PM Passos Coelho nos seus melhores dias
Por António
Justo
Numa altura em que o eixo da Europa (França e Alemanha) parecia atolar-se,
Portugal foi bem-sucedido ao intervir na cimeira da zona euro com uma proposta
que deu oportunidade para a saída do lamaçal em que a Grécia e as instituições
da UE se encontram.
Segundo informações da imprensa e as declarações do PM Passos Coelho,
Portugal teve um grande papel no desbloqueamento das relações entre a Grécia e
os outros 18 países no que respeitava à criação de um fundo das privatizações
gregas (50.000 milhões de Euros) como fundo de garantia para os credores. Passos
Coelho adiantou que do valor dos 50 mil milhões de euros do Fundo das
Privatizações a criar, "25 mil milhões fossem usados para recapitalização
dos bancos” e os outros 25 mil milhões fossem empregues, “no abatimento da
dívida pública” e no “ financiamento do crescimento", o que corresponderia,
destes 50% do Fundo, 12,5 mil milhões para “baixar o rácio da dívida sobre o
PIB e os restantes 12,5 mil milhões para investimento”.
Quanto ao recurso ao fundo de ajuda de emergência (EFSM) para apoio da
Grécia não será fácil, também porque nele participam os 28 Estados membros da
UE não sendo possível consenso tão rápido dado a Inglaterra e países com nível
de vida inferior à Grécia não estarem para já de acordo.
A cimeira política de Bruxelas, mostrou boa vontade mas o busílis da
questão vem da economia e das condições exigidas à Grécia. A situação não
promete porque o governo grego não tem confiança no Euro grupo nem os países
europeus têm confiança na Grécia.
Bruxelas, depois de um parto longo e indesejado,
deu à luz uma esperança curta que se manterá mais ou menos estável até passarem
as eleições alemãs e francesas em 2017. Então seremos brindados com um novo baralhar de
cartas, novamente a ser apresentado pelos interesses financeiros que então
justificarão uma nova crise de que bem vivem.
Na realidade quem manda é a economia que se encontra sediada nas grandes
potências. Qualquer base de discussão tem de partir da realidade e do
compromisso por muito má ou injusta que seja ou pareça ser; nos países nórdicos
mais que política discute-se economia, mais que opiniões analisam-se as medidas
governamentais e os correspondentes custos e discutem-se factos, também eles
não isentos de interesses próprios. Nos países do sul é-se menos exacto mas
vive-se mais.
Com
etiquetas negativas chega-se a açaimar a opinião
A notícia
referida custou a passar na opinião pública portuguesa dado não servir o
sistema da lamentação sobre Portugal. Anteriormente, numa certa vertente da
opinião pública portuguesa, havia saraivadas de crítica ao governo pelo facto
de exigir, da parte da Grécia, capacidade de compromisso.
O que os governos portugueses fazem ou deixam de fazer, sejam eles
sociais-democratas ou socialistas, é sistematicamente comentado negativamente
pela parte da oposição. Uma focalização unilateral, negativista parece revelar
características de perturbação Bordaline. Muitas vezes, Portugal é reduzido ao
que se fala dele - a um Portugal dos outros. Isto talvez se deixe explicar por
uma tradição de extremo republicanismo de perspectiva partidária e sem pátria,
todo ele feito de clubes e adeptos em que o que conta é a cor da camisola. A má
consciência fomenta uma cultura da desconfiança e promove um espírito de
adepto/admirador que vive da negação do outro e se contenta com a afirmação da
própria opinião. Cada qual recolhe para si louros que muitas vezes não passam
do maldizer do outro.
A demagogia política é paciente e tem como demarcação fronteiriça a opinião
a favor e a opinião contra!
António da
Cunha Duarte Justo
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