quarta-feira, 21 de junho de 2017

PORTUGAL TEM QUE CONTAR NO FUTURO COM INCÊNDIOS FLORESTAIS DEVASTADORES



A mudança no clima acentuar-se-á em Portugal

António Justo
Especialistas internacionais advertiram que Portugal no futuro tem que contar com incêndios florestais devastadores; isto implica um trabalho nacional sério de reordenamento do território e evitar a negligência governamental manifestada até aqui; os políticos portugueses não podem limitar-se a andar ao sabor da emoção e atrás do acontecimento como mostra em Portugal a ausência de serviços florestais!
Thomas Curt da  IRSTEA (Organização de Planeamento Físico e ordenamento do território e problemas estruturais na França), diz que em Portugal nos últimos 50 anos as temperaturas subiram mais que na média mundial. A desertificação da floresta mais ajudará o processo em via! Temos a sorte de ter o atlântico à beira, mas as pessoas do interior cada vez serão mais obrigadas a abandonar as suas terras e deste modo a abandonar a defesa e o cultivo do interior. (Enquanto os nossos políticos maiores continuarem a considerar-se refugiados da província em Lisboa, Portugal inteiro não terá hipótese!)
O relatório dos fogos de 2011/12 foi feito em 2014 mas só foi publicado a 20 de Junho passado como refere o Público, não se fale já dos outros... A confirmar a atitude política em relação à desgraça nacional de tantas famílias destruídas e de tanta natureza devastada, o nosso Parlamento, prefere “ir de férias não dando andamento ao pacote florestal, parado há dois meses na comissão de Agricultura”.

Servir-se da experiência estrangeira


Seria de implementar a ideia do envolvimento de técnicos estrangeiros no sentido de melhorar soluções e evitar questiúnculas de possíveis envolvimentos e aproveitamentos partidários; um estudo sobre o que se faz noutras nações, com problemas semelhantes, seria muito útil porque embora tenhamos estudos científicos sobre o assunto, os resultados de investigações ou de projectos dependem também, por vezes, da cor política de quem os elabora. Certamente, seria óbvia a criação de trabalhadores florestais (guardas florestais que trabalhem na sua demarcação).

Na Alemanha que é um Estado que tem as florestas primorosamente em bom estado e bem administradas porque possui administração descentralizada e naturalmente com guardas florestais por todo o lado (estes são verdadeiros técnicos aficionados pela floresta como pude constatar em tempos passados!)
Na Alemanha os guardas florestais assumem várias funções; esta profissão ocupa-se também do aproveitamento económico sustentável das florestas, tendo em conta as suas funções ecológicas e sociais. A sua situação de emprego e respectivas funções depende dos diferentes caracteres da floresta. A caça pode contar entre as suas tarefas. Na Alemanha os “ guardas florestais “ são geralmente engenheiros com um estudo próprio.
Gonçalo Ribeiro Telles dizia: «É urgente fazer o reordenamento do território "a sério," não para a floresta mas para as árvores em todas as suas funções».
Urge a reactivação da carreira de guardas-florestais e a revisão das suas tarefas. De facto, seria mesmo pobre uma organização que se limitasse apenas a vigar a floresta. (De lamentar manifestações e sindicatos que se preocupam só com ordenados e com aumento de pessoal e não se preocupam mais pela organização moderna de serviços florestais e pela eficiência e qualificação dos seus membros.

Mudar de atitude e de política


Uma cultura da artificialidade e do artifício, desconsideradora do natural e da natureza não põe luto pelas árvores, não chora ainda pelas árvores ardidas! Também as diferentes espécies vegetais com o seu habitat natural esperam por serem defendidas.
Uma pólis preocupada com o dinheiro fácil (eucaliptos em demasia) e com o consumo refugia-se no gueto da cidade sem consciência do que deveria investir e fazer pelas aldeias e pelas regiões. Portugal, com o seu centralismo obsoleto em Lisboa continuou na República o que o espírito monárquico tem de criticável.
Naturalmente, não chega criticar por criticar nem ser contra os críticos. Quanto mais viva for uma sociedade civil maior será a expressão de opiniões e as suas intervenções! O espírito crítico é o pressuposto para o avanço de uma cultura!
Homenagem seja feita aos mortos e ao povo comovido que se mostra imensamente solidário com a sua ajuda concreta às vítimas de forças alheias e da incúria social e política.
© António da Cunha Duarte Justo

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