do povo a ter uma vida digna.
José Fratel

António da Cunha Duarte Justo disse...

Prezado José Fratel,
o que apresenta é muito importante.
Mas o meu tema não era o dos problemas com que Portugal, infelizmente, se debate, o que não nega os problemas por si apresentados.
O que não quero é tornar-me cúmplice duma mentalidade que aposta, geralmente, na culpabilização dos outros, ou na “apagada e vil tristeza” de uma atitude típica portuguesa de querer encarar os problemas com a colocação da culpa sempre do outro lado, em vez de se autoanalisar com base a factos. O dogmatismo da esquerda e do centro- direita impede (e sempre impediu) uma governação racional do país.
Quanto à injustiça sistemática e aos investidores acrescentei um comentário que pode consultar no artigo.