Mais uma Farsa encenada
no Palco da Confusão nacional e europeia
António Justo
Talvez por não haver no Parlamento britânico lugares suficientes para todos
os deputados se poderem sentar é que lhes falte o tempo para poderem reflectir.
Talvez por isso, é que na atual farsa os deputados Hardliner do Brexit se ficam
no lamento de ninharias que apenas fomentam o seu papel de rebeldes.
Na discussão e votação fazem lembrar muitos galos no mesmo galinheiro em
que cada qual procura levantar a sua garganta mais alto. Parece que nem querem
sair nem querem entrar, mas também não parecem dispostos a encarar a realidade
de uma UE que com eles se tornaria numa Europa das nações, mas também na
consciência que só juntos se poderão posicionar num mundo global!
A discussão em
torno do Brexit documenta o âmago da crise das democracias liberais na Europa e
apresenta-se como uma chamada de alerta contra a desmontagem da cultura
ocidental através de um multiculturalismo desenfreado implementado através de
uma de culturalização da Europa. Como reacção surge um nacionalismo superficial
encostado à economia e à tradição.
A EU
transformou-se num centro de obrigações que criou um público estupefacto por
ingenuidades e políticas criadas por elites, muitas vezes, irresponsáveis. Apesar
do optimismo insuflado para desviar os olhos da realidade, a população sente um
mal-estar difuso porque não se sente envolvida no negócio em via.
Os britânicos,
tal como grande parte dos conservadores europeus, querem ser bons vizinhos, mas
não querem que o vizinho se venha sentar à sua mesa sem ser convidado; vivem
segundo o princípio: amigos amigos, mas negócios à parte. A política de imigração
e a crise das dívidas da zona euro, o medo de mais muçulmanos e de terrorismo
são o pesadelo dos britânicos.
O Brexit vem dar
razão aos países que criticam o centralismo de Bruxelas e que defendem o
patriotismo europeu e nacional.
O dilema da
Europa em Bruxelas é criar mais problemas do que os que resolve; isto é, a
incapacidade de criar um compromisso entre os que querem uma Europa mais ela,
mais cultural e os que querem uma Europa mais comercial, mais na mão dos boys.
Pouco a pouco vai-se tendo a impressão que, numa sociedade de intrigas, tudo
anda a fazer batota, mas o trágico é que ninguém nota!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5327
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