segunda-feira, 19 de março de 2018

CUMPLICIDADE DA ALEMANHA E DA EU NA INVASÃO TURCA CONTRA OS CURDOS

Conflito turco-curdo transportado para a Alemanha



Por António Justo
"Erdogan terrorista!", tanques alemães, fora do Curdistão! “,"Merkel financia, Erdogan bombardeia!" „Afrin, Afrin!" são os gritos da marcha de 15 a 20 mil manifestantes, especialmente curdos, em Hanôver no Sábado passado (17.03.2018). Manifestam-se, tal como em outras cidades alemãs, contra a ofensiva militar turca no norte da Síria. Na sexta-feira, 16 civis foram mortos num ataque a um hospital da cidade Afrin de maioria curda. 

A ofensiva turca “Ramo de Oliveira” no norte da Síria, no parecer do Serviço Científico do Parlamento Alemão, não é compatível com o direito internacional. O artigo 51 da UN Carta só permite o direito à autodefesa. Forças armadas turcas nesta ofensiva já “neutralizaram” 3.055 curdos, como relata o governo turco!

Ataques contra organizações e mesquitas turcas 

Depois da invasão da Síria pela Turquia contra os curdos, a Alemanha assiste no seu território a uma série de ataques contra mesquitas e Instituições turcas. 

Segundo a Ditib, (União turco-islâmica – organização tecto de 900 associações turco-islâmicas na Alemanha), nos passados dois meses houve ataques a 27 mesquitas e 12 empresas e clubes turcos na Alemanha.

Já que a imprensa não se escandaliza com o escândalo da perseguição ao povo curdo, os curdos e apoiantes parecem determinados a escandalizar para poderem ser ouvidos. Na Alemanha prossegue a guerra turco-curda na Alemanha com outros meios. Na Alemanha acumulam-se extremistas turcos, neonazistas, membros do IS e extremistas de esquerda à mistura com muita gente de boa vontade.

Na Alemanha vivem 3 milhões de cidadãos de origem turca e, destes, cerca de um milhão são curdos. O conflito entre os dois grupos é cada vez maior.
Esta concentração de ataques é classificada como reacção à invasão militar turca contra a organização curda YPG no norte da Síria junto a Afrin. 

O Partido dos trabalhadores curdos (PKK) na Turquia e a Milícia curda YPG na Síria, lutam por um estado curdo independente no seu território de origem. Para impedir tal, o exército turco procura aniquilar os curdos do estado vizinho porque no caso de ser formado um estado curdo em parte do Curdistão vizinho (Síria) então a região curda da Turquia mais facilmente conseguiria esforçar o seu reconhecimento, se não com estado independente, como estado federado! 

Ancara festejou ontem (18.03) a tomada de Afrin onde os soldados já destruíram a estátua de Kawa símbolo da luta curda contra a tirania. O Observatório Independente dos Direitos Humanos na Síria fala de 300 civis vítimas da invasão turca. A Turquia apoiada pelo grupo aliado FSA (exército sírio livre) tenciona prosseguir a invasão na direção de Manbidsh, contra a organização curda YPG aliada dos USA na luta contra o grupo terrorista IS (Estado Islâmico). A Turquia não tolera que o povo curdo faça do Curdistão o seu estado. De futuro prevê-se paralelamente ao terrorismo IS, a luta pela independência do povo curdo, através da guerrilha até que as nações lhe reconheçam o direito a à sua etnia e a mandarem na própria terra.

Quanto aos ataques às instituições turcas na Alemanha, as autoridades ainda apalpam o escuro no terreno e partem do princípio que são ataques de motivação política e veem nos actos de violência uma reacção à ofensiva militar contra os curdos; segundo a Polícia Criminal Federal (BKA), a cena esquerda identifica-se com a situação dos curdos; também o órgão de Proteção constitucional alemã relata a presença de membros do PKK nas demonstrações curdas na Alemanha; também as associações islâmicas veem a participação da organização PKK que é proibida na Alemanha. Os políticos alemães sentem-se inquietados com o potencial da escalação do conflito de modo que o Ministério do Interior já pensa em colocar as mesquitas sob proteção policial especial, tal como acontece com as sinagogas.
 
O ódio divide a sociedade e não pode ser justificado pela solidariedade com os curdos na síria nem com a solidariedade da Alemanha com a Turquia ao apoiá-la e fornecer-lhe armas da morte. Por outro lado, ataques a instituições religiosas são também ataques à liberdade.
António da Cunha Duarte Justo

3 comentários:

Antonio Justo disse...

Segundo a polícia, este ano já ocorreram 37 ataques a mesquitas, associações culturais e restaurantes por ativistas curdos. No ano passado foram 13.
O Tribunal das Nações Unidas e dos Direitos Humanos condenou a Turquia a pagar 21.500€ a dois jornalistas injustamente mantidos presos na Turquia e que apresentaram queixa. Existem centenas de milhares de violações dos direitos humanos na Turquia, referem as NU.

Anónimo disse...

Entretanto,o Sultão continua atacar um país soberano que é a Síria, e até já está a a pensar ir ao Iraque combater os CURDOS .Tudo isto com ajuda da Nato,com tanques que os alemães lhe venderam,com dinheiro que a União Europeia para parar a vinda de refugiados para Europa. O Gabriel mentiu ao dizer que nem mais um tanque e não só, à Turquia. Entretanto o Putin também aproveita para entrar no negócio. Está para breve uma cimeira entre os osmanos,Russos e Iraneses para debater o problema Sírio. Pobre gente que morrem aos milhares….
Manuel Adaes
FB

Antonio Justo disse...

Na Turquia temos uma “democracia” transformada em ditadura da maioria!
É realmente um escândalo o facto de um país da Nato como a Turquia se tornar em agressor de um país vizinho e os seus soldados se dedicarem à pilhagem do pobre povo curdo invadido como se nos encontrássemos hoje como nos tempos de Maomé em que este pagava os grupos de assalto com a pilhagem das terras invadidas. Os Estados europeus calam o que está a acontecer e a imprensa fala pouco do assunto. Erdogan tem os países da EU na mão porque tem o poder de deixar vir para a Alemanha os refugiados mantidos na Turquia em grande parte a custos dos países da EU. O governo alemão, que quer impedir, a todo o custo, a vinda de refugiados em massa para a Almanha e quer fazer o negócio com as armas, etc com a Turquia baixa a voz e subjuga-se ao sultão.