A mudança no clima acentuar-se-á em Portugal
António Justo
Especialistas internacionais advertiram que
Portugal no futuro tem que contar com incêndios florestais devastadores; isto implica um trabalho nacional sério
de reordenamento do território e evitar a negligência governamental manifestada
até aqui; os políticos portugueses não podem limitar-se a andar ao sabor da
emoção e atrás do acontecimento como mostra em Portugal a ausência de serviços
florestais!
Thomas Curt da IRSTEA
(Organização de Planeamento Físico e ordenamento do território e problemas
estruturais na França), diz que em Portugal nos últimos 50 anos as temperaturas
subiram mais que na média mundial. A desertificação da floresta mais ajudará o processo em via! Temos a sorte
de ter o atlântico à beira, mas as pessoas do interior cada vez serão mais
obrigadas a abandonar as suas terras e deste modo a abandonar a defesa e o
cultivo do interior. (Enquanto os nossos políticos maiores continuarem a
considerar-se refugiados da província em Lisboa, Portugal inteiro não terá
hipótese!)
O relatório dos fogos de 2011/12 foi feito em 2014 mas só foi publicado a
20 de Junho passado como refere o Público,
não se fale já dos outros... A confirmar a atitude política em relação à
desgraça nacional de tantas famílias destruídas e de tanta natureza devastada,
o nosso Parlamento, prefere “ir de férias não dando andamento ao pacote
florestal, parado há dois meses na comissão de Agricultura”.
Servir-se da experiência estrangeira
Seria de implementar a ideia do envolvimento de técnicos estrangeiros no
sentido de melhorar soluções e evitar questiúnculas de possíveis envolvimentos
e aproveitamentos partidários; um estudo sobre o que se faz noutras nações, com
problemas semelhantes, seria muito útil porque embora tenhamos estudos
científicos sobre o assunto, os resultados de investigações ou de projectos
dependem também, por vezes, da cor política de quem os elabora. Certamente,
seria óbvia a criação de trabalhadores florestais (guardas florestais que
trabalhem na sua demarcação).
Na Alemanha que é um Estado que tem as florestas primorosamente em bom
estado e bem administradas porque possui administração descentralizada e
naturalmente com guardas florestais por todo o lado (estes são verdadeiros
técnicos aficionados pela floresta como pude constatar em tempos passados!)
Na Alemanha os guardas florestais assumem várias funções; esta profissão
ocupa-se também do aproveitamento económico sustentável das florestas, tendo em
conta as suas funções ecológicas e sociais. A sua situação de emprego e
respectivas funções depende dos diferentes caracteres da floresta. A caça pode
contar entre as suas tarefas. Na Alemanha os “ guardas
florestais “ são geralmente engenheiros com um estudo próprio.
Já Gonçalo
Ribeiro Telles dizia: «É urgente fazer o reordenamento do território
"a sério," não para a floresta mas para as árvores em todas as suas
funções».
Urge a reactivação da carreira de guardas-florestais e a revisão das suas
tarefas. De facto, seria mesmo pobre uma organização que se limitasse apenas a
vigar a floresta. (De lamentar manifestações e sindicatos que se preocupam só
com ordenados e com aumento de pessoal e não se preocupam mais pela organização
moderna de serviços florestais e pela eficiência e qualificação dos seus
membros.
Mudar de atitude e de política
Uma cultura da artificialidade e do artifício,
desconsideradora do natural e da natureza não põe luto pelas árvores, não chora
ainda pelas árvores ardidas! Também as diferentes espécies vegetais com o seu habitat natural esperam
por serem defendidas.
Uma pólis preocupada com o dinheiro fácil (eucaliptos em demasia) e com o
consumo refugia-se no gueto da cidade sem consciência do que deveria investir e
fazer pelas aldeias e pelas regiões. Portugal, com o seu centralismo obsoleto
em Lisboa continuou na República o que o espírito monárquico tem de criticável.
Naturalmente, não chega criticar por criticar nem ser contra os críticos.
Quanto mais viva for uma sociedade civil maior será a expressão de opiniões e
as suas intervenções! O espírito crítico é o pressuposto para o avanço de uma
cultura!
Homenagem seja feita aos mortos e ao povo comovido que se mostra
imensamente solidário com a sua ajuda concreta às vítimas de forças alheias e
da incúria social e política.
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4330
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