sexta-feira, 2 de outubro de 2015

CONSTITUIÇÃO ALEMÃ EM ÁRABE PARA REFUGIADOS

As mesmas regras de jogo para alemães e estrangeiros – Iniciativa para evitar a desculpa do “não sabia„

António Justo

Quem vem para a Alemanha deve saber que “os princípios da nossa sociedade democrática são válidos para todos”.

O vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel (SPD) mandou traduzir os primeiros 20 artigos da constituição alemã e imprimir 10.000 exemplares em árabe para serem distribuídas nos centros de acolhimento de refugiados e aos deputados na Alemanha. Junto toda a Constituição em árabe (دستور جمهورية ألمانيا الاتحادية): http://www.fes.de/international/nahost/pdf/GGArabisch.pdf

Deste modo os refugiados poderão saber quais são os princípios que regulam a sociedade alemã. Ninguém poderá mais tarde argumentar que não sabia as regras do jogo (traduzo): “A Alemanha não é um país qualquer. Aqueles que vêm para cá precisam de saber como é a cultura da convivência entre nós”, declara agora Gabriel em entrevista ao Bild Zeitung (2.10.2015). Defende a cultura dominante argumentando: „Existe uma cultura de liberdade e responsabilidade, de direitos e deveres de que não queremos abdicar. As pessoas que vêm para cá devem não só aprender a língua alemã, mas também saber as regras de jogo da nossa coexistência”.

E concretiza: “Ninguém é forçado, quando vem para a Alemanha, a mudar de religião, ou a mudar a sua vida privada. Mas que, é importante para a nossa convivência, que os princípios da nossa sociedade democrática, se apliquem a todos. A todos aqueles que já se encontram cá e a todos os que vêm. Que, entre nós, Religião e Estado são separados, que homens e mulheres têm os mesmos direitos, que cá a homossexualidade não é nada anormal, que as parcerias de vida podem ser escolhidas livremente, que somos um país com liberdade de expressão, que também inclui a crítica à religião, também mostramos nenhuma tolerância perante anti-semitismo, todos estes são os princípios que temos de declarar/explicar - mas cuja aceitação esperamos daqueles que vêm até nós. Também na integração se aplica: exigir e promover.”

Na Alemanha, atendendo à grande afluência de imigrantes (este ano conta-se com um milhão de pretendentes a asilo) e aos muitos problemas de convivência não resolvidos, a política começa a falar texto claro.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

3 comentários:

Anónimo disse...

Exemplo da eficiência no planejamento dos detalhes, mostrado pelo governo alemão.
Que nossos politicos observem com acuidade.
Saudações aos participantes,
Vilson
in Diálogos Lusófonos, 2.10.2015

Anónimo disse...

Para já, começaram a traduzir para árabe!

E depois vai o resto, como a conversa do namorado!

Cumprimentos e bom estudo
lc

António da Cunha Duarte Justo disse...

Pelo que conheço do estilo da política alemã pode-se ler muito nas entrelinhas do que disse o vice-chanceler.
Só que os políticos do arco do poder não podem falar claro porque ou teriam de rever os programas dos partidos ou ver novos partidos passar-lhe à frente. Certamente por isso cortaram o pio à “Pegida”; sabem que, no que respeita a colocar a nação à disposição, têm o apoio das minorias de esquerda que domina o sentimentalismo de grande parte do povo e também eles querem ser “correctos”.
Cordialmente
António Justo