quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

PRESIDENTE CHINÊS FAZ NEGÓCIO EM PORTUGAL – UMA FEITORIA EM SINES


As novas Relações europeias com a China são a grande Oportunidade para Portugal

António Justo
O presidente chinês, Xi Jinping assinou em Portugal 17 acordos e está muito interessado no porto de Sines que irá concorrer com portos europeus. Atendendo à nova importância económica da China no mundo, Portugal encontra-se, por natureza estratégica, numa posição de privilegiado entreposto comercial entre a Ásia e a Europa. Portugal torna-se parte da Nova Rota Marítima da Seda nas relações comerciais.

Em Sines atualmente podem atracar os maiores navios porta-contentores do mundo. Os planos de construção de um novo terminal de contentores para que são necessários mil milhões de euros contará com o interesse chinês no investimento. Assim, Sines pode tornar-se num verdadeiro porto europeu das rotas marítimas mundiais. Neste sentido já se encontra também a construção do Caminho de ferro Sines-Espanha que passará com o tempo a fazer parte integrante da rede ferroviária europeia com o Corredor Ferroviário Sines-Madrid-Paris-Berlim.

Outrora foram os portugueses os primeiros a estabelecerem uma rede mercantil marítima mundial, da qual toda a Europa usufruiu, com o contributo também da Espanha. Agora chegou a época de a China economicamente fazer o caminho inverso e parece ser chegada a hora de Portugal retribuir à China, uma melhor entrada pela via marítima na Europa. Portugal tem em relação à Europa a vantagem de ser um país de espírito aberto ao mundo.

Em breve a China tornar-se-á a maior potência do mundo (é já a segunda) e pode tornar-se numa grande oportunidade para Portugal e uma possibilidade para a nação da velha ínclita geração renovar a sua vocação marítima; para isso não pode continuar a ficar demasiadamente perdida pelos corredores de Bruxelas; a não ser para agora fazer uso da grande oportunidade de recuperar mercados e fazer valer os seus interesses que têm sido os interesses da Europa e do mundo. Esta pode ser a oportunidade para Portugal repensar políticas económicas a partir dele e apostar também em relações mais intensivas com a toda a lusofonia. Isto deve tornar-se parte do ideário nacional de forças complementares e não de rivalidades perdidas em lutas partidárias que só desgastam o Estado e deixam as oportunidades para outros. O Povo unido no trabalho e na missão dos velhos pais jamais será vencido!...

Por enquanto a balança comercial de Portugal com a China é negativa para Portugal. Só 1,2% das exportações portuguesas vão para a China, sendo a maior parte delas da Volkswagen Autoeuropa. Os investidores chineses já possuem 9% de participação nas empresas portuguesas cotadas na bolsa (energia, seguros e banca).  O chinês onde chega estabelece uma relação numa perspectiva de contornos de negócio. Portugal tem ainda muito que alcançar, mas só poderá ser grande se deixar aquele espírito jacobino ou fanático de ver o adversário como um mal.

Pelos vistos, Xi Jinping escolheu o 10° andar do Hotel Ritz para a sua estadia de dois dias em Portugal, mas pagou 2 milhões de euros para ocupar o Hotel, para ter lá apenas pessoal da sua comitiva; além disso trouxe da China 3 limusines blindadas para circular em Lisboa.

Em Portugal residem 21 mil chineses: um povo esperto e pragmático que não se perde com os azedumes do passado e em que Xi Jinping louva o passado português (o que certamente desconsola certos camaradas portugueses que ainda vivem demasiadamente da ideologia contra o passado e contra a tradição quando deviam aplicar o seu espírito crítico no sentido da produtividade e eficiência de tanta riqueza que continua enterrada no povo); de facto ouvir um comunista louvar a História de Portugal mete confusão a alguns! Não fosse a China uma civilização que sabe unir dois totalitarismos: o comunismo de origem europeia com o capitalismo liberal, também ele de origem europeia. China é um país a esfregar no nariz da Europa o cheirinho dos ingredientes que ele tem sabido conciliar, naturalmente a seu modo totalitário: a ferro e fogo.   

O medo do perigo da China não interessa, o que importa é não dormir e sabermos quem somos para podermos encará-los como são.  

O respeito por si mesmo implica respeito pelos outros que então responderão com respeito também; os chineses estão a tornar-se num povo moderno sem dar relevância ao ranço de passados negativos, procura dominar o presente e não tem mãos a medir.

Quem estiver interessado em saber do positivo e do negativo da China pode ler: “O Objectivo Hegemónico da China – O Imperialismo económico” (1) de Antoine Brunet e Jean-Paul Guichard .
“Quando a China acordar, o mundo tremerá” dizia Napoleão.  Para não haver medos, esta poderia ser uma oportunidade para a EU se reconciliar consigo mesma e procurar criar mais equilíbrio virando-se especialmente para a Rússia!

A China, para se tornar vencedora em toda a linha bastar-lhes-ia assumir pouco a pouco o humanismo cristão europeu! 
Um país que se deixe orientar só pela economia estará condenado à decadência. Os chineses deveriam aprender, a tempo, esta lição dos europeus!

© António da Cunha Duarte Justo

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