Acabo de chegar de Portugal. Uma estadia,
na Quinta Outeiro da Luz, muito rica em contactos e em experiências humanas
confortantes. O brilho da gente e do clima contrasta com a negrura e a baixeza
de muitos programas da TV. Os responsáveis da TV parecem ter a intenção de
educar o povo para o mórbido e para o acaçapado, quando a sua missão não
deveria ser educar mas instruir!
É horripilante o nível das cadeias de TV. O povo continua a ser emburrecido com
histórias emocionais de roubos, assassínios, suicídios e quejandas; tudo
explorado até à exaustão duma lágrima que turva a inteligência. Notícias
que deveriam ter lugar apenas nos jornais locais são exploradas pela TV na
intenção de fomentar uma consciência ligada ao espírito coitadinho e a
instintos primitivos; uma informação apelativa da negatividade. O povo não nota
que está a ser encharcado com imagens e conversas baratas tendentes ao
alheamento, numa perspectiva de lavagem do cérebro.
O mais lamentável é que a classe académica
e gente bem pensante suportem a banalidade e não proteste contra. Um povo
abandonado a feras vestidas de cordeiro.
Quanto ao discurso político transmitido:
uma miséria: apenas discurso partidário para embalar o zé-povinho! É rara a
discussão política objectiva sobre temas e se tal a desoras; o que interessa
são os ardinas políticos da praça e todo um enredo em torno do dito e do não
dito: uma conversa fiada para desinformar. Cada partido apresenta-se como uma
rampa de salvação vendo a do adversário como a rampa para o inferno. Cada qual
com os seus dogmas e conversas intermináveis socorrendo-se da falta de
informação factual e de argumentação concreta. Conversa, só conversa! Porém, a
conversa nunca é certa se deixa espaço para reticências.
Temos de abandonar a ilusão de que alguém
nos virá salvar. Nós é que temos de nos salvar. O povo português é de memória
curta e muitas vezes infantil ao pensar que a alternativa, no tempo de
eleições, vem de um outro partido. A República começou empestada de ideologias
e oportunismos e continua fiel a esta tradição. A juventude abandona o país e
fica o hábito acomodado e autossatisfeito a continuar a má tradição.
Boa noite Portugal!
António
da Cunha Duarte Justo
1 comentário:
Bravo, António!
Estou plenamente de acordo contigo. Infelizmente continuamos na mediocridade, na politiquice, no faz-de-conta, no bota-abaixo, no jogo do empurra, num frenesim de tachos, num vazio moral e espiritual…
Até quando esta hipocrisia, esta fome de poder, esta impunidade descarada, este jogo de interesses, este descalabre moral, esta escalada da violência??? Continua a tua luta”! “ Água mole em pedra dura tanto dá até que fura”!
PeR
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