Esquerda
Radical a viver bem de um Portugal pobre
Por António Justo
O projecto lei, de um PS, sem memória, prevê a entrada em vigor da redução
de horário dos funcionários de Estado para as 35 horas em Julho próximo mas a
sua efectivação em Outubro. O ministro da economia diz que não tem dinheiro mas
que a solução está no parlamento; para o sindicato CGTP “a falta de dinheiro
não é argumento”. Os braços alongados das partes radicais da esquerda
parlamentar a operar na rua, já marcaram uma Greve na Função Pública para 29 de
Janeiro.
A medida, que o governo toma com o retorno às 35 horas semanais para a
função pública, não vem ajudar o país em crise, porque para financiar tal
medida terá de recorrer ao empréstimo internacional, numa altura em que,
segundo o Económico, o adiamento de pagamento da dívida ao FMI e a redução
não tão atempada do défice orçamental custará mais 11 milhões de euros ao
Estado português.
A redução de horário, como privilégio dos
empregados do Estado, não é uma medida resultante do bom estado da economia portuguesa,
nem do bom senso, mas sim mais uma medida de implementação de ideologia num
Estado habituado ao parasitismo de quem age segundo a divisa: a servir sirvo-me
eu e o que vier depois que feche a porta. É uma medida de estratégia partidária comum a uma
esquerda dogmática habituada a não apostar no empreendimento nacional e a viver
no encosto da sua clientela ao estado para assim através da defesa de regalias
adquiridas ter sempre em eleições garantida a mobilização da esquerda. A
esquerda radical (PCP e Bloco de Esquerda) aproveita a ocasião, em colaboração
com a fracção esquerda do PS, para levar o país de novo à derrocada
enquanto a esquerda moderada PS e todo o espectro da direita olham
distraidamente para um governo a agir num país irreal, armado em pai natal,
fora de estação.
As ofertas de redução de trabalho e de diminuir os dias de trabalho não
seriam tanto de pôr em causa se tivessem partido de um acordo consensual Também
discutido na imprensa e baseado num conceito político-económico para um Portugal
real; conceito esse que poderia partir das vantagens para um Portugal dentro ou
fora da Europa e em que os governantes começassem a elaborar medidas aferidas à
situação e às necessidades reais do país. Portugal está inocentemente a
aguentar legislação aprovada pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, partidos que
são contra a estadia de Portugal na Zona Euro e na Nato e consequentemente
interessados em desestabilizar Portugal e a UE. É natural que a esquerda
radical esteja interessada num Portugal pobre e instável porque assim terá mais
povo em que recrutar os seus votos - votos não do Povo mas da insatisfação. O
que é mais de admirar não é o que a esquerda radical faz por sim mas verificar
como a parte PS moderada e os outros partidos conservadores se mostram
indiferentes ao destino de Portugal. Por outro lado compreende-se num sistema
partidário não virado para o bem do país mas para a própria gamela.
A esquerda radical confunde economia com ideologia, estando interessada em atribuir
sempre as culpas a um Patronato indefeso e de mãos atadas (pequenas e médias
empresas). Quer um Portugal chiclete que alargue a crise porque vive da
fatalidade orgânica da instabilidade. Lembram-se do entusiasmo da esquerda
radical aquando da crise grega? Até queriam que Portugal perdoasse a dívida à
Grécia, por razões de irmandade ideológica.
Os partidos, em vez de se juntarem numa acção concertada, numa política de
construção da sustentabilidade da economia portuguesa, preferem viver nos
ciclos do bota-acima e do bota- abaixo para fomentarem a entropia do país e
assim fortalecerem o papel distorcido na sociedade de salvadores do país.
Quer-se sempre um “tempo novo” que viva do amealhado no ”tempo velho” um
sistema rotativo que estabilize o mal fazer de um sistema partidário sempre o
mesmo porque velho. Estão-se marimbando para programas de fomento económico
para todos; contentam-se em mandar foguetes de vista para o ar, para,
consolados, verem o povo a correr atrás das cansas. Entramos no tempo novo da
esquerda radical um déjà-vu nos inícios da república: uma sociedade iludida por
uma mudança só acontecida ao nível de fogos de vistas mas não na realidade. O
povo, nestes 40 anos, habituado a andar atrás das canas já só espera por mais
foguetes restando-lhe sempre a ressaca depois da festa.
Pelo seu mandar voltaremos ao tempo da bancarrota e do resgate (2011). Como
se a nação pudesse viver do imprimir notas/crédito estrangeiro; não estão
interessados no investimento na competitividade da economia nem na
credibilidade da produção portuguesa pelo que nao investem nela. Esquecem que
os funcionários do Estado têm de ser pagos através da produção das empresas
portuguesas.
A maior preocupação da esquerda radical não é melhorar a situação do povo
mas sim ver como alcançar mais poder. Trata-se de se apoderarem do
legislativo par incrementar medidas que fortaleça ainda mais a presença de seus
filiados e votantes da Função Pública. Para o PCP e para o Bloco
de Esquerda quanto pior for a situação do país, mais oportunidades têm eles de
serem eleitos. Quanto mais uma economia for forte com um consequente bem-estar
comum, menos oportunidades tem uma esquerda que vive do descontentamento do
povo. Os pequenos e médios empresários, em situação precária, são os que
dão ocupação à maior parte da população mas não têm meios suficientes para
poderem defender a subsistência da empresa. A casta política, bem alimentada
encontra-se longe do povo e da realidade das empresas. Em vez de fortaleceras
pequenas e médias empresas, cria-lhe maiores encargos sujeitando-as também a
certas medidas arbitrárias de controlo mais tendentes a favorecer quem vive de
serviços e não da produção. Favorece naturalmente tendências parasitárias
da sua clientela colada ao estado e de suas PPs.
O governo que se encontra a actuar como o ladrão na noite vai continuar a
desfalcar a economia portuguesa independentemente da sua situação. Procura, sem
discussão pública suficiente e sem um plano de sustentabilidade económica
nacional, servir apenas a sua clientela radical esquerda. O povo de rabo
enfiado entre as pernas pouco mais conhece dos seus representantes do que
prepotência instalada.
O problema do governo não está em dar mas em dar o
que Portugal não tem, dar aquilo que Portugal tem de pedir e o pouco que
deveria ser reservado para tornar Portugal e as pequenas e médias empresas mais
competitivas.
António da Cunha Duarte Justo
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