Trump
abana o sistema político de uma sociedade em transformação
Por António Justo
Numa população em franca transformação demográfica e cada
vez mais multifacetada, a tonalidade branca dominante cada vez marcará menos a
sua presença.
Nos USA, muito provavelmente assumirá o poder, pela primeira vez, uma
mulher. Segundo sondagens americanas 90% dos “Afro-Americanos” e 75% dos
hispânicos (67 milhões) tencionam votar em Clinton. A vitória poderá depender
também da maior ou menor afluência destes às urnas.
Obama ganhou as eleições devido à abstenção de 47 milhões de brancos nas
últimas eleições. Se Donald Trump conseguisse movimentar parte destes para as
urnas então a vitória de Clinton estaria mais em perigo. Na realidade a última
declaração do FBI, de que Clinton não terá cometido crime com os emails, virá
ajudá-la. Numa sondagem
o „Washington Post” prevê 48% dos votos para Clinton e 43 para Trump.
Assistimos a um sofrimento passageiro onde o fenómeno
Trump simboliza a híper-reacção de um sistema cultural, e de uma classe
política, homogéneo, agora em retirada, numa sociedade em transformação. Trump abanou o sistema mas não irá além do sofrimento de
uma classe política que se recusa a aceitar a mudança que se tem verificado nos
USA étnica e ideologicamente. A taxa de natalidade dos imigrantes e dos
hispânicos cada vez influenciará mais a política americana.
Os USA dão a
impressão de estarem um pouco adoentados mas é uma sociedade viva com imensas
potencialidades. Não haverá nada a recear; os americanos têm, apesar de tudo,
mostrado responsabilidade em relação ao mundo.
Na Alemanha, nem
Clinton nem Trump teriam oportunidade de serem eleitos.
Trump também não
teria hipótese de vencer na EU. Mas a maneira como Bruxelas configura a
política fomenta o processo de concretização do fenómeno Trump. Nos USA como na
UE um globalismo extremo fomenta o nacionalismo como contraponto.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo http://antonio-justo.eu/?p=3930
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