As novas
Relações europeias com a China são a grande Oportunidade para Portugal
António Justo
O presidente chinês, Xi Jinping assinou em
Portugal 17 acordos e está muito
interessado no porto de Sines que irá concorrer com portos europeus. Atendendo
à nova importância económica da China no mundo, Portugal encontra-se, por
natureza estratégica, numa posição de privilegiado entreposto comercial entre a
Ásia e a Europa. Portugal torna-se parte
da Nova Rota Marítima da Seda nas relações comerciais.
Em Sines atualmente podem atracar os maiores navios porta-contentores do
mundo. Os planos de construção de um novo terminal de
contentores para que são necessários mil milhões de euros contará com o
interesse chinês no investimento. Assim, Sines pode tornar-se num verdadeiro
porto europeu das rotas marítimas mundiais. Neste sentido já se encontra também
a construção do Caminho de ferro Sines-Espanha que passará com o tempo a fazer
parte integrante da rede ferroviária
europeia com o Corredor Ferroviário Sines-Madrid-Paris-Berlim.
Outrora foram os portugueses os primeiros a
estabelecerem uma rede mercantil marítima mundial, da qual toda a Europa
usufruiu, com o contributo também da Espanha. Agora chegou a época de a China economicamente fazer o caminho inverso
e parece ser chegada a hora de Portugal retribuir à China, uma melhor entrada pela
via marítima na Europa. Portugal tem em relação à Europa a vantagem de ser um
país de espírito aberto ao mundo.
Em breve a China tornar-se-á a maior potência do mundo (é já a segunda) e pode
tornar-se numa grande oportunidade para Portugal e uma possibilidade para a
nação da velha ínclita geração renovar a sua vocação marítima; para isso não
pode continuar a ficar demasiadamente perdida pelos corredores de Bruxelas; a não
ser para agora fazer uso da grande oportunidade de recuperar mercados e fazer
valer os seus interesses que têm sido os interesses da Europa e do mundo. Esta pode
ser a oportunidade para Portugal repensar políticas económicas a partir dele e
apostar também em relações mais intensivas com a toda a lusofonia. Isto deve tornar-se
parte do ideário nacional de forças complementares e não de rivalidades
perdidas em lutas partidárias que só desgastam o Estado e deixam as
oportunidades para outros. O Povo unido no trabalho e na missão dos velhos pais
jamais será vencido!...
Por enquanto a balança comercial de Portugal com a China é negativa para Portugal. Só 1,2% das
exportações portuguesas vão para a China, sendo a maior parte delas da Volkswagen
Autoeuropa. Os investidores
chineses já possuem 9% de participação nas empresas portuguesas cotadas na bolsa
(energia, seguros e banca). O chinês onde chega estabelece uma relação numa
perspectiva de contornos de negócio. Portugal tem ainda muito que alcançar, mas
só poderá ser grande se deixar aquele espírito jacobino ou fanático de ver o
adversário como um mal.
Pelos vistos, Xi Jinping escolheu o 10°
andar do Hotel Ritz para a sua estadia de dois dias em Portugal, mas pagou 2 milhões
de euros para ocupar o Hotel, para ter lá apenas pessoal da sua comitiva; além
disso trouxe da China 3 limusines blindadas para circular em Lisboa.
Em Portugal residem 21 mil chineses: um povo esperto e pragmático que não se
perde com os azedumes do passado e em que Xi Jinping louva o passado português
(o que certamente desconsola certos camaradas portugueses que ainda vivem demasiadamente
da ideologia contra o passado e contra a tradição quando deviam aplicar o seu
espírito crítico no sentido da produtividade e eficiência de tanta riqueza que
continua enterrada no povo); de facto ouvir um comunista louvar a História de
Portugal mete confusão a alguns! Não fosse a China uma civilização que sabe
unir dois totalitarismos: o comunismo de origem europeia com o capitalismo
liberal, também ele de origem europeia. China é um país a esfregar no nariz da
Europa o cheirinho dos ingredientes que ele tem sabido conciliar, naturalmente a
seu modo totalitário: a ferro e fogo.
O medo do perigo da China não
interessa, o que importa é não dormir e sabermos quem somos para podermos
encará-los como são.
O respeito por si mesmo implica respeito
pelos outros que então responderão com respeito também; os chineses estão a
tornar-se num povo moderno sem dar relevância ao ranço de passados negativos,
procura dominar o presente e não tem mãos a medir.
Quem estiver interessado em saber do positivo e do negativo da China pode
ler: “O Objectivo Hegemónico da China – O
Imperialismo económico” (1) de Antoine Brunet e Jean-Paul Guichard .
“Quando a China
acordar, o mundo tremerá” dizia Napoleão. Para não
haver medos, esta poderia ser uma oportunidade para a EU se reconciliar consigo
mesma e procurar criar mais equilíbrio virando-se especialmente para a Rússia!
A China, para se
tornar vencedora em toda a linha bastar-lhes-ia assumir pouco a pouco o
humanismo cristão europeu!
Um país que se deixe orientar só pela economia
estará condenado à decadência. Os chineses deveriam aprender, a tempo, esta
lição dos europeus!
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,
http://antonio-justo.eu/?p=5135
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