Pacto aclamado em Marraquexe por Interesses de Elites
contra Povo?
Por António Justo
Dos 192 Estados envolvidos na negociação
do Pacto de migração da ONU, 164 países aprovam-no por aclamação em Marraquexe;
o documento será formalmente aprovado em janeiro 2019 pela Assembleia Geral da
ONU.
Entre outros,
negaram-se a assinar o pacto, a Suécia, os USA, China, Coreia do Sul, Austrália, Japão, Hungria, Áustria, Polónia,
República Tcheca, Bulgária, Eslováquia e Israel.
Porque é que o primeiro
ministro belga sacrifica a coligação de um governo estável e coloca em perigo
as instituições do país, pelo simples desejo, de, contra o parceiro
maioritário, decidir assinar um pacto que pelos vistos não é vinculativo?
Serão populistas e nacionalistas todos
os países que não assinaram o pacto, como quer a esquerda militante?
Não será este
um pacto para domesticar a cultura ocidental e, por isso, ter seguido uma
estratégia rápida numa acção toda ela de nevoeiro e “pouco antes das 12 horas”
(como dizem os alemães)? Não será que este Pacto de migração controverso foi
conseguido às escondidas do povo por ser um pacto de certas elites contra o
povo?
Embora defendesse, mais tempo, no discurso público, para se
discutir à base de argumentação sobre o documento e mudar alguns pontos do
Pacto de Migração, não deixo de insurgir-me contra um discurso manipulador,
prórpio do pensar politicamente correcto que, à sombra de agendas preparadas,
pretende levar as águas do povo ao seu moinho, como se o mainstream fosse o mar
que alimenta todas as águas!
A pressa com que o assunto se tratou na
opinião pública e em parlamentos, faz-me lembrar algo déjà vu, isto é, a
técnica que extremistas de esquerda usavam na discussão de assuntos em
assembleias ou comícios em Portugal na fase quente do 25 de Abril. Pude
observar isso em algumas reuniões que duravam até altas horas da noite e em que
os presentes menos militantes saiam da reunião (devido às desoras) e depois os
militantes jacobinos aproveitavam-se da circunstância para tomarem, entre eles,
decisões naturalmente “democráticas”.
De resto, em democracia, querem-se
decisões fruto do compromisso (embora se possa pontualmente não estar de
acordo); num povo que se quer de cidadãos adultos as decisões deveriam ser
tomadas depois de verdadeira e atempada controvérsia pública, doutro modo arruma-se
com o povo e com ele arruma-se também com a democracia.
Sendo eu contra Mao, sou, apesar dele, por
uma revolução cultural que assente no discurso da controvérsia e num humanismo
em que primeiramente estejam a ser defendidos os interesses da pessoa de modo a
não ser transformada em objecto nem mero instrumento. Quer-se um humanismo
inclusivo e digno que não jogue humano contra humano, ou lhe roube a dignidade!
Na sociedade não chega que grupos se
afirmem contra grupos; é preciso
cidadãos dispostos a defender, à sua maneira, o desacautelado povo, do superpoder
de grupos ou corporativismos ligados a agendas elaboradas à margem do cidadão
em geral.
© António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do
Tempo http://antonio-justo.eu/?p=5148
Sem comentários:
Enviar um comentário