As mesmas regras de jogo para alemães e estrangeiros – Iniciativa
para evitar a desculpa do “não sabia„
António
Justo
Quem vem para a Alemanha deve
saber que “os princípios da nossa sociedade democrática são válidos para todos”.
O vice-chanceler alemão Sigmar
Gabriel (SPD) mandou traduzir os primeiros 20 artigos da constituição alemã e
imprimir 10.000 exemplares em árabe para serem distribuídas nos centros de
acolhimento de refugiados e aos deputados na Alemanha. Junto toda a
Constituição em árabe (دستور جمهورية ألمانيا الاتحادية): http://www.fes.de/international/nahost/pdf/GGArabisch.pdf
Deste modo os refugiados poderão
saber quais são os princípios que regulam a sociedade alemã. Ninguém poderá
mais tarde argumentar que não sabia as regras do jogo (traduzo): “A Alemanha
não é um país qualquer. Aqueles que vêm para cá precisam de saber como é a
cultura da convivência entre nós”, declara agora Gabriel em entrevista ao Bild
Zeitung (2.10.2015). Defende a cultura dominante argumentando: „Existe uma cultura
de liberdade e responsabilidade, de direitos e deveres de que não queremos abdicar.
As pessoas que vêm para cá devem não só aprender a língua alemã, mas também
saber as regras de jogo da nossa coexistência”.
E concretiza: “Ninguém é forçado,
quando vem para a Alemanha, a mudar de religião, ou a mudar a sua vida privada.
Mas que, é importante para a nossa convivência, que os princípios da nossa
sociedade democrática, se apliquem a todos. A todos aqueles que já se encontram
cá e a todos os que vêm. Que, entre nós, Religião e Estado são separados, que
homens e mulheres têm os mesmos direitos, que cá a homossexualidade não é nada
anormal, que as parcerias de vida podem ser escolhidas livremente, que somos um
país com liberdade de expressão, que também inclui a crítica à religião, também
mostramos nenhuma tolerância perante anti-semitismo, todos estes são os
princípios que temos de declarar/explicar - mas cuja aceitação esperamos
daqueles que vêm até nós. Também na integração se aplica: exigir e promover.”
Na Alemanha, atendendo à grande afluência
de imigrantes (este ano conta-se com um milhão de pretendentes a asilo) e aos
muitos problemas de convivência não resolvidos, a política começa a falar texto
claro.
António da
Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu
3 comentários:
Exemplo da eficiência no planejamento dos detalhes, mostrado pelo governo alemão.
Que nossos politicos observem com acuidade.
Saudações aos participantes,
Vilson
in Diálogos Lusófonos, 2.10.2015
Para já, começaram a traduzir para árabe!
E depois vai o resto, como a conversa do namorado!
Cumprimentos e bom estudo
lc
Pelo que conheço do estilo da política alemã pode-se ler muito nas entrelinhas do que disse o vice-chanceler.
Só que os políticos do arco do poder não podem falar claro porque ou teriam de rever os programas dos partidos ou ver novos partidos passar-lhe à frente. Certamente por isso cortaram o pio à “Pegida”; sabem que, no que respeita a colocar a nação à disposição, têm o apoio das minorias de esquerda que domina o sentimentalismo de grande parte do povo e também eles querem ser “correctos”.
Cordialmente
António Justo
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