Agora parece virar-se o Feitiço contra o Feiticeiro!
Por António Justo
“O que ameaça a Europa não é um
demais mas sim um demasiado pouco” disse Francois Hollande! Procura com isto colocar-se
na vanguarda da Europa para com a Alemanha colocar a Zona Euro na carruagem
nobre da UE. Quer para isso uma Zona Euro com um governo, com um orçamento
próprio e um parlamento que o legitime. Este governo ditaria as normas dos estados
membros. Hollande e Merkel querem
marchar à frente com um núcleo de estados a que se poderiam juntar países
dispostos a integrar-se. A este grupo poderiam pertencer, também a Bélgica,
Países Baixos, Itália e Luxemburgo, assim como Portugal e Espanha, segundo
refere a imprensa alemã.
Já em 1994, Wolfgang
Schäuble tinha elaborado uma proposta juntamente com Karl Lamer para a Comissão
Parlamentar da Política Externa (HNA 22.07) em que propunham a criação de uma Europa
de duas velocidades. Está
prevista para o outono uma reunião em Bruxelas sobre o desenvolvimento da União
Económica e Monetária. Até lá, a Grécia já terá, certamente, iniciado o recuo
do Euro.
No Princípio a
Grécia impedia outros Países de entrar no Club CEE e agora queixa-se
No contencioso entre o grupo Euro e a Grécia afirma-se a consciência de que
o dinheiro é poder (se não o poder) e este determina (infelizmente) a realidade
embora muitos vivessem melhor com um outro credo em que interesses encobertos
não determinassem a realidade. Não é fácil a coordenação das leis fundamentais
da economia com as da política numa Europa em que a intenção subjacente é fazer
da “Europa um continente competitivo”.
Uma bagunça para a economia e para todos e em especial para a esquerda que
via na Grécia o espírito de luta a activar contra os governos; uma bagunça
porque a afirmação do status quo não oferece perspectivas de futuro nem para
uns nem para outros!
Cada Estado, cada ideologia procura servir-se sem pensar nos custos do
serviço. A Grécia já em 1985 sabia tirar proveito da sua situação usando do
direito a veto para bloquear a entrada de Portugal e Espanha na CEE. Em 1985 o
governo grego era contra o acordo que regularia a entrada de Portugal e Espanha
para a CEE. A entrada só foi possível em
1986 depois de a Grécia ter recebido como contrapartida da retirada do seu veto
“um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de
dólares “ da CEE (Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares).
Se Portugal deseja que o feitiço não se vire contra o feiticeiro a
sociedade portuguesa, tanto direita como esquerda, tem de se definir se alinha
no jogo da Zona Euro ou não, para consequentemente centrar o discurso na
solução de problemas e não numa perfilagem irresponsável que gasta a energia a
falar mal dos governos, à margem de quaisquer regras. Isto seria possível pelo
que se pode observar da Alemanha. Para se chegar lá pressupõe-se um discurso de
política baseada em dados e não em pessoas, doutro modo corre-se o risco de se
confundir política com politiquice.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
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